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Dias frios, conversas mornas.
Erick de Oliveira

Está muito frio aqui no interior, involuntariamente tentei aquecer as mãos esfregando as duas uma contra a outra antes de começar meu trabalho, uma tentativa falha contra os 5°C da nossa cidade. Provavelmente foi um movimento automático do meu corpo tentando se esquentar visto que eu estava sem luvas. Não estou usando elas, pois me incomodavam quando eu precisava grafitar algo, eu não conseguia segurar a latinha corretamente e ela ficava escorregando da minha mão.

— Não tem uma luva antiderrapante ainda Rodrigo? — Meu amigo Nicolas perguntou isso com toda a inocência nos seus 20 anos, ele sabia que eu mal tinha tempo para comer. Imagine o tempo que eu levaria para encontrar uma luva antiderrapante nesse fim de mundo?

— Eu não fui procurar ainda, mal tenho tempo para comer. Só se eu roubar uma das luvas do meu serviço, mas isso não é opção. — Esfreguei minhas mãos na perna tentando aquecer elas, peguei uma das latinhas na minha mochila e comecei a agitá-la. — Eu já fico feliz de o dono ter nos pagado para fazer essa arte na parede de sua loja. Só quero acabar com isso do modo mais cuidadoso possível. Assim teremos alguma recomendação.

Já estávamos na metade do desenho, eu estava fazendo o desenho de um personagem de jogo de um lado da loja e Nicolas estava fazendo de outro personagem do outro lado. Era um cybercafé bem grande da cidade, provavelmente era a única da região ali que ainda funcionava e juntava os jovens e crianças todos os dias para jogar nos computadores e videogames de lá. Acho que igual aqui só na Ásia e naquele pessoal viciado que não sai da frente do computador.

— Ei Rodrigo.... Lembra da Larissa? Eu pedi para sair com ela ontem. — Tomei um pequeno choque com a notícia pois ele já falava dela a meses e ficava de frescura em chamar ela ou não. Antes de olhar para ele dei uma checada no grafite que estávamos fazendo, queria ter certeza de não errarmos nada.

— Já estava demorando em, ficou de frescura e enrolação aí por meses. — Peguei outra cor de tinta na minha mochila, dei mais uma olhada para aquela parede branca com metade do desenho pronto. — Essa calça vai dar um pouco de trabalho. — Falei baixo para mim mesmo enquanto agitava a latinha.

— Era difícil arranjar uma oportunidade boa! E chamar ela para sair por mensagem é meio sei lá... falso? Não sei como você conseguiu namorar a Júlia por mensagem por um tempinho. — Ele falou aquele nome completamente despreocupado com o que eu pudesse pensar ou sentir, acho que é meio óbvio que depois de 3 anos eu iria me esquecer dela e viver minha vida né?

— Quando o coração manda você obedece. — O que eu quis dizer com isso? Sei lá, só saiu da minha boca do nada enquanto eu fazia as cores da calça. Acho que nem ele entendeu quando me olhou de um jeito estranho. Mas logo depois ele voltou a finalizar o personagem dele como se tivesse entendido o que eu quis dizer.

— É eu deveria ter feito isso com a Larissa, fiquei demorando para chamar ela. Se eu tivesse obedecido meu coração talvez eu estivesse em uma situação completamente diferente da de agora.

— Espero que ainda estivesse aqui comigo, porque desenhar os dois personagens sozinho seria trabalho para uma semana e nesse frio ainda? Prefiro dividir o dinheiro do que ficar com o serviço inteiro nessa situação. — Nicolas deu uma risada alta.

— Nós dois estudamos e praticamos do mesmo jeito o grafite e mesmo assim nossos traços não são parecidos, você teria uma parede só com seu nome e o pagamento inteiro só para você, tem certeza que não teria problema? — Dei de ombros com o que ele disse, eu certamente gosto de grafitar e é bom conseguir um serviço como o de hoje, mas ninguém merece ficar tomando ventos gelados na cara também, então eu tenho certeza que não me importaria.

Após um pouco de silêncio por nós dois, lembranças da minha faculdade começaram a brotar na minha mente.
— Eu lembrei agora, na faculdade tem uma garota bi que é meio doida, ela fica dando em cima de quase todo mundo da sala inclusive em um dos professores. Eu até agora não entendi qual é a dela, pois ela tem umas notas horríveis e não é nada boa em nada. Que ela está se metendo fazendo artes visuais?

— Talvez foi única graduação que as notas dela permitiram fazer, talvez ela estivesse atrás de alguém e esse alguém abandonou ela. São muitas possibilidades.

— Meu problema com ela, é essa insistência em algo que não se dá bem. Ela claramente não tem habilidade nenhuma com o curso ou com artes em geral. Só se for a arte da piranhice.

— Você está bem agressivo em, qual é a dessa raiva?

— Ah ela fica atrapalhando as aulas, se ela não quer ficar na sala que saia então invés de atrapalhar quem está lá. — Percebi que comecei a ficar irritado, dei uma respirada funda e peguei outra cor de tinta, agitei e comecei a fazer o detalhamento final.

— Pelo visto você já brigou com ela em. — Nicolas largou a latinha na mochila e ficou olhando para o desenho dele, parece que ele terminou o dele. Olhei para o relógio rapidamente e percebi que tinha se passado duas horas. Como o tempo passou assim do nada?

— Ah eu já gritei com ela duas vezes e me diz se adianta? Ela fala coisas como: “ Você não manda em mim e ainda quer cuidar da minha vida”.

— Que infantil. — Nicolas deu uma risada e foi observar o meu desenho.

— Pois é acho que ela não vai se tocar de que está atrapalhando todo mundo até o dia que os alunos lincharem ela. — Terminei o detalhamento e observei cautelosamente o desenho.

— Está bom muito bom, vou chamar o dono. — Ele entrou no cybercafé enquanto eu continuei observando o desenho na parede. Agora só faltava as nossas assinaturas pois estava mais que perfeito.


Biografia:
Erick de Oliveira, 23. Aspirante a autor, nerd, gosta de star wars, animes, mangás, Senjougahara, livros de ficção, Fate, séries entre outras coisas de nerd possíveis.
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