Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Os Bolsonarianos
(um modismo incômodo)
Roberto Queiroz

Este artigo não se destina a elogiar ou criticar os raivosos eleitores adeptos de certo candidato à Presidência da República para as eleições do ano que vem, que nos últimos tempos têm sido alardeado à condição de "mito" (coloco assim entre aspas, porque de mito o dito cujo nunca teve nada). Não, meus caros leitores! Não me interessa tal candidato, muito menos seus simpatizantes apaixonados. Esqueça-os!

Este artigo se destina, isto sim, e um tipo de comportamento que virou moda nos últimos anos (leia-se: da reeleição da presidente Dilma Houssef para cá) e que dado o que falar nas grandes capitais do país. E quando eu digo "dado o que falar", não digo isso no melhor sentido da palavra.

A que se destinam eles, os Bolsonarianos?

Vivemos num país que se orgulha de ser colônia dos outros há mais de cinco séculos (me perdoem os que acreditam nessa eterna demagogia de soberania nacional, grande pátria e blá blá blá, mas isso é um fato mais do que consagrado!). E não bastasse isso nunca teve de fato o menor compromisso com a própria ética, a própria educação, a própria língua e, claro, com o próprio futuro.

Preferimos rótulos como "a cidade gay", "o país da alegria", "o Cristo Redentor é a oitava maravilha do mundo", "se estressar pra quê!", entre outras hipocrisias costumeiras. Aqui, a expressão trabalhador muitas vezes se confude com um ranço cultural secular que nada mais é do que a velha e boa "vamos levar vantagem sobre o outro". O Brasileiro gosta mesmo de trabalho? Tenho minhas dúvidas. Sempre tive e nossa herança escravocrata sempre me ajudou a duvidar ainda mais dessa frase.

Some a isso uma elite cretina que nunca gostou de dividir nada com nínguem ou mesmo perder 1% do que fatura anualmente e ainda consegue convencer a cabeça de pobras desmiolados e imbecis que posam de classe média (porque dizer que é pobre, na visão deles, é indigno, cruel, covarde e mesquinho) e pronto: o caos está armado.

Resultado: um onda de ressentidos, amargurados, metidos a valentões, que pregam a justiça a qualquer preço e uma sociedade passional ao extremo que deseja andar armada para prevalecer a sua vontade. Bonito? Prefiro dizer contemporâneo.

Os Bolsonarianos invadiram todas as praias (a do Ultraje a Rigor, a minha, a sua, a de todo mundo). Peitam quem quer que sejam, xingam, rugem, ameaçam, tocam o rebu... Em suma: parecem corintianos da Gaviões da Fiel querendo ganhar qualquer campeonato no grito. Pois do contrário...

O rapaz da Síria que vendia as esfihas na zona sul, para sustentar a família, sentiu na pele a raiva intempestiva deles. A escritora Judith Butler, especialista em estudos de identidade de gênero, também. Alguns se defendem, dizem que não votarão no "distinto" candidato. Então por que replicam o mesmo comportamento dos seguidores dele? Enfim... A raiva, o ressentimento, o recalque, dão a tõnica de suas motivações cafajestes e injustificáveis.

Eles querem um mundo de iguais (pergunto-me se isso um dia será possível). Para eles, a lei da física de fato é: os iguais se atraem. O problema: contrarias as leis da física já mostrou sequelas amargas para a humanidade. Sequelas que duas Guerras Mundiais e uma bomba atômica, parece, não conseguiram corrigir a personalidade de uma civilização imatura.

De certo, somente a frase "eu não sei o que esperar do amanhã". E tem quem diga que, talvez, seja melhor assim. Sem criar expectativas. Os Bolsonarianos, no final das contas, não passam de um modismo incômodo. Aquele mesmo que, no passado, nos trouxe Amaral Neto e aquela sua política canastrona do "bandido bom é bandido morto" (da boca pra fora, é claro!). Aliás, deu no quê aquilo mesmo? Pois é...

Enquanto isso, os tempos sombrios e opacos permanecem. Pairando sobre nós.

(Nota: o fato de eu não querer nem a foto do dito político neste artigo é proposital. Repito: estou falando de um comportamento e não de um indivíduo).


Biografia:
Crítico cultural, morador da Leopoldina, amante do cinema, da literatura, do teatro e da música e sempre cheio de novas ideias.
Número de vezes que este texto foi lido: 52872


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Alceu Roberto Queiroz
Contos Rotina Roberto Queiroz
Cordel Falso cordel sem rimas para um Moisés do sertão Roberto Queiroz
Contos O festival mais sexy de todos os tempos Roberto Queiroz
Poesias Metrópole Roberto Queiroz
Poesias Bem que minha mãe disse! Roberto Queiroz
Contos O baile é amanhã!!! Roberto Queiroz
Contos Já conheceu algum fodido na vida? Então lê isso aqui... Roberto Queiroz
Poesias Discordantes até a medula, amantes até o fim Roberto Queiroz
Teatro Abuso de autoridade Roberto Queiroz

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 171 até 180 de um total de 188.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Feito de Tristeza - José Ernesto Kappel 53263 Visitas
Todo Desejo - José Ernesto Kappel 53263 Visitas
Linha Sem Visgo - José Ernesto Kappel 53261 Visitas
Mulher madura - Ivone Boechat 53260 Visitas
Arnaldo - J. Miguel 53260 Visitas
MEU BURRINHO RANCHEIRO: UM CONTO DE NATAL - Saulo Piva Romero 53259 Visitas
Poetize a vida - Caliel Alves dos Santos 53259 Visitas
O CHÁ DAS CINCO - Saulo Piva Romero 53257 Visitas
A Dor da Perda - José Ernesto Kappel 53257 Visitas
A SEMIOSE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE - ELVAIR GROSSI 53256 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última