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A NOITE MAIS ESCURA DA ALMA
Ironi Jaeger

Resumo:
Um sonho, um pesadelo ou um delírio. Morte ou vida.

Deitada na margem oposta do lago, ela avista o castelo. Está tão perto, mas não sabe como atravessar esta última barreira.

A pedra sobre a qual está deitada machuca suas costas nuas. Seus cabelos em desalinho. Seu vestido antes preto agora está indecifrável. Seus pés doem, seu corpo dói. Sua pele arde por causa do sol e do vento.

Como transpor esta última barreira? Como atravessar o lago e voltar para o castelo que um dia já foi seu?

Ela se coloca em pé, a distância vista desta posição não parece ser tão grande assim consegue até enxergar nitidamente a outra margem do lago.
O vento sopra seus cabelos que parecem flutuar por sobre o lago.
Olha para a névoa que começa a surgir e se imagina atravessando passo a passo caminhando sobre a água.

Se imagina construindo uma ponte para atravessar, avista um navio e lhe entregam flores que estão murchas, mortas em suas mãos.
Abre os olhos lacrimejantes: Se ali houvesse um navio ela atravessaria o lago e chegaria ao castelo ou se houvessem pedras para ela pisar.


Ainda em pé na beira do lago observa pássaros pretos que levam dela as últimas gotas de esperança. Abre os braços e tenta voar por sobre as águas e chegar até o outro lado.

Aos poucos tudo vai sumindo engolido pela densa névoa da tristeza. Ela vê o castelo desaparecendo transformando-se numa miragem assombrosa.

Seu cabelo solto ao vento enrosca-se nos galhos de uma árvore seca e sem vida.
Se eu pudesse voar por sobre o lago, chegaria no outro lado e encontraria o meu amor, mas estou presa. Presa por não saber como ultrapassar esta última barreira.

Houve um tempo em que sonhou e dos sonhos tirou forças para seguir. Ultrapassava todas as barreiras lutava por amor se entregava com paixão.

Hoje aqui sozinha na noite mais escura da sua alma, as águas a separam do seu amor. Baixa a cabeça e chora, nota que suas lágrimas ao cair no lago criam ondas que revoltas ameaçam lhe derrubar.

Já houve um lindo jardim e a luz do sol. Já houve tanta luz, paz e alegria
e tempos bons, coloridos dias.
Hoje aqui perdida tendo a sua frente apenas o abismo escuro e frio. Até o navio e a ponte frutos da sua imaginação haviam sumido, estava só, em pé sobre a enorme pedra.

Observa a lua distante que pousa sobre o castelo e sobre a sua dor. Sente falta das conversas, do café com torradas e do chocolate quente.

Lembra de cada palavra dita, lembra ainda mais daquelas que doem. Uma escura nuvem pousa sobre o castelo ou seria sobre ela que a escuridão está pousada.

Na noite escura seus olhos se perdem para além do lago onde mora o seu amor. Como chegou até ali ela não sabe, só sabe que precisava partir e o fez.

De todas as palavras que consegue recordar as que mais doem, são as mentiras.
Das amarguras, dos sonhos desfeitos saíram as águas que criaram o lago que estava a sua frente e que ela agora não podia atravessar.

O calor dos abraços, na noite escura se perderam.
Nas paredes do castelo prenderam sua alma e seu coração ali ficou em cada pedra, mas não havia como retornar.
Uma flecha feita de tristeza seu peito atravessou, roubando sua vida e seus encantos.

Queria dançar como as aves sobre o lago, voar com o vento, atravessar a nado a fria e úmida névoa que lhe embaçava a visão.
Mas não havia mais tempo para nada. A luz foi se apagando a escuridão chegando devagar envolvendo, acariciando, levando-a ao delírio final.

O medo foi cessando, a luz estava no fundo do lago, lá esperava por ela seu amor.
Em seus últimos instantes tudo ela recordou aqueles lindos olhos ainda ali estavam, mas as mãos seguravam mãos que não eram as dela.

O corpo que abraçava não era o seu. Tudo foi se apagando… O castelo ficou distante. Os olhos dele sumiram, suas nãos não pegaram as suas… O castelo ficou distante… O castelo foi se aproximando… O castelo no fundo do lago refletido, lá encontraria com seu amor.

Acordou a tempo de ver que lá fora no jardim tudo estava igual, não havia sol, chovia uma chuva fina e triste até o verde da esperança estava triste… Sua alma estava triste. Ela estava só.

04/04/18-Ironi Jaeger


Biografia:
Escritora de contos,Romances, Crônicas e Poesias. Curso de Neurolinguística e estudante de Teologia. Gestora e Coordenadora do FLAL-Festival de Literatura e artes Literárias.
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