Sabe meu bem, estar aqui num frio que me estremece, me faz pensar nas suas pernas e no quanto elas devem ser quentes e cheirosas. Deito em meu sofá e sinto o gosto do limão ainda aqui, o seu olhar me vem por meio das cores da almofada. Me traz paz numa noite tão barulhenta. Um fantasma voltou essa madrugada, Alana, uma amiga que já foi paixão, mas que agora de tornou melancolia bastarda. Ela diz estar com saudade, me pergunto de que ? Do mundarel de elogios e enaltecimentos que eu fazia direcionados a ela ? Do meu infinito amor e das minhas muitas noites perdidas por conta desse amor ? Eu não faço mais parte dessas lembranças, dessa memória eu quero me esquecer. Mas ela volta e me dá mais uma pontada no coração, como se eu não tivesse esmigalhado o suficiente. Meu amor é grande demais, mas não deveria ser tão grande a ponto de caber Alana. Ela me fez sofrer. Me fez lembrar e me fez chorar. Ela não me mereçe; mas eu sou fraco e me dôo aos problemas dela. Sou um completo inconsequente para com meus sentimentos. Deveria ter mais amor próprio. Ela também tirou isso de mim. Ela fez tudo isso silenciosamente, acho que até pra ela mesma, mas isso não quer dizer que eu esteja curado da minha dor. Ainda tenho desejos por ela, infelizmente. Ela também não merece isso.
Alana, a moça que feriu profundamente um coração frágil, voltou e fez um pouco mais de maldade. Trouxe esperança para um jovem moço apaixonado; esperançoso. Isso deveria ser pecado. Ela é má e traz rancor em sua fala, traz esperança que leva à um abismo de dor. Ela é a personificação do pecado e do diabo. Ela é a pura tentação, carnal e sentimental. Pinta e borda em meu coração.
Por que eu nasci escritor ? Sofredor e fixador de memórias ? Por que não nasci insensível e traidor ? É mais fácil. Mas o que posso fazer, se não lamentar ? E pensar que tudo isso é só o começo… meu coração pede trégua. Meu cérebro pede mais álcool. E eu o faço. Tragos e mais tragos me confortam de uma dor desnecessária, eu admito. Mas ainda há muita dor em meu emocional. Ainda há muita Alana aqui. E ainda há meia garrafa e algumas latas.
Com pensamentos atrozes,
Seu Gus.
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