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A MENTE OU A GRAÇA
Juarez Fragata

Depois de uma afirmativa sempre vem um questionamento. Este é um procedimento padrão, e Moisés tinha consciência plena disso. Quando o Senhor o incumbira de apresentar-se perante o povo de Israel como seu – representante, o mesmo logo tratara de inteirar-se do Seu nome, uma vez que tinha certeza absoluta que o povo de imediato lhe perguntaria o nome do Deus de seus antepassados que o havia enviado. A resposta do Senhor foi:
– Eu Sou o que Sou!
É isto que você dirá aos israelitas:
–Eu Sou me enviou a vocês (Êxodo 3/ 13-14)!
“Eu Sou” é um dos nomes de Deus. Não é eu era ou eu serei. É “Eu Sou” no presente.
Os acontecimentos que abrangem todo um povo, ou povos, com o decorrer do tempo acabam se tornando história. Os fatos que acontecem no universo pessoal de cada ser humano no transcorrer de suas vidas tornam-se verdades que acabam virando mentiras. Dentro do contexto individual de cada um de nós podemos afirmar que, o passado é uma verdade que se transformou em mentira. O futuro sem o que há ou ocorre na atualidade não existe. É um espaço vazio. Sem uma ação no tempo presente o porvindouro acaba se tornando uma página em branco. Já o presente tem contido em si a graça de Deus. A força consciente, inteligente, criadora e regeneradora, coordenando toda a cadeia alimentar animal, fazendo a terra germinar e girar em torno de si mesma, ocasionando o chamado movimento de rotação. O ser humano é um microcosmo, derivado do mesmo material utilizado pelo Criador para construir o grande cosmos. Dentro do mesmo existe a mesma graça ou força divina, no entanto, a mente humana tem a capacidade de tornar essa graça inativa.
Efésios 2/ 1-3: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andaste outrora, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne e dos pensamentos; e éramos por natureza, filhos da ira, como também os demais.
A carne assim como os pensamentos tem vontade própria, e esta vontade nunca está de acordo com a vontade de Deus. Pelo contrário, o apóstolo Paula afirma de modo categórico que satisfazer a vontade da carne e dos pensamentos, é andar de acordo com o diabo, descrito nos versículos acima como príncipe da potestade do ar.
A vontade da carne e dos pensamentos é uma adversária, e faz a espécie humana ter em si uma natureza originária da ira. Todos que dão vazão a esta vontade tornam-se filhos da desobediência, tendo atuando em si o espírito de Satanás. Por isso, quando o homem atende essa vontade automaticamente ele sai da graça de Deus.
2 Coríntios 1/ 12: Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e mais especialmente para convosco.
A suficiência do apóstolo Paulo não vinha do seu intelecto, mas sim da graça divina. Isso significa que a sua mente estava de contínuo focada no presente. Deus não é contra a sabedoria humana. O problema é quando a sabedoria humana vem em primeiro lugar. Quando isso ocorre à graça é sufocada, e torna-se inoperante. Um favor imerecido, uma dádiva divina posta de lado. É isso que acontece quando colocamos o intelecto antes da graça. A função do intelecto é servir a graça de Deus, e não funcionar como um mecanismo autônomo. Primeiro a graça, depois o intelecto, e não o contrário.
Efésios 4/ 17-18: Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus pensamentos, obscurecido de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração...
A mente tem a capacidade de viajar ao passado, e lá permanecer horas e mais horas, assim como ao futuro.
Na viagem ao pretérito o pensamento pode vaguear por uma série de acontecimentos decorridos que, marcaram a infância, a adolescência, a juventude, e é claro o passado recente. A excursão é mesclada por episódios bons e maus. Um roteiro no qual o ser humano está bem familiarizado, uma vez que, querendo ou não, a caminhada é marcada pelo dualismo manifesto por meio destes eventos.
É claro que este conjunto de acontecimentos não ocorre obrigatoriamente, nesta sequência. Em determinados períodos os episódios bons ocorrem primeiro, em outros os maus se antecipam aos bons. Parece até haver uma competição entre eles. Talvez seja uma pequena demonstração do que seja a luta do bem e o mal. Deus e o diabo competindo durante o curso de nossas vidas.
Alegrias, tristezas, e mágoas. Basicamente é isso que reencontramos numa viagem mental ao passado.
Avivar as ocorrências que despertaram alegria em nosso íntimo constitui-se numa tarefa extremamente difícil, e quando conseguimos esse feito, o avivamento se apresenta como, deveras, ele é: uma realidade distante com possibilidade zero de manifestar-se no presente. Já as que nos causaram tristezas, e mágoas profundas, continuam vivas, e presentes, como se fossem tatuagens em nossa psique.
Mente no futuro. É incrível a capacidade que a nossa mente tem de criar viagens futuristas. Deixando-se, levar por esta capacidade, muita gente cria arquétipos mentais vinculados ao amanhã, e vivem tão focados no porvir que acabam não vivendo o hoje, isto é, o agora.
A capacidade mental é tanta para se criar um cenário vinculado ao amanhã ou a ficção que muitos acabam fazendo disso profissão. Romancistas, contistas, roteiristas e muitos compositores que o digam.
Nossa mente também tem a capacidade de criar uma linha de pensamentos que desperta em nós um desejo hipnótico de chamar atenção, e exaltar qualidades que, muitas vezes não temos. Narciso é um exemplo disso.
Devido à sua singularidade e moralismo o mito de “Narciso” é um dos mitos gregos mais conhecidos.
Narciso era um rapaz de singular beleza que ia dia após dia comtemplar sua combinação de qualidades que impressionavam agradavelmente a sua visão num lago.
Era tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado.
Outra versão diz que um belo dia Narciso, ao observar o reflexo de seu rosto nas águas de uma fonte, apaixonou-se pela sua própria imagem. E tanto a contemplou que consumiu a si mesmo. No lugar onde morreu nasceu então a flor conhecida pelo nome de Narciso.
Particularmente na psicanálise, o termo “narcisismo” designa algo doentio, uma condição mórbida do indivíduo que tem interesse excessivo pelo próprio corpo.
Lembro-lhes que isso tudo é decorrente dos pensamentos de um ser humano.
A LENDA DE NARCISO – OSCAR WILDE
Quando Narciso morreu, vieram as Oréiades – deusas do bosque – e viram o lago transformado, de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas.
– Porque você chora? – perguntaram as Oréiades.
–Choro por Narciso – disse o lago.
–Ah, não nos espanta que você chore por Narciso – continuaram elas. – Afinal de contas, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza!
–Mas Narciso era belo? – perguntou o lago.
–Quem mais do que você poderia saber disso? – responderam surpresas, as Oréiades. – Afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:
–Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo. Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, minha própria beleza refletida!
Na visão do grande escritor, poeta, e dramaturgo britânico de origem irlandesa, Oscar Wilde, até mesmo o próprio lago era vaidoso. Sua vaidade tornava-se manifesta quando Narciso debruçava-se sobre suas margens para contemplar sua formosura, permitindo que o próprio lago contemplasse a sua.
Antes de continuarmos abrirei um parêntese para dizer que Oscar Wilde escrevera um único romance em sua carreira: “O Retrato de Dorian Gray”.
Neste romance Wilde trata da arte, da vaidade, das manipulações humanas, e expõe quase que de modo direto a sua condição homossexual. Esta obra é considerada por muitos críticos como uma obra-prima da literatura inglesa.
Todo o verdadeiro poeta é inspirado por um espírito que faz com que o mesmo tenha uma noção de raciocínio fora do comum. Em “O Retrato de Dorian Gray” é possível perceber claramente a ação de um espírito agindo em Wilde dando-lhe um raciocínio extraordinário.
Se alguém ficara interessado em “O Retrato de Dorian Gray”, a minha recomendação é que entre em contato com esta obra no formato literária, e não cinematográfica, uma vez que, a versão cinematográfica ficou horrível.
Dito isto vamos seguir em frente. Nós conferimos que, entre outras coisas, a mente tem a capacidade de viajar ao passado, e lá permanecer horas e mais horas, assim como ao futuro, no entanto, a mesma é rebelde quanto ao presente. Por isso a grande maioria das pessoas vive alheia à vida de Deus, uma vez que ela se manifesta no presente.
Romanos 8/ 19: A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.
E quando ocorre essa revelação?
Quando o ser humano volta à mente para o presente, e não para o ontem ou para o amanhã. Somente é possível revelar-se a criação quando se está plugado nela. Mente no presente é sinônimo de conectividade com tudo que tem vida no universo.
Em Efésios 4/ 17-18, o apóstolo Paulo fala em vaidade dos pensamentos, obscuridade de entendimento. Fala de pessoas alheias à vida de Deus, em decorrência da ignorância em que vivem, e pala dureza de seus corações. Ou seja, o coração endurecido impede uma pessoa de focar sua mente somente no presente. Quando se consegue centralizá-la no presente é porque o coração não está mais endurecido. Com a mente centralizada no presente até mesmo uma simples formiguinha passa ter importância aos olhos humanos, uma vez que esse inseto da ordem dos himenópteros, também está plugado no todo. Em resumo, a vida passa ter outro sentido quando se está conectado nessa ramificação de vida somente perceptível à espécie humana quando se está focado nos eventos que ocorrem no agora.
Sei que mulheres têm horror a baratas, mas serei obrigado colocá-las em pauta. Estes insetos pertencem ao grupo cosmopolita, sendo que, menos de 1% são considerados como sinantrópicos.
Estes insetos correm numa velocidade espantosa, além disso, têm a capacidade de voar, porém, se caírem de barriga para cima, deste modo permanecem, visto que são incapazes de se aprumarem novamente. É nesta condição que uma espécie de pequenas formigas ataca-as, carcomendo-as, ainda vivas. Quando vejo situações deste tipo, eu logo imagino um ser humano nesta mesma condição, e não penso duas vezes: trato logo de desvirá-las, ou então matá-las. Nesses casos a minha ação tem como propósito acabar com o sofrimento das baratas. Isso ocorre porque não tenho mais o coração endurecido. Caso contrário, cena como esta jamais me tocariam.
Romanos 1/ 20: Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.
Quando o ser humano coloca a mente no presente, a inteligência de todas as coisas revela-se ao mesmo. Torna-se possível ver os preceitos de Deus, dotados de consciência e livre arbítrio, reger o cosmos com movimentos sincrônicos, e com beleza única. Pode-se ouvir a grande sinfonia universal, regida pelo grande Criador.
Outro ponto importante é a consciência de que se é parte desta sinfonia, assim como a menor das bactérias. Estamos todos conectados, formando uma grande rede de conexões vivas.
Todos que andam nos desejos da carne, e na vaidade dos pensamentos são como ilhas isoladas pelas viagens ao pretérito, ao porvir, e pela ficção rotineira, mesmo tendo no âmago o presente conectado ao todo. Contudo, a consciência desta realidade somente se torna manifesta quando a mente está centralizada no agora.
Romanos 8/ 28: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus...
Todas as coisas começam a cooperar com a espécie humana, assim como sempre existiram cooperações entre as demais coisas dotadas de vida. A reciprocidade impera nesta sinfonia viva.
Quando o apóstolo João diz “não ameis o mundo, nem o que no mundo há”, ele não está fazendo menção ao cosmos, mas sim ao sistema de coisas criado pelos desejos da carne e dos pensamentos (1João 2/ 15). E nos versículos (16 e 17), o mesmo diz por que não devemos amar este sistema de coisas.
“Porque tudo o que há no mundo a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não procedem do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente!”
Se você parar um pouquinho, e fizer uma breve reflexão, certamente perceberá que existe outro universo em vigência, completamente desconectado do cosmo. Este universo paralelo, sem vida, encoberto por uma neblina mental, onde opera a injustiça, foi criado pelos desejos da carne e dos pensamentos. Este sistema muda as regras a todo o instante, ou seja, as coisas passam com uma rapidez desenfreada. O que era importante ontem, hoje não tem mais valia, mas segundo o apóstolo João quem cumpre a vontade de Deus, descansa no Senhor, com a mente fixada no presente, e permanece para sempre.


Biografia:
Evangelista e músico! Livros publicados mediante demanda:Mecânica Quântica e a Bíblia, As Pedras Grandes e Benai Elohim e Nephilim
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