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Globalização e cultura
Marilza Alves Silva

Resumo:
Importância do patrimônio histórico e cultural brasileiro como um propulsor do desenvolvimento social e econômico diante a globalização.

INTRODUÇÃO

        Como Globalização entendemos o processo de integração econômica, social e política. Fenômeno gerado pela necessidade do capitalismo de conquistar novos mercados.
        Segundo ANDRADE (2017), a discussão sobre o surgimento da globalização vai longe. Desde quando foi concebida a forma esférica do planeta, passando pelos povos primitivos, Império Romano, período das Grandes Navegações, e se alargando, a partir da Revolução Industrial, o que auxiliou na conformação do capitalismo como sistema dominante de praticamente todo o Ocidente. Com a chegada da televisão e internet as barreiras se rompem, fronteiras se redesenham, patriotismos inflamam, xenofobias se reacendem, identidades se reafirmam, se contestam e novos padrões de identidades emergem. E seu reflexo ecoa na maneira de pensar e agir do indivíduo na sociedade, na vida e na cultura. No mundo globalizado há um fluxo permanente   de   pessoas,   informações, bens materiais e simbólicos. Esse fluxo opera   por   meio   do   comércio,   das migrações, da indústria cultural e das redes    informatizadas    de    troca    de informações   e   acaba   pluralizando   as práticas   culturais   e   gerando   novos ambientes   de   pertencimento.   
        Segundo as três “concepções de sujeitos” determinadas por HALL – iluminismo, sociológico e pós-moderno – as sociedades modernas caracterizam-se, fundamentalmente, por serem sociedades de mudanças constantes e rápidas. O modelo sociológico interativo, que é produto da primeira metade do século XX, começa a ser perturbado por mudanças estruturais e institucionais. A noção de um sujeito como tendo uma identidade unificada e estável é superada. O sujeito passa a assumir identidades diferentes em diferentes momentos.
      O fenômeno da globalização contribui para o deslocamento das identidades culturais desintegrando-as, homogeneizando-as e, conseqüentemente, enfraquecendo-as. “A medida em que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural” (HALL, 1999: 74, apud PATRIOTA). O confronto com uma verdadeira gama de identidades culturais é traço marcante da contemporaneidade. E é interessante até que ele ocorra, por certo há um enriquecimento, uma troca cultural.


PAC: PELA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO BRASILEIRO

        “Criado para assegurar a preservação do patrimônio cultural do Brasil, o PAC Cidades Históricas integra o Programa de Aceleração do Crescimento e é fruto da preocupação do governo federal com os sítios históricos urbanos protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Coube à octogenária instituição, uma das mais respeitadas do país e a primeira na América Latina dedicada à proteção de bens materiais e imateriais, a concepção do programa, que hoje está em pleno andamento, por meio da cooperação e de parcerias com estados, municípios, universidades e outros órgãos federais.
      O PAC Cidades Históricas vai além da recuperação de monumentos e tem na preservação do patrimônio um de seus principais eixos indutores para a geração de renda, o desenvolvimento e a inclusão social, a integração e a afirmação da identidade cultural brasileira. Ao todo, são 425 ações que vêm beneficiando sítios urbanos de relevância histórica e diversos bens que simbolizam a diversidade cultural do Brasil. O governo federal disponibilizou R$ 1,6 bilhão para as obras de restauração de edifícios e espaços públicos levadas a cabo pelo programa, que já está presente em 44 cidades de 20 estados do país. Trata-se do maior investimento em patrimônio cultural de nossa história.       
      Entre as regiões contempladas pelas ações do PAC Cidades Históricas, evidentemente, estão importantes municípios de Minas Gerais como Belo Horizonte, Congonhas, Diamantina, Mariana, Ouro Preto, Sabará, São João del Rei e Serro. Em Congonhas, por exemplo, a restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição será a 20ª obra concluída pelo programa. Além dela, estão em andamento na cidade a restauração da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, a requalificação da Alameda das Palmeiras e a construção do Parque Natural da Romaria.
     Não há nenhuma dúvida a respeito da importância do patrimônio histórico e cultural brasileiro como um propulsor do desenvolvimento social e econômico, pois estimula a economia e gera emprego e renda. Neste momento em que o país dá os primeiros sinais de que começa a se reerguer após enfrentar uma grave recessão, o PAC Cidades Históricas exerce um papel ainda mais relevante. Preservar e recuperar o nosso patrimônio é fortalecer a cultura e reafirmar a própria identidade nacional.” (Roberto Freire, Ministro da Cultura, abril,2017)
        O Estado brasileiro não pode ficar alheio à globalização cabe a ele, fomentar a cultura nacional, formulando políticas públicas que salvaguardem o desenvolvimento e facilitem o conhecimento das demais culturas.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

        As práticas de desenvolvimento local são uma das poucas vias, se não a única capaz de abordar o combate aos graves problemas da sociedade com integridade e representatividade, a partir da contribuição ativa dos cidadãos. As políticas adotadas pelos processos de globalização hegemônica muitas vezes divergem, com o próprio objetivo de manutenção do capitalismo, visto que a insustentabilidade econômica e ambiental provocadas pelo modelo são realidades incontestáveis.
       Questiona PATRIOTA, sobre a globalização: “Uma verdadeira crise de identidades e coloca-se à humanidade mais um desafio: como manter sua identidade, que não é una, que não é igual, aberta ao outro – assim exige o global – sem se arriscar a perdê-la ou destruí-la?”
      É um desafio e um reinventar constante e necessário. Belo exemplo como vimos acima. Brasil, criando políticas e incentivando ações de proteção.
           A ação cidadã pode se manifestar através de protestos, passeatas, cooperativas agrícolas, organização de grupos sociais, foruns de discussão de alternativas. E ainda, associações sindicais, redes de solidariedades, ONGs, grupos que defendem os direitos humanos, meio ambiente, orçamentos participativos, entre outros. Ações que reside na capacidade de propor alternativas, que vão de encontro a globalização hegemônica.   
        Para SANTOS, é irônico, “mas a nação dita ativa é aquela que obedece cegamente ao desígnio globalitário, enquanto a nação dita passiva a cada momento, cria e recria, em condições adversas, o novo jeito de produzir o espaço social, mostrando que a atual forma de globalização não é irreversível e a utopia é pertinente. Não é esta a globalização desejada, e sim, outra, a de todos”.
        A globalização assim como qualquer outro fenômeno, tem vantagens e desvantagens e só o conhecimento e a informação nesse assunto pode nos levar a aproveitar as vantagens e tentar descartar o que for ruim. Fica clara a necessidade de investimentos que possibilitem a disseminação da informação, comunicação e da cultura para minimizar os efeitos nocivos que ela nos impõe, declara GIOIELLI.
        Minha posição hoje, crítica, talvez sonhadora, mas não seria o momento de promover o pensamento e a atitude transgressora no sentido estético, do publicitário Olivieiro Toscani? Realmente fazia as pessoas olharem para os problemas que a sociedade estava vivendo. Ele causou polêmica com as próprias campanhas, foi transgressor, mas queria construir um novo conceito de publicidade. Almejava que essa publicidade pudesse ajudar a sociedade a questionar os problemas do meio. “Hoje, se as ideias do fotógrafo Oliveiro Toscani vigorassem, seria possível imaginar um mundo melhor e mais humano.”


REFERÊNCIAS

ANDRADE, Léia. Teorias da cultura: globalização e cultura. Pós-graduação em Gestão Cultural, Senac EAD: São Paulo, 2017.

GIOIELLI, Rafael Pompéia. Pistas para entender a identidade cultural no contexto da globalização. Novos Olhares, São Paulo, p. 12-22, dec. 2004. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/novosolhares/article/view/51401/55468>. Acesso em: 26 mar. 2017.

OLIVIERO Toscani. Disponível em: <http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/9/entrevistados/>    
Acesso em: 04 de abr. 2017.

PATRIOTA, Lúcia Maria. Cultura, identidade cultural e globalização. Disponível em:        < http://www.cchla.ufpb.br/caos/numero4/04patriota.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2016.

ROBERTO Freire: pela preservação do patrimônio histórico brasileiro. Disponível em: <http://www.pps.org.br/2017/04/01/roberto-freire-pela-preservacao-do-patrimonio-historico-brasileiro>. Acesso em: 04 de abr. 2017.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 22 ed. Rio de Janeiro: Record, 2012.


Biografia:
Bibliotecária, Gestora Cultural. Acredito que a cultura pode transformar vidas.
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