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CLÁUDIA ACTE
Cláudia Acte
Henrique Pompilio de Araujo

Resumo:
Cláudia Acte foi uma menina que foi criada junto ao imperador Nero. Eles pegaram um grande amor um ao outro. Nero acaba se juntando a ela, embora sem um casamento formal. Teve vários casamentos, mas nunca deixou Acte de lado.

05. CLÁUDIA ACTE
Quase ninguém sabe nada sobre Acte. No palácio ninguém sabia nada sobre ela. Nunca procuraram saber de sua origem. Acte veio da Grécia muito pequena, aos 2 anos de idade e foi dada a Domicia, minha tia. Esta tinha uma finalidade, como ela também estava me criando, a menina viria para ser uma companhia permanente para mim. Estranho, não sabiam eles que um menino com uma menina sempre juntos, iriam trazer problemas mais tarde? Segundo eles, trouxeram uma menina para que eu não sofresse a perda do pai e praticamente a da mãe, como se eu estivesse sentindo a grande perda do meu pai. Acte cresceu a meu lado e pegou um grande amor por mim a ponto de estar comigo por todos os lugares para onde ia. Eu também acabei tendo por Acte um grande amor. Crescemos juntos como se fôssemos verdadeiros irmãos e mais tarde fomos muito mais que irmãos.
De estatura média, corpo esguio, rosto ovalado e cabelos compridos. Procurava andar sempre bem vestida ainda que de modo simples. Parecia ser uma bela dama da sociedade, mas era apenas uma criada. Vivia sempre alegre, sorridente e muito animada. Interessava-se por tudo e por todos, principalmente crianças. Naquele tempo havia poucas crianças em nosso povoado.
Ninguém sabe a data de nascimento de Acte. Eu tentei me casar com Acte de todas as formas, aliás oficializar o casamento, já que sempre viviamos juntos. Minha mãe não queria este casamento de forma alguma. Nunca disse por que ela não queria esse casamento e eu só fui saber disso quando estava no palácio de Cláudio. Minha mãe só me contava as coisas quando estavam próximas de serem realizadas. Assim eu não teria muito tempo para pensar e refletir e talvez tomar uma decisão contrária a dela.
Mais tarde soube que ela tinha em mente casar-me com Otávia e assim assumir o império romano. Nada disto passava pela minha cabeça antes. O império seria o dote para o casamento.
Eu tentei muitas e muitas vezes me casar com Acte, mas fui impedido pelas leis do império e também por minha mãe Agripina. Ela não queria este casamento de forma alguma, não lhe traria nenhuma vantagem. Se eu me casasse com Acte perderia o trono do império romano. Então eu fui obrigado a me casar com Otávia. Eu tinha apenas 16 anos e Otávia 12. Era uma menina já formada, mas apenas uma menina. Otávia não era feia, era muito bonita, mas muito reservada. Qualquer homem casaria com ela de boa vontade, mas eu estava ligado à Acte e tinha um sentimento profundo por ela. Eu era sincero em meus atos, não tinha ambição, não queria trono algum, aliás eu nem sabia o que era aquilo, mas minha mãe tinhas intenções maiores e quase sempre dizia isto muito tarde.
Foi assim que me vi casando com Otávia. Eu tinha agora 17 anos, Acte 16 e Otávia 13. Eu libertei Acte e fiquei ligado a ela. Para os atos sociais minha esposa era Otávia, mas para outros fins estava sempre com Acte. Tive poucas relações sexuais com Otávia, só mesmo para dizer que éramos casados. Foi por este motivo que ela nunca me deu um filho. Também com Acte tive poucos relacionamentos sexuais. Eu era muito jovem ainda e não tinha aquele fogo e isto só veio um pouco mais tarde. Acho que foi por isto que não cheguei a ter filhos com nenhuma das duas.
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     Quando Domicia trouxe Acte, ela tinha intenção de que a menina fosse me servir no futuro como uma escrava ou criada, mas o apego de nós dois foi muito grande e nunca vi Acte com os argumentos que deram a ela. Minha mãe Agripina não sabia que nós tínhamos alguma ligação amorosa e quando soube virou uma fera e tentou de todas as formas impedir este relacionamento, mas era muito tarde e eu não permiti nenhuma mudança.
     Quando fui levado à Roma por minha mãe Agripina, tive que levar também Acte que não desligava de mim sob hipótese alguma. Até então ela seria levada para servir de criada a mim, mas o destino de nós dois já estava selado, pois nós já viviamos praticamente maritalmente, mas minha mãe Agripina não sabia disso. Achava que nós dois nos comportávamos como irmãos. Este segredo era mantido por nós dois e só foi descoberto mais tarde quando fui obrigado a me casar com Otávia. O casamento com Otávia não deu certo. Não adianta viver com uma pessoa pensando em outra. Eu não me sentia bem junto a Otávia. Estava acostumado a viver com Acte.
     Quando estava com Acte, eu esquecia de tudo. Ficávamos horas e horas conversando, trocando idéias, fazendo carinho um no outro.
     Eu me tornei imperador, casei-me com Otávia, mas não deixei Acte. Vivíamos no palácio, embora separados. Eu não podia me apresentar com Acte em lugar público algum a não ser como uma criada, mas ela não se importava com isto, aliás ela não gostava das badaladas da sociedade.
     Assim vivi com Acte desde criança até a minha morte. Ela presenciou todo o drama que envolveu a minha morte, fez questão de ficar com o meu corpo e me dar um enterro digno, ao passo que a maioria dos meus auxiliares e ajudantes se afastaram e alguns me traíram.
A minha relação com Acte foi mantida em sigilo absoluto, pois Sêneca e minha mãe temiam que com a descoberta deste romance, eu poderia ser destituído do império. O casamento com Otávia também não poderia ser destituído, segundo minha mãe que não queria nenhum relacionamento meu com Acte. Para manter este sigilo, Sêneca pediu a Sereno, seu protegido, que fingisse ser amante de Acte para não levantar suspeita. Ele cumpriu bem o seu papel, mas nunca chegou a ter nada com Acte que não o aceitava. Assim Sereno vivia atrás de Acte, fingindo ser seu amante, mas recebeu um belo fora dela, mas ele tinha que se manter no posto, afinal estava sendo bem pago por Sêneca.
Minha mãe não tinha muito escrúpulo e para livrar Acte de mim, começou a criar alguns estratagemas. Assim eu e ela de vez em quando nos sentávamos juntos e ficávamos tomando bebidas alcoólicas. Na verdade, ela fingia que bebia e queria me ver bêbado. Assim quando eu estava bêbado ela mudava de figura e fingia ser uma mulher diferente, conquistadora e às vezes a gente se beijava. Eu quase não me controlava, mas Sêneca percebeu isto e chamou Acte e disse para que ela ficasse em cima de mim sempre que estivesse só e não me deixasse junto a minha mãe Agripina. Um incesto naquele tempo seria a destituição do império. O que minha mãe queria era me afastar de Acte, mas com este gesto só fez Acte se unir ainda mais em mim. Agora Sêneca exigia
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que Acte nunca me deixasse sozinho, muito menos com minha mãe. Eu recebi muitos conselhos de Acte para não cometer este incesto e eu dizia a ela que nunca houve nada mesmo. Quase que minha mãe, com sua ganância do império, pôs tudo a perder. Sem saber quase ela me condenou pela sociedade romana.
Eu me uni ainda mais a Acte. Eu queria me casar com ela e para isto inventei uma genealogia para ela, dizendo que era descendente do rei Átalo de Pérgamo. Subornei alguns cônsules para jurar seu direito de primogenitura real. Este movimento perturbou Agripina que sabia da verdade.
E Acte influenciou no império romano? Não resta a menor dúvida, tanto para o bem quanto para o mal. Foi por causa do não casamento com Acte que eu me transformei naquela fera. Uma mulher apaixonada comete besteira, mas um homem apaixonado também comete. Cometi verdadeiras loucuras por não poder satisfazer meu desejo de casamento junto a Acte. Acho que se ele tivesse me casado com ela, não teria feito o que fiz.
As influências positivas é que Acte tinha bom juízo, tanto é que não permitia meus conluios sexuais com outras mulheres. Era uma boa conselheira. Por outro, lado Acte não admitia barbaridades e o maltrato de quem quer que seja. Muitas vezes tratava feridas das pessoas espancadas por mim ou por meus aliados. Além de tratar das feridas, dava comida a alguns prisioneiros que eu mantinha no porão. Só fui saber disto bem mais tarde. Houve muitos atritos entre nós dois por causa da morte de Britânico a ponto de Acte sugerir para que eu abandonasse a coroa e sumíssemos juntos. Algumas vezes até me deixava e fugia para Antium.
Quando Otávia não existia mais eu precisava me casar de novo. Era uma exigência do império romano. Todos os imperadores teriam que se casar. Novamente me propus o casamento com Acte e novamente fui rechaçado pelos maiorais da época, principalmente os que estavam perto de mim. Então eu comecei um romance com Popéia a quem achava uma mulher muito bonita. Propus casamento a ela que aceitou na hora, mas eu teria que dar um jeito em Otto, seu marido. Eu gostava muito de Otto que era meu grande amigo, então dei um lugar a ele para comandar a Luzitânia, mas para isto ele teria que deixar Popéia. Ele aceitou e foi e então eu me casei com Popéia. Embora estivesse um pouco apaixonado, já não estava satisfeito com a vida e por isto resolvi continuar com os saraus noturnos e trouxe sérios problemas para Popéia. Vi também que Popéia se interessava estar sempre no meio da alta sociedade e se aparecer ao público. Isto foi me deixando cada vez mais afastado dela.
Eu deixei Acte muito rica. Dei-lhes belos vestidos, jóias e sítios em vários lugares, embora ela nunca pedisse nada. Com os seguidores da Casa do Caminho, Acte seguiu alguns deles. Ela chegou a falar destes seguidores a mim, mas aquilo não me importava. Achava que era um bando de loucos. Era uma pessoa muito caridosa e vivia ajudando uns e outros. Neste ponto eu não interferia, embora não achasse correto o que ela fazia.
Ela ficou comigo até a minha morte, e cuidou do meu corpo nos meus momentos
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finais, dando a mim um enterro digno, custeando por conta própria todos os paramentos fúnebres.
Alguns historiadores acham que Acte era uma convertida a nova seita que estava ocorrendo em algumas partes de Roma. Eu nunca vi nada diferente nela, apenas não entendia algumas sumidas de Acte. Eu procurava por todos os lugares e não a encontrava e ninguém dava notícia. Depois ela reaparecia, mas não dizia por onde tinha andando. Se pertencia à nova seita, ela sabia levar isto bem escondido de mim, pois eu não queria saber daquela seita. Já tínhamos nossas religiões, embora eu não seguisse nenhuma delas.
     Depois que faleci, Acte viveu muitos anos ainda após a minha morte, e assim que faleceu foi enterrada ao meu lado como ela queria. O amor de Acte por mim era verdadeiro e o povo da época quis perpetuar este amor para além da morte.
Durante 20 anos o meu túmulo continuava recebendo flores e visitas do povo pobre a quem ajudei. Uma das visitantes frequentes era Acte que sobreviveu por estes 20 anos daí perdendo-se completamente as notícias sobre ela.


Biografia:
Henrique Pompilio de Araújo, nascido em Campo Mourão PR e radicado em Cuiabá MT. Começou a escrever desde cedo. Professor aposentado, bacharel em Direito e Teologia. Trabalhou em diversas escolas em Cuiabá e alguns jornais do Estado. Publicou sua primeira obra em 1977: Secos & Molhados - Poemas. Ultimamente publicou outros livros: "Flores do Além" Poemas, "Contos da Espiritualidade" - Contos, "Nas curvas da vida" Memórias, "Cinquenta contos" Contos. Há muitas obras ainda esperando edição.
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