Fizeram das paixões sua matéria-prima
a caneta e o papel, seus companheiros
não há no mundo abstração maior que se imprima
em seus versos puros, os disfarces verdadeiros
Um passeio pelo parque, a paisagem pela janela
não são mais os mesmos depois do olhar sensível
daquele que faz da palavra sua rosa mais bela
sonhando o mundo, pelas linhas do impossível
Deslumbram o horizonte de sua infinita existência
com olhos de peixe triste ou de uma fatal esperança
confundem a fantasia com a voz real da eloquência
que grita a alma e a escrita em uma feroz aliança
Por que perpetuar a métrica, o verso alexandrino?
Se escrever é livre, é incendiar como quem sente
é brincar com a prosa pálida e a rima errante do destino,
sem o conformismo de quem desperta de repente
De frente para o lago, na sombra de um salgueiro choroso
choro os versos do fim do mundo nesta página rabiscada
que se deparou apenas com um eu-lírico formoso
vazio e pobre, que com o tempo, reduzir-se á ao nada.
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Biografia: Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. |