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A RESPEITO DO IMPERADOR NERO
A respeito do imperador Nero
Henrique Pompilio de Araujo

Resumo:
Muito se fala sobre o imperador Nero, mas pouca gente tem conhecimento dos fatos reais, como tudo aconteceu. Aqui um breve resumo de sua história

A RESPEITO DO IMPERADOR NERO

     O meu nome é Flávius. Convivi muito tempo com a família do Imperador Nero e o tenho acompanhado por muitos séculos. É um espírito irrequieto e está sempre buscando aprender coisas novas. Errou muito ao tempo de imperador e por isto tem sofrido muito tempo, mas é um espírito esforçado e tem lutado muito para se melhorar.

     Após o império, sofreu muito pelos males que praticou e teve inúmeras reencarnações desde o tempo de imperador. Em quase todas elas veio com problemas no corpo físico ou com debilidade mental. Em muitas reencarnações faleceu ainda criança. Somente a partir do ano 1000 as coisas começaram a melhorar, mas somente em 1 200 teve a consciência completa e foi amparado por uma família bondosa que lhe proporcionou bons conhecimentos baseados na doutrina do mestre Jesus. Daí para cá teve ainda muitos percalços, se reabilitou e pode prosseguir com sua jornada.

Há muita confusão ainda sobre a sua pessoa, por isto resolvi escrever esta pequena obra para que todos possam saber um pouco da verdade que aconteceu com ele quando foi imperador. Há muita mentira, muito exagero atribuído ao imperador, coisas que ele nem imaginava fazer o povo espalha por aí aos quatro ventos. Muitos dizem ser Cristãos, mas não cumprem nem mesmo um mandamento do Mestre: “Não julgueis para não serdes julgados”. O pior de tudo é que julgam sem ter conhecimento de causa. Um juiz para julgar alguém estuda muito e por muito tempo e muitas vezes ainda comete erros.

     Alguns comentários a seu respeito são verdadeiros, mas a maioria não passa de invenção do povo, alguns se basearam nos historiadores avessos à sua pessoa àquela época. Quando uma pessoa é boazinha e está fazendo tudo certinho, todo mundo elogia, todo mundo fala bem, todo mundo é amigo. Basta ele cometer um pequeno deslize que tudo o que ele fez cai de água abaixo. O povo só consegue enxergar os erros dos outros, não vê o lado bom e belo das outras pessoas como se todos neste mundo tivessem que nascer santo e permanecer assim a vida inteira.

     Alguns supostos entendidos, tem a petulância de dizer que ele era a reencarnação de Cleópatra, que ele a admirava e que até se vestia de vez em quando à sua maneira. Que absurdo! Nero admirava o Egito e a Grécia pela sua cultura e principalmente pela sua arte. Só depois ele foi saber que tinha reencarnado na Grécia e várias vezes reencarnou no Egito. Quando ele se apresentava nos teatros, às vezes vestia sim as roupas de Cleópatra, mas era apenas para apresentações teatrais. Todo artista faz isto. Naquele momento ele estava representando aquela personagem.

     Outros ainda dizem que reencarnou como Hitler, Sadam Russem e um Presidente americano chamado Bush. Assim todo homem extremamente ruim, seria Nero reencarnado de novo. Além de julgarem, ainda julgam aqueles. No Brasil houve um milagreiro, que dizia que recebia Nero (em espírito) para fazer milagres e dar remédios. Que absurdo, outros espíritos agindo em seu nome. Nero nunca foi médico em nenhuma existência.

     Alguns dizem que ele era o Anticristo, que era a besta e tinha o número 666. Foi anticristo sim, pois todos aqueles que são contra o Cristo ou fazem falcatruas com as suas leis em benefício próprio, são anticristos. Quantos líderes religiosos pelo mundo roubando em nome do Cristo, cobrando o famigerado dízimo. Estes sim, são os verdadeiros anticristos. O povo não vê, mas Nero encontrou a verdade do Cristo, ele mudou completamente os seus conceitos. Quanto à besta e o número 666 é uma mera ficção que não passa de baboseira e conversa pra boi dormir.

     Nero também nunca pediu para ser imperador. Na verdade, quem queria mesmo este cargo era a sua minha mãe Agripina. Ela fez de tudo para ser esta imperatriz, mas Cláudio não lhe dava nenhuma chance e naquele tempo não era normal uma mulher ser uma imperatriz. Foi então que ela teve em mente para que o filho assumisse o cargo e por alguns anos foi praticamente ela quem dirigiu o poder.
     
     Nero foi assessorado por interesseiros de toda espécie. Ninguém queria saber de ninguém e todos pensavam somente em si próprio, todos queriam ficar ricos. Era a Roma perversa da época. Assim é que teve um comandante Tigelinus, que deturpava a imagem do imperador e cometia absurdos em seu nome. O general Burrus era outro interesseiro. Petrônius ficou encarregado de lhe aconselhar e de dar orientações, mas era um escritor interessado em espalhar suas próprias obras e por isto denegria as do imperador. Algumas obras dele ainda permanecem, mas as de Nero não, todos deram fim. Agora o julgam como um poeta medíocre. Como? Se não possuem nenhuma obra dele para julgar. Teve um tutor por nome Sêneca que para o mundo é um grande filósofo, mas era um tremendo interesseiro. Tudo para ele tinha que ser baseado no dinheiro. Ninguém sabe, mas ele se tornou a pessoa mais rica de Roma depois de Nero. Ele teve a petulância de fazer um testamento para os velhos sem herdeiros passarem a ele, assim que morressem, todos os seus bens. Isto é considerado roubo mesmo. Na verdade, estes bens deveriam pertencer ao Estado.

     As coisas não eram para ter acontecido daquela maneira. Nero amava Acte, por ela tinha verdadeira paixão, pois sempre viveram juntos. Ela era tudo pra ele, mas impuseram que ele deveria se casar com Otávia, para ter como dote, acesso ao poder. Tudo ele fez para que isto não acontecesse, mas não teve escolha. Otávia era uma menina bonita, saudável, boa educação, mas ele não a amava. Ele se casou com ela a contragosto. Conviveu com ela por um tempo, mas aquilo foi-lhe dando um tédio. Por todo este tempo não abandonou Acte. Usou de algumas desculpas para descartar Otávia. O primeiro deles foi que ela não lhe dava um filho. Ele mantinha poucas relações sexuais com ela, mas ela não se engravidava. Ele não achava que ela fosse estéril. Achava que não houve a fecundação, nada mais que isto. Achou que desterrando Otávia, o caminho estaria aberto para ele, mas deu tudo errado.

     Ele havia encontrado o seu amigo Otto. Teve uma boa amizade com Ele. Certo dia ele apresentou a sua esposa. Era uma mulher lindíssima. Alguma coisa mudou dentro do imperador. Sentiu uma grande atração por ela e ela por ele, mas ela queria que Nero tirasse Otávia do caminho. Foi então que ele desterrou Otávia, mas Popéia queria mais e incitou que ele mandasse assassinar Otávia. Ele fez isto e se arrependeu muito depois, mas já era tarde. Então tirou Otto da linha também, mandando-o para longe de Roma e se casou com Popéia. Ela era uma mulher belíssima. A princípio ele estava feliz e levava Popéia por todos os lugares onde ia. Mas sentia um vazio dentro de si. Viu que Popéia tinha mais interesse em fama, luxo e vaidade do que no imperador. Entretanto Nero amava esta mulher e fazia todos os seus gostos.

     Popéia logo se engravidou. O imperador ficou bastante feliz por isto. Ele a tratava com todo amor e carinho, mas ele era uma pessoa muito agitada e ficava nervoso por qualquer coisa. A sua filha nasceu e ele deu uma grande festa. Ele dizia que se sentia o homem mais feliz de Roma, mas a sua alegria foi pouca. Com quatro meses apenas sua filha faleceu. Nero ficou arrasado e não se conformava. Com o tempo Popéia ficou novamente grávida. Novas alegrias chegaram nele que a tratava muito bem.

     Certo dia houve uma série de jogos em Roma. Ele era vidrado em jogos de corrida, participou e ganhou várias delas. Estava muito feliz. No final da tarde em vez de ir para casa, foi para um lugar de orgias sexuais e passou a noite lá farreando com seus amigos e amigas. Como estava contente! Quase ao amanhecer voltou para casa. Adentrou o palácio e foi ao seu quarto. Bateu na porta e Popéia não veio abrir. Gritou várias vezes e ela não se mexeu. Então ele deu uma pelada na porta e arrebentou a fechadura. Popéia estava deitada e se levantou gritando e brigando com ele, por ter passado a noite na farra. Nero não aguentou e deu uma pelada nela. Popeia caiu e um rio de sangue escorria pelas pernas dela. Desesperado ele gritou pelos empregados que vieram socorrer. Trouxeram panos quentes e colocaram na barriga dela. O sangue não parou. Ele manda chamar um médico que veio rapidamente. Examinou Popéia e descobriu que ela tinha sofrido um aborto. Tudo foi feito, mas Popéia não resistiu e veio a falecer quatro horas depois. O sofrimento do imperador foi enorme. Ele se deitou por cima de Popéia e a beijava e pedia perdão, pedia que não lhe abandonasse, não lhe deixasse. Se ele pudesse naquele momento, ele a ressuscitaria, mas quem era ele. A dor, a tristeza e o remorso invadiram o seu ser. Velou por Popéia por três dias até que pediu que a enterrassem no Mausoléu de Augusto. A tristeza da morte de Popéia o acompanhou pelo resto da vida.

     Continuou sua vida com Acte, mas sem apresentá-la como sua verdadeira esposa. Encontrou Messalina e se casou com ela, mas já não tinha nenhum gosto pela vida. Quase nem dormia com ela. Isto deu margem a que ela saísse com outros homens. Acabou abandonando Messalina que não se sabe para onde foi.

     Para esquecer todos os problemas, começou a frequentar um determinado local à noite. Ali a “fina flor” romana comparecia todas as noites. Eram bacanais e mais bacanais. Mulheres com mulheres, homens com homens, homens com mulheres, bebida e sexo a valer. Ele não era homossexual eu era bissexual. O que é diferente. Hoje todos o julgam por isto, mas isto acontecia com toda a sociedade romana. Quase todos os homens da época se portavam da mesma maneira. Hoje, quando se fala em Roma, pensam logo em Nero como o pior elemento, mas esquecem que os erros eram cometidos pela sociedade inteira.

     Em Roma quase todas as mulheres tinham vários amantes. Os homens também tinham. Era uma sociedade muito porca.


     -09-
     Um dia encontrou um moço afeminado que tinha as feições de Popeia. Então ele o mandou castrar e para escandalizar Roma, Nero se casou com ele. Ele o fez como se fosse uma verdadeira mulher e passou a conviver com ele, inclusive apresentando-o em plena sociedade. Hoje isto até que pode ser comum, mas para um imperador naquele tempo era uma calamidade pública. Ele não se importava mais com o que o povo falasse.

     Com os jogos Olímpicos na Grécia ele quis participar e ficou lá por muito tempo. Ganhou vários troféus, chegou sim a ludibriar alguns juízes, mas ele também tinha os seus méritos próprios. Quando voltou para Roma estava aquele rebuliço. Havia vários levantes por todos os lugares. Ele não conseguia mais dominar nada. Pensou em fugir para o oriente onde ele ainda tinha algum prestígio, mas depois abandonou esta ideia. Apareceu um tal de Galba e o senado o aprovou como provável imperador de Roma. Nero conversou com a guarda pretoriana que cuidava dele, mas eles haviam comprado a sua própria guarda. Então ele viu que estava perdido e fugiu para um sítio do seu amigo Faon. Lá encontrou alguns amigos como seu secretário Afrodito e Acte. Eles então o aconselharam a usar o código de honra que Nero mesmo criara que era cortar os pulsos para o sangue ir escorrendo bem devagar ou furar o coração com o punhal. Ele pegou o punhal, mas não tinha coragem de fazer isto.

     Leu a carta que o senado havia aprovado para penalizar a sua pessoa: ele seria coroado imperador em praça pública com todos os seus paramentos, depois seria arrancada a coroa e seus paramentos. Ele ficaria completamente nu. Seriam amarradas as suas mãos. Colocariam uma corda em seu pescoço e seria puxado por dois pretorianos que iriam à frente. Outros dois pretorianos iam a pé atrás dele, cada um com um chicote na mão. Ele seria chicoteado pela avenida principal de Roma até a praça central. Lá ele seria enforcado diante de todo o público. Ficou desesperado com esta penalidade. Ele achava que merecia um pouco mais de respeito.

     Com o punhal na mão ele falava um monte de besteira, mas não tinha coragem de se matar. Nisto chegam os soldados de Galba para o prenderem. Afrodito veio correndo para o lado de Nero, tomou o punhal e enfiou-o na garganta do imperador. Os seus olhos saltaram para fora de tanta dor e teve morte instantânea. Não viu mais nada. O seu corpo era para ser levado assim mesmo para o centro de Roma, mas Acte insistiu para tomar conta dele e assim eles permitiram. Então ela velou por Nero e depois lhe deu uma sepultura decente. Foi o fim de sua complicada vida.

     Na espiritualidade sofreu durante mil anos e os outros mil anos passou a se dedicar ao público. É ele que está falando isto hoje, dois mil anos depois. “Sou um espírito mais ou menos evoluído, já recuperei quase todas as pessoas que prejudiquei em Roma e tenho ajudado milhares de pessoas sofridas de várias partes do mundo. Vou continuar ajudando durante o tempo em que permanecer no planeta Terra. Tenho feito tudo anonimamente e dificilmente alguém vai me identificar. Sei que todo mundo acusa o imperador Nero. Aquele está morto para sempre, não sei por que o povo continua falando daquele homem. Sou agora um espírito completamente renovado. Não me importo com o que o povo fala de minha pessoa daquele tempo, o importante é o que estou fazendo agora. Nero ficou apenas como uma lenda. Um dia esta pessoa lendária vai ser esquecida por todos”.


Biografia:
Henrique Pompilio de Araújo, nascido em Campo Mourão PR e radicado em Cuiabá MT. Começou a escrever desde cedo. Professor aposentado, bacharel em Direito e Teologia. Trabalhou em diversas escolas em Cuiabá e alguns jornais do Estado. Publicou sua primeira obra em 1977: Secos & Molhados - Poemas. Ultimamente publicou outros livros: "Flores do Além" Poemas, "Contos da Espiritualidade" - Contos, "Nas curvas da vida" Memórias, "Cinquenta contos" Contos. Há muitas obras ainda esperando edição.
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