Solidão. Aquela sensação de vazio, aquele chamar de atenção constante da nossa alma, a procura do preenchimento humano. Mãe da angústia, do desespero e da ansiedade, acarreta, portanto, imensas consequências existênciais do ser humano. Mas afinal, o que é a solidão e qual a sua ligação com a vida? Nascemos sós, vivemos sós (como seres independentes) e morremos sós. Tudo isto desencadeia-se num universo essencialmente vazio e isolado. Tudo o que nos rodeia faz de nós seres únicos, promove a individualidade, e isso, é uma consequência da solidão. A nossa racionalidade parte da solidão e promove a solidão. O nosso pensamento é apenas nosso. Os nossos gostos são apenas nossos. Que nunca, sob qualquer circunstância, se confunda solidão com estar desacompanhado. Então, sendo algo tão natural e intrínseco à nossa existência, porque é que causa tanto desaire e insatisfação?
A solidão não é algo do qual se deve fugir ou procurar. A solidão é algo com que temos que aprender a viver. Conhecermo-nos, procurar apenas a nossa companhia, faz tudo parte de uma solidão saudável. Porém, não é fácil. Desde já, deve-se salientar que a solidão em demasia leva ao isolamento e o isolamento promove a perda de caráter e a depressão. É importante sermos felizes sozinhos, no entanto, sempre com uma parcela da nossa comunidade. É importante vivermos para além dos outros, mas nunca sem eles. Com isto não digo que se deva promover o convívio apenas por conviver, a conversa apenas para passar o tempo. Não se deve promover a fuga quer da solidão, quer dos que nos rodeiam e com quem convivemos. O importante, é abraçarmos o que somos com um braço, e quem temos com o outro, ficar feliz sozinhos sabendo que também o somos acompanhados. Promover a reciprocidade, quer com a nossa procura da felicidade, quer com a procura dos que nos rodeiam. O importante, é saber como viver a nossa vida de forma satisfatória, sem nunca nos sentirmos de fora da criação de processos inter-humanos, sem nunca realmente sentirmos a solidão como algo sem escapatória.
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