AS GARÇAS DO BANHADO
Toda tarde, beirando cinco e meia,
bandos de garças partem do banhado;
enquanto o sol do outono bruxuleia,
elas buscam abrigo em meio ao prado.
Seu ziguezague é lerdo após a ceia
Que durou desde o albor mal começado,
pois penoso é voar de pança cheia
das mil rãzinhas gordas do alagado!
No amanhecer é outro espetáculo
ver o leve adejar das avezinhas
descendo num brancor imaculado.
Tal ida e volta, lembra a minha vida:
de início ágil, como as andorinhas,
hoje os sapos me pesam na partida...
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