Um dos ramos da Geografia de grande popularidade, juntamente com a climatologia, é o ramo da Geomorfologia. Mesmo sendo um ramo muito conhecido, há poucos Geógrafos nele. Reconhecida pela sua importância ímpar, a Geomorfologia se notabilizou como um ramo de domínio de várias ciências e há os que se refiram a ela como uma disciplina do rol das ciências naturais e exatas. Geólogos, agrônomos e biólogos, além de outros, tem estudado esse ramo da Geografia, procurando entender melhor o meio ambiente. Isso porque na Pedologia e Edafologia se faz necessário compreender o relevo e os processos que ocorrem na sua dinâmica. Para os geólogos os processos externos também são estudados sob o ponto de vista particular destes, mas recorrem à Geomorfologia, há geólogos que são geomorfólogos. Para a Biologia interessa a disciplina integrada ao clima e aos solos e, por isso, se explica melhor os ecossistemas.
Mas o que é Geomorfologia? Ela pode ser conceituada como o ramo das Ciências Geográficas que estuda as formas da superfície terrestre ou o seu relevo. Tais formas são resultados da ação conjugada de fatores externos e internos da parte superficial da crosta. Os agentes externos estão ligados a fatores com o clima, ou a dinâmica da atmosfera, e ainda a outros que direta ou indiretamente dependem do clima, como os diversos tipos de intemperismo (químico, físico e biológico). Os agentes internos dependem da dinâmica da geosfera, formada pelo manto e litosfera, que influem no relevo sendo responsável por sua estrutura e construção de baixo para cima (através de fenômenos que conhecemos como a dinâmica de placas tectônicas, os terremotos, as tsunamis, etc.). Os agentes externos atuam de cima para baixo, o que leva a afirmar que o relevo é resultado de duas ações físicas em grande escala, uma interna e outra externa, trata-se então, de ações que ocorrem de forma gradativa ou catastrófica no espaço e no tempo. Dessa forma, é fácil perceber que o relevo é dinâmico, está sujeito às leis naturais, especialmente às leis da física e da química secundado por ações biológicas e humanas. Esta última tem sido a maior responsável pela aceleração de processos que vem degradando o planeta.
Nos estudos de Geomorfologia vêm sendo desenvolvidos dois enfoques, o da Geomorfologia Climática e o da Geomorfologia Estrutural. Outro enfoque recente que tem crescido desde os anos de 1990, é o da Geomorfologia Ambiental, que tem sido o sistemático emprego da ciência e de seu conjunto de conhecimentos nos estudos de natureza ambiental, ou mesmo nos estudos ambientais com enfoque geomorfológico.
Vale salientar que qualquer que seja o enfoque, a Geomorfologia tem sido empregada nos mais diversos tipos de estudos. Hoje dada a importância dos estudos ambientais e da necessidade de serem feitos os EIAs/RIMAs (Estudos e Relatórios de Impactos Ambientais), ela como disciplina da superfície da Terra se torna das mais importantes no planejamento ambiental. Na gestão do território seu arcabouço teórico-metodológico se torna referência para o planejamento das atividades humanas, ditas econômicas, e de uso e ocupação do solo.
No que diz respeito ao uso do solo, principalmente o urbano, uma abordagem metodológica e técnica tem sido utilizada considerando-se o conceito de risco geomorfológico. Os processos geomorfológicos são vistos a partir de um conceito que considera a estabilidade da superfície terrestre. O risco se refere à probabilidade de ocorrência de eventos naturais e sua intensidade em uma determinada área. As áreas que se apresentam maior possibilidade de processos naturais que podem afetar a população são os chamados morros ou encostas, ocupadas por grande parte da população brasileira nas grandes metrópoles como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador e outras. Estas apresentam clima, condições naturais e ocupação desordenada que aumentam a probabilidade de riscos geomorfológicos. Grande parte dessas cidades não foi ocupada de forma organizada e que atendesse a um zoneamento integrado em que se leve em conta as características naturais e possibilidades de uso da terra. Muito embora o poder público faça documentos como o plano diretor do município, a aplicação da lei fica mesmo no papel.
Os riscos geomorfológicos acontecem principalmente por dinâmicas de encostas relacionadas aos processos erosivos, principalmente devido a retirada da cobertura vegetal e por ocupação indevida dessas localidades. As chuvas e a força de gravidade impulsionam os processos erosivos, como deslizamentos, movimentos de massas, entre outros. O que ocorre nas encostas acaba por produzir problemas em outras áreas quando há o fluxo de águas correntes e sedimentos que inundam riachos e canais construídos para dar vazão ao fluxo de água. Isso gera entulhos de lixo e de sedimentos, como areia, argila e silte, provocando perdas e danos consideráveis aos cofres públicos e muitas vezes causando perdas de vidas humanas.
|