Creio que me deixei levar por sentimentos e pensamentos que despertaram em mim essa necessidade de você. Por momentos tentei comedir minhas ações, embora em um momento ou outro me permiti a demonstrar na tentativa de se ter a reciprocidade que necessitava para ir além.
Deixei, muitas vezes, o “você” se sobrepor ao “eu”. Não, isso não se caracteriza como um ato egoísta. Você o fez. É, foi sua escolha, vendar teus olhos e me estender a mão para caminharmos em uma noite sem destino.
Por incontáveis vezes, eu tentei suprimir o sentimento que crescia e se tornava forte em meu peito. Mas como eu poderia deixar morrer algo que eu apreciava? Esses meus sorrisos bobos ao te ver, continuam. Algumas pessoas perceberam; outras desconfiaram e me levantaram o questionamento: “Você e (…)?”, o qual neguei prontamente, de maneira atrapalhada e sem graça; e soube, mais tarde, de quem notou e permaneceu em silêncio, torcendo. Estava tão visível assim? Pra mim estava, sei disso.
Talvez eu não tenha conseguido lidar muito bem com essa situação. A escolha por manter-me em silêncio. A permanência diária ao teu lado. A preocupação em saber como estava. A necessidade de ver-te o mais breve que fosse. A espera por sua procura. O cuidado em saber dos últimos acontecimentos de sua vida. No que eu poderia vir a fazer para que teu fardo fosse menor, que seu sorriso estivesse presente pelo maior tempo possível, que estivesse feliz.
Sua felicidade sempre fora algo pela qual almejei, já que isso me bastava. Naquele momento, me bastava. Mas hoje talvez não. Não na mesma intensidade que antes. Não da mesma forma.
É incrível, mas a dúvida ainda persiste. Será que nunca percebeu? Porque não me deixou ir, se o sabia?
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