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O que andam chamando de MPB
(a nova geração que "faz a cabeça" dos ouvintes)
Roberto Queiroz

- Texto baseado numa conversa que tive essa semana com um ouvinte de música de uma geração completamente diferente da minha -

Vão me xingar de tudo quanto é jeito e nome depois que lerem este meu último artigo, mas... Certas "verdades" (porque verdade no Brasil sempre precisa estar entre aspas) precisam ser ditas, doam a quem doer.

Nunca se ouviu tanta porcaria na chamada Música Popular Brasileira. Nunca se viu tanta gente sem noção, talento, voz, mise-en-scene, sex appeal fazendo tanto sucesso imerecidamente. Nunca antes na história da nossa música, que tem motivos para ser idolatrada até no exterior, perdemos tanto tempo ouvindo tanta coisa desnecessária (e digo desnecessária, porque a palavra que eu queria de fato dizer pode acabar inviabilizando ou deletando o meu texto na internet, que anda cheia de mimimi com certas coisas de uns tempos pra cá).

A MPB vai mal, minha gente, e eu sei que vão ter aqueles que dirão: "o mundo todo anda produzindo porcaria atualmente", mas se eu tratar da questão aqui envolvendo toda a esfera mundial, o artigo virará uma enciclopédia da má música e esse tema eu prefiro deixar para outros tempos...

Como já falei de Anitta não tem muito tempo num artigo acusatório e direto, prefiro não me repetir. Mas somente na seara em que a atual musa da chamada música brasileira vem sendo idolatrada há exemplares de suma "indelicadeza musical" (mais uma vez, aspas). Ludmila e Lexa são maneiras diferentes e etnias distintas de se tratar um mesmo declínio musical. Ambas são apelativas, sexuais em excesso (e não estou aqui posando de moralista e sendo contra o sexo; só acho que há lugar e hora para tudo), desbocadas, a meu ver mais do que o necessário e vendem uma sexualidade fajuta. E quando digo fajuta, refiro-me a não convincente, principalmente se tratando de um indivíduo que já viu, na sua adolescência, mulheres como Watusi e Sandra Bréa chamando a atenção com muito, muito menos. E nem vou entrar no mérito de comentar figuras como Mr. Catra (que faleceu recentemente) e Jojo Toddynho, porque aí eu desisto de vez deste texto.

Outro exemplo, este mais recente, é o tal de Baco exu do blues. Difícil ate mesmo explicar qual o seu papel no mundo da música. Ele quer ser rap, ele quer ser algo mais lento, ele quer pedir desculpas ao Jay-Z, ele quer ser MPB, afinal, o que ele quer de fato? Mas em sua defesa, digo aqui: é um caso recente dentro da MPB. Deixemos o tempo passar e o rapaz gravar mais álbuns, "cantar". Se persistir no erro ou no descompasso, eu regresso aqui com mais impressões sobre ele.

Outra que também chegou, chegando, de uma maneira praticamente meteórica, e nunca me convenceu (na época era uma menina, mas recentemente vi uma imagem dela e me pareceu que envelheceu muito rapidamente) foi o "fenômeno" - no Brasil, as pessoas viram fenômenos sem nem mesmo sabermos o porquê - Mallu Magalhães. Desde as roupas esquisitas ao corte de cabelo eu me peguei pensando: isso é pose ou atitude mesmo? Fiquei com a sensação de que não era nem um nem outro. Enfim... O máximo que conseguiu foi ser lembrada como namorada, noiva, esposa, ficante, já não sei mais, do Marcelo Camelo, um dos vocalistas da banda Los Hermanos.

Seguindo a linha rock (uma das minhas eternas preferidas) é muito triste saber que um cara da minha idade, que já ouviu Cazuza, Legião Urbana, Plebe Rude, Leoni, Nenhum de nós, Engenheiros do Havaí, RPM, entre tantas outras feras, hoje não vê o gênero no dial das estações de rádio. Na verdade, não fossem estações como a Kiss FM e a Rádio Cidade o rock nem tocaria mais no país, e mesmo assim o que toca é em maior parte internacional. Mas também...Depois de NXzero, Vanguart, Fresno e outras tentativas detestáveis de se fazer rock n' roll nos últimos anos, há uma parte de mim que até entende as rádios. Na boa mesmo. Até o Chorão, do Charlie Brown Jr, já foi pro andar de cima. De desgosto? Só o tempo dirá.

Tivemos o axé (que eu nunca apreciei, apesar de ouvir Luís Caldas no Cassino do Chacrinha e no Clube do Bolinha quando moleque), tivemos a lambada (e na casa das minhas tias tocava muito Beto Barbosa e Kaoma), tivemos o rock farofa (que eu separei do parágrafo anterior porque muita gente não gosta de associá-lo ao rock), tivemos o sensacional mangue beat, com Chico Science e o Nação zumbi ditando as regras do que se podia chamar de música no Recife e por isso ganharam o resto do país, tivemos a furacão 2000 (trazendo Stevie B, Double you e companhia ilimitada ao Brasil e pondo nas rádios Cidinho e Doca, Claudinho e Bochecha e... Vocês sabem o resto de cor!) e hoje temos... O sertanejo. Não. O sertanejo universitário. Não. O... Peraí. Ainda é universitário ou já mudou de novo de nome? Não importa. Os rótulos mudam o tempo todo. As letras das canções, no entanto, para quem é lúcido e reconhece o valor de uma boa letra, são puro ressentimento, briguinha de casal, discutir a relação e lavagem de roupa suja. Só para constar: recentemente vi no programa Eletrogordo do Canal Brasil - apresentado pelo João Gordo, vocalista do Ratos do porão - a Sula Miranda, musa dos caminhoneiros, falando mal dos artistas da atual geração country (brasileiro adora copiar termos estrangeiros). Te cuida, Luan Santana, Marília Mendonça, Naiara Azevedo, galera sertaneja em geral!

Sobrou alguém para debater (vai ter gente dizendo que eu "detonei", "pichei")? Eu sei... É porque a safra é realmente deficitária. E quando aparece alguém que parecia que ia emplacar, de repente essa pessoa some do mesmo jeito que surgiu, vira névoa (exemplos recentes: Maria Gadú, Tulipa Ruiz, Mariana Aydar, etc... Aliás, os homens andam perdendo espaço nos últimos anos, devo confessar). Por isso recorro muito ao youtube em busca de novidades válidas, porque já foi tempo que as rádios e lojas de discos determinavam quem ia e quem não ia chegar lá. Música em trilha de novela, de filme? Festival de rock em saquarema? Programas de tv na linha Globo de ouro? Isso não te pertence mais, meu filho! Vivemos tempos de EP, Crownfunding, trending topics no twitter e artistas se lançando diretamente em canais nas redes sociais, porque as gravadoras já não são mais as mesmas.

E isso afetou a música brasileira e, por conseguinte, o meu paladar musical. Muito. Assustadoramente.

Decido parar por aqui, pois sinto um clima de agressão ou xingamento no ar e além disso já falei o suficiente para ser massacrado por meus detratores. Mas, sorry!, não dá MESMO para chamar de MPB o que vem sendo feito e veiculado em certos segmentos. Parece-me, isso sim, uma grande corrida rumo à fama e nada mais.

P.S: e ainda tem gente cara-de-pau que difama Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gonzaguinha, Edu Lobo, Tom Jobim... Fala sério!!!


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
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