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Amor Imputrescível - Parte I
Capítulo I
P S Lounstack

Resumo:
Era um dia normal na vida do Médico Legista Andrei. Tudo ocorria como de costume. Os cadáveres chegavam, ele fazia a autópsia e os liberava para o diagnóstico final. Porém, nesse mesmo dia, entre idosos, mães e crianças, um cadáver inesperado surge em seu prontuário: Miranda Solaris, uma antiga, e forte, paixão da época de escola. O choque não conseguiu tomar lugar do amor que ainda estava no coração de Andrei. Um amor incorruptível, inconfundível; um amor que não se deteriora, que não se decompõe, incorrosível. Até aonde iria um homem disposto a manter esse amor vivo?

Londres – 6h22min

Miranda inicia sua caminhada. É um sábado nublado. Para muitos, um dia perfeito para ficar até mais tarde na cama. Não para Miranda. Levantar cedo, tomar um belo café preto e fazer sua corridinha matinal são as prioridades no dia a dia de Miranda Solaris. É fim dos anos oitenta, dia quatro de fevereiro, às Seis horas e 22 minutos da manhã. O que parecia ser algo rotineiro e normal tornou-se o começo de um dia terrível na vida de Miranda. Suas pernas ficam tremulas; seu rosto, claro como a neve, começa a roxear e ela começa a sufocar inesperadamente. Sua boca fica seca e seus lábios ressecados. Seu braço esquerdo começa a doer e ela cai ao chão sem nenhum suporte. Os que estavam à sua volta começam a assustar-se e correm para socorrê-la. Era tarde demais. Miranda sofreu uma parada do miocárdio. Seus batimentos, outrora fortes e cheios de vigor, agora já não são sentidos. Suas pulsações desaparecem, e para desespero de quem a socorre, ela está sem nenhum tipo de reação às tentativas de reanima-la.
- Ela não responde. Alguém, por favor, ligue para a emergência. Ela está morrendo. – Grita um dos pedestres que a socorreu.
Quinze minutos se passam e uma ambulância do Hospital central de Londres chega para prestar assistência. Nunca houve um sábado tão nublado como este. Como de costume, ela não levava documentos, nem bolsas para sua caminhada, fazendo com que não consiga ser identificada pelos atendentes do Hospital.       
Imediatamente levam-na para a sala de Urgência e Emergência para tentar reanima-la. Toda a equipe do Hospital se reúne na sala para prestar assistência. Enfermeiros, Cardiologistas, Neurologistas...
A última instância foi a utilização do desfibrilador. Primeira tentativa: nenhum resultado. Sua pulsação continuava imperceptível. Segunda tentativa: nenhum resultado. Sua respiração já não ocorria mais. Terceira tentativa: nenhum resultado. A equipe se entristece e começam a aceitar a morte dessa jovem. Os três principais médicos e sócios do Hospital pedem para a equipe se retirar da sala:
- Lastimável uma mulher tão linda, tão jovem, deixar a vida de uma maneira tão repentina. – Comenta a Dr.ª Martha.
- Bom, precisamos identifica-la para comunicar sua família do ocorrido. – Comunica o Dr. Benjamin.
- Essa é a pior parte de nosso trabalho. – Comenta a Dr.ª Marta, inclinando sua cabeça para baixo.
- Já podemos encerrar o drama. Ela já morreu, agora precisamos nos livrar de mais um problema. Ainda tenho uma cirurgia hoje e já estou tenso o suficiente! – Exclama o Dr. Lewis.
Os três assinam a liberação do corpo de Miranda para o morgue, onde será feita a autopsia e liberação do corpo.
Uma equipe retorna para retirar o corpo da sala e leva-lo até o morgue. Os três médicos vão até a recepção central para entregar o laudo e a petição da autópsia. O Dr. Lewis e o Dr. Benjamin vão para a sala da diretoria, enquanto a Dr.ª Martha, intrigada, continua no saguão central. Ao ver que os dois médicos se afastaram o suficiente, a Dr.ª Martha comenta com a recepcionista que achou a avaliação do Dr. Lewis muito superficial.
- Ainda não entendi essa morte. – Diz a Dr.ª Martha. – O Lewis foi tão seco. Ultimamente ele não tem mais a força do médico tão renomado que é. – Lamenta.
- E a Dr.ª acha que ele pode ter errado no laudo? – Questiona a Recepcionista.
- Não, Susie. Não. Não é isso. Simplesmente ele me pareceu despreocupado. Até mesmo... frio. Enfim... Leve esse laudo para o Andrei. E vamos aguardar o resultado. – Conclui a Dr.ª Martha.
- Ah! E não se esqueça de tentar localizar algum contato de um familiar da vítima. Só assim poderemos liberar o corpo. Obrigada, Susie. – Completa a Dr.ª.

A Dr.ª Martha se retira e vai para sua sala. Susie organiza a papelada e encaminha para o setor do Dr.ª Andrei, o Legista do hospital que fará a Autópsia de Miranda.
- Dr. Andrei, aqui está o laudo da paciente que chegou pela manhã. Já podem trazê-la? – questiona Susie.
- Pode liberar sim. – Responde Andrei. – Espere! Aqui nesses papeis não constam o nome da paciente. Aliás, não há nenhuma informação ou identificação dela. – Indaga o Legista.
- Correto, Dr. A paciente estava correndo hoje pela manhã e sofreu uma parada do miocárdio. Porém, não tinha nenhum documento ou algo que a identificasse. Tentaremos alguns métodos para identifica-la e comunicar seus familiares. O Dr. Lewis já autorizou a autópsia. – Responde Susie.
- Compreendo. Se for assim, podem libera-la para o morgue, já irei começar. – Conclui o Dr. Andrei.
O morgue é uma sala escura e gelada onde são colocados os cadáveres na fila de espera da autópsia, necropsia ou qualquer tipo de exame necessário para liberação do corpo. Antes, o Dr. Andrei precisava concluir um trabalho em um corpo, que também era recém-chegado ao Hospital.
Andrei era um jovem médico legista. De todos no hospital, pode-se considera-lo o mais louco. Para ele, cada autópsia, cada exame cadavérico era uma aventura, uma diversão. Mesmo sozinho naquela sala gelada com vários cadáveres, ele conseguia se alegrar, se distrair e esquecer um pouco da sua vida solitária. Apenas com dois anos de casado, separou-se de sua esposa, porque ela não o compreendia. Ele preferia passar horas conversando com os cadáveres a passar minutos em casa com sua esposa. Na realidade, Andrei ainda não havia esquecido uma paixão da escola. Ao ir para faculdade eles perderam contato, e Andrei ainda guardava aquele amor em seu coração. Até tentou entrar em outros relacionamentos, mas todos foram frustrados. Isso fez com que ele se envolvesse ainda mais com seu trabalho, se tornando um legista respeitado na área, tanto no Hospital Central, quanto na classe dos legistas. Embora muito simpático, carrega dentro de si a tristeza que a solidão lhe causa. Constantemente o pegam conversando com os cadáveres, e até mesmo “ouvindo-os”. Loucuras à parte, ele é o legista ideal para solucionar essa morte tão repentina de Miranda.
Os enfermeiros chegam com o corpo de Miranda em uma maca, coberto por um lençol e o colocam em cima de uma mesa de mármore, no canto. Andrei assina o prontuário de recebimento, libera os rapazes, e começa a preparar suas ferramentas de trabalho.
- Bom, a senhorita aguarde aí no cantinho que eu já irei te atender. – Diz Andrei.
Ele calça as luvas, coloca seu avental de trabalho e sua mascara de proteção. O primeiro corpo é de um idoso, por volta dos 70 anos, calvo, branco e com peso médio. Causa da morte: Queda e traumatismo craniano.
– Para uma pessoa com traumatismo craniano essas marcas de cianose me deixam um pouco intrigado. Você acha que isso seriam vestígios de agressão? – Pergunta Andrei ao cadáver – Pois é. Concordo. Devem ser só anomalias devido a sua idade. – Completa ele.
Após uma série de exames e diálogos com o falecido, Andrei faz a declaração final, constatando que a vítima sofria agressões por parte dos seus cuidadores e que a queda foi devido a falta de força nos joelhos. Ele fecha o prontuário e cobre novamente o corpo. Leva a documentação até a recepção para que o paciente seja liberado.




Biografia:
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