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O Monge e o Executivo - Breve Análise
Henrique Moura

1. INTRODUÇÃO

          “O Monge e o Executivo”, livro de James C. Hunter, tornou-se rapidamente um grande fenômeno de vendas. Sua estória contada de maneira simples e direta nos traz grandes ensinamentos sobre liderança que podem ser utilizadas tanto na vida profissional quanto na pessoal de seus leitores. Propõe uma mudança na maneira de ver e de ser líder.

2. BREVE EXPOSIÇÃO

          O enredo se desenvolve em torno de um executivo que acredita ter toda sua vida sob controle até se defrontar com uma realidade completamente diferente mostrada por sua esposa. Convencido por ela, o executivo parte para um encontro de uma semana em um mosteiro vivenciando hábitos bem diferentes do que estava acostumado. Participando deste encontro estão várias pessoas de diferentes profissões, idades e perfis, formando um grupo bem heterogêneo. O facilitador do encontro é um monge chamado Simeão, um renomado empresário, famoso por suas conquistas e administrações, que abandonou tudo para viver isolado neste mosteiro.

          Partindo da opnião dos próprios participantes, o Monge Simeão discorre sobre todas as carcterísticas que identificamos em grandes líderes da história do mundo, como Gandhi, Jesus, e da história pessoal de cada um, como pais e profesores, para definir um perfil de liderança diferente do tradicional. Um líder focado no amor ao próximo e tendente a auxiliar mais do que ser auxiliado.

          O monge mostra que é preciso praticar diariamente as habilidades da liderança servidora para que elas se tornem um hábito. O ser humano tem que estar disposto a assumir riscos para eliminar a distância entre o que ele é e o que ele deve ser para se tornar um líder realmente. O monge mostra também que os métodos antigos de comando e controle na base de grito e de ameaça são ineficientes quando se lida com uma força de trabalho diversificada, formado por gerações muito diferentes, que cresceram desconfiados de quem tem o poder.

          Ao final de seus encontros os participantes se rendem às experiências do monge, levando para suas vidas que para serem líderes eles precisam servir e mudar de dentro para fora.

          O autor nos transmite a idéia de que a base da liderança não é o poder e sim a autoridade, e que ser líder é doar-se acima de tudo. Segundo o livro autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer, por causa de sua influência pessoal (pág. 26). Que respeito, confiança, responsabilidade e cuidado são virtudes indispensáveis para um grande líder. Ele defende ainda que os líderes devam ter caráter, uma base espiritual muito forte e a consciência das atitudes que tomam quando lidera pessoas e que o amor é base para tudo em nossas vidas.

3. CONCLUSÕES

          As experiências apresentadas pelo livro são enriquecedoras, encorajadoras, motivadoras e é perceptível como o conceito apresentado pelo Monge pode transformar a vida do indivíduo fazendo mudanças realmente gratificantes. Por vezes o medo do fracasso nos faz ignorar nossas próprias necessidades assim como aconteceu com o executivo John Daily. Em muitos momentos nos negamos o direito de conquistarmos nosso espaço por puro medo. Mas este espaço é muito mais do que uma mesa com telefone e computador em um escritório .

          Creio que as necessidades de John Daily são as mesmas que tentamos suprir todos os dias. É essencial desenvolver algumas habilidades tais como a liderança servidora, a empatia, a comunicação eficaz, a autoridade sem autoritarismo e o amor. A forma que o autor aborda estas questões é extremamente interessante e proveitosa. Porém, realizando uma análise semântica, histórica, política e jurídica de alguns termos utilizados pelo autor, podemos chegar a conclusões ligeiramente diferentes das alcançadas por ele. Os termos “autoridade”, “poder”, “liderança” e “influência pessoal” caminham num caminho em seus conceitos que podem chegar a se cruzar. Desta forma se faz necessário uma análise mais contundente do assunto.

4. AUTORIDADE

     Observando histórica, política, jurídica e morfolgicamente a palavra ”autoridade” poderemos nos aproximar de um conceito intimamente ligado a função exercida por um indíviduo. Onde a autoridade está mais intimamente ligada a função que ao indivíduo enquanto ser humano. Podemos citar dois exemplos simples para ilustrar o raciocínio:
a) Um juiz de direito, em suas funções rotineiras, se utiliza de uma autoridade inerente ao seu cargo. Ele possui autorização do Estado para se utilizar de uma série de prerrogativas que pertencem ao cargo de juiz de direito. Em outras palavras o cargo de juiz de direito possui a autoridade para utilizar um poder que seria do Estado. Caso este indivíduo em questão deixe o cargo de juiz de direito, aquela autoridade/poder que ele exercia passará a ser utilizada por outra pessoa. Desta maneira podemos identificar com mais clareza a caracterização da autoridade não como característica da pessoa, mas sim como uma prerrogativa para que o cargo seja exercido integralmente.
b) O proprietário de uma revenda de veículos possui toda a autoridade para administrar sua empresa da maneira que melhor lhe convier. Neste sentido ele pode nomear um gerente para o qual “transfira” a autoriadade para tomar as atitudes necessárias para o bom funcionamento de sua empresa. O gerente pode, dentro de certos limites, tomar todas as decisões que acredite levar a empresa para um melhor funcionamento. Quando este gerente for desligado da empresa, toda aquela autoridade continuará com a função de gerente, independente de quem tome o seu lugar. Mais uma vez poderemos identificar a autorização dada pelo dono da empresa para um cargo.

          Apesar de todo o exposto nos parágrafos anteriores, não podemos deixar de observar a definição dada pelo autor para a palavra autoridade: “é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer, por causa de sua influência pessoal”.
          
          Acredito que a descrição utilizada acima se aproxima muito mais da idéia de liderança. Apesar de discordar, em parte, do autor, não posso deixar de concordar que as pessoas que possuem sobre nós algum tipo de liderança exerçam um certo tipo de autoridade. A partir do momento que me deixo influenciar por alguém e passo a fazer de boa vontade o que ele quer, estou, de certa forma, permitindo que ele exerça uma certa autoridade sobre mim.


5. PODER

          Seguindo a análise realizada com a palavra “autoridade”, podemos entender o conceito de “poder” como a força ou condição necessária inerente a autoridade para exercer suas funções de forma eficaz. O poder que eu disponho está proporcionalmente ligado a autoridade que possuo. O gerente que utilizamos para ilustrar o exemplo anterior recebeu a incubência (autoridade) de cuidar da revenda de seu patrão. Para que ele consiga realizar estre trabalho se faz necessário que junto com a autoridade ele tenha a condição de poder, para que o trabalho seja realizado. Ele não pode, por exemplo, conceder um desconto maior que aquele que foi autorizado a dar. Ele possui autorização, autoridade e poder para dar um desconto a um cliente, mas dentro de certos limites impostos pelo seu superior. Devemos ter muito cuidado para não confundir a idéia de poder com a de força, apesar de sua extrema semelhança. O poder aqui enfocado, está mais ligado a idéia do verbo “poder” e não do substantivo. Está mais ligado com idéia de “ ter condição de fazer”. Eu posso, hipoteticamente, dar autoridade – autorização - para um deficiente físico levantar e correr, mas eu jamais darei a ele este poder. Jamais darei a ele as condições necessárias para que ele realize esta tarefa.

6. LIDERANÇA E INFLUÊNCIA PESSOAL

          A influência pessoal é, sem dúvida, uma das características mais importantes de um líder. Porém podemos citar diversas outras: carisma, confiança do grupo, comprometimento, empatia, percepção aguçada do ambiente, comunicação, facilidade de lidar com pessoas de diferentes opniões ou princípios, proativiade, inteligência emocional.

          A liderança é, desta forma, um conjunto de diversos fatores emocionais e sociais que fazem com que um indivíduo se destaque dos demais, tornando-se uma espécie de direcionador do grupo. Para que isso ocorra ele não precisa, necessariamente, exercer uma função de comando ou poder. Os grandes líderes começam a se fazer perceber nas corporações ainda no início da cadeia hierárquica, e assim começam a galgar a ascenção de suas carreiras.

          A influência pessoal, apesar de ser uma das características mais marcantes de um líder, por si só, não garante uma posição de liderança. Existem indivíduos que exercem influência sobre o grupo a que pertencem, mas nem sempre de maneira positiva. São pessoas que conseguem minar a autoestima do grupo e fazer com que os resultados sejam negativos. São pessoas que exercem influência pessoal sobre a equipe, mas de forma negativa. Os resultados deste tipo de integrante podem ser desatrosos para um grupo.

          Encerrando este estudo podemos afirmar que o líder passa hoje por uma revolução na sua maneira de se definir. O livro “O Monge e o Executivo”, de James C. Hunter, com sua linguagem clara e objetiva nos faz repensar em conceitos há muito enraizados em nossas organizações e mentes. Nos faz pensar como é importante para um líder o respeito e o pensamento focado na qualidade de seus relacionamentos. Na importância do servir ao invés do ser servido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança. Editora Sextante, Rio de Janeiro. 2004.

- Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0

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