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A Sociedade Inculta e seu Futuro
Isabela D. Baranda

Resumo:
Trata-se de uma breve reflexão sobre a ausência de interesses pela leitura que vemos na sociedade brasileira e uma comparação com distopias que não fogem muito da realidade que já vimos e ainda podemos vivenciar.

Vivemos em uma sociedade apaixonada pelo fácil, pelo raso, por coisas efêmeras. Gerações que abandonam cada vez mais o apreço pela cultura. Alienadas, por assim dizer.

     Napoleon Hill, em sua clássica obra, “Mais esperto que o diabo”, tem o termo ‘alienação’ definido como o fato de se deixar influenciar e controlar por circunstâncias externas à própria mente. O alienado é preguiçoso demais para usar o próprio cérebro.

     Com a revolução tecnológica isso apenas piorou. Não obstante a Internet tenha facilitado nossas vidas de inúmeras formas, também elevou os níveis da imbecilidade humana. Explico: quantas pessoas fazem uso das redes sociais para disseminar ódio, comentar algo que nem entendeu ou se consideram formadas em algum assunto por terem lido a respeito por míseros minutos no Dr. Google?
Por outro lado, quantas dessas pessoas de fato pesquisam se estão escrevendo com a grafia correta, ou se dão “ao trabalho” de lerem algum e-book ou artigo com mais de três páginas? (grande parte já considera 3 um horror).

     Foi nesse contexto que me peguei indagando: qual o futuro de uma sociedade que não lê?Estamos diante de uma tal “sociedade moderna” formada em grande parte por pessoas que conhecem 50 tons de cinza, mas não fazem ideia de quem é Bentinho e Capitu, com “seus olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Veja bem, não há problema algum em gostar do primeiro livro, contudo o ponto crucial está em nos perguntarmos quanto, de fato, conhecemos e apreciamos as obras literárias da nossa cultura – ou da estrangeira – que exijam algo além de uma simples narrativa? Livros com críticas a determinados regimes, que contextualizam determinado período, como “O diário de Anne Frank”. É inegável como tiramos lições/aprendizados incríveis dessa obra que retrata, na visão de uma adolescente, a perseguição aos judeus na era de Hitler.
     
    De acordo com o dicionário Michaelis, a cultura é um conjunto de conhecimentos adquiridos como experiencias e instrução que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento espiritual, com instrução e sabedoria; requinte de hábitos e conduta, bem como apreciação crítica apurada.
    
    Diante disso, que intelecto esperar de uma sociedade que não vive sem bares, porém passa meses - até anos! - sem frequentar uma livraria ou até mesmo seus sites ? Somos constantemente bombardeados com promoções de inúmeros produtos que por vezes são adquiridos sem necessidade, mas aquele e-mail com indicação de algum livro ou e-book por R$9,90 – por vezes gratuito - sequer é aberto.
     
    Já imaginou como seria se vestígios de milênios de tradição humanista restassem alojados apenas na memória de alguns? Se os livros não mais pudessem ser lidos? Ray Bradbury em sua distopia , “Fahrenheit 451”, traz esses questionamentos diante de um cenário no qual livros são queimados ao ponto de a sociedade ficar à mercê apenas do rádio e da TV. O título, inclusive, reflete a temperatura utilizada para a queima .
   
    De maneira similar, como crítica ao regime totalitário à vista das experiencias do nazismo e stalinismo, George Orwell em uma de suas obras mais relevantes, “1984 ”, desenvolve um enredo distópico cujo líder máximo era chamado de “Big Brother”. Tal líder elimina as nações e as transforma em três grandes estados totalitários, com cartazes espalhados em suas ruas com o slogan “o grande irmão está de olho em você”, o que de fato acontecia graças aos televisores espalhados nos lugares públicos e até nos mais íntimos dos lares, tratando-se de uma verdadeira opressão física e mental, dotada de brutal repressão.
    
    As “profecias” dessas duas obras – entre tantas outras nesse sentido - servem para despertar as consciências para perigos que podem germinar na sociedade. São obras que nos desafiam a ver além do óbvio, a pensar.

    Ora, vivemos em um país ainda pautado na democracia, no qual podemos ler todos os tipos de livros, sejam físicos ou virtuais, buscando aprimorar nosso conhecimento, realizar questionamentos e apreciar obras maravilhosas! Ademais, não se trata de uma excludente de livros de aventura, romances modernos. É perfeitamente possível ler livros atuais e ainda assim mergulhar em algum livro de Machado de Assis, Fiódor Dostoiésvski , entre tantos outros.
    
    Assim, a preservação da cultura e do clássico pode minorar ou até mesmo evitar as consequências de uma sociedade incultural que se tornaria cada vez mais alienada e escrava do rádio, da TV e das redes sociais ainda que os livros não estivessem queimados. Na verdade, seria pior: estariam abandonados e esquecidos.

     


Biografia:
28 anos. Advogada, pós-graduada em ciências criminais. Concurseira.
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