Ela estava se sentindo um pouco deslocada no meio daquelas pessoas. O que era bastante estranho, já que todos estavam ali por sua causa. Ela as amava, de verdade. Mas, naquele momento, algo faltava. Ou melhor: alguém estava faltando.
Era inevitável não ficar imaginando como estaria sendo a noite se ele estivesse ali, ao seu lado. Ela se perguntava se eles já teriam aqueles olhares de sintonia, que com uma piscada ou uma levantada de sobrancelha, já seria o suficiente para se comunicarem, silenciosamente, no meio da multidão. Tantas possibilidades para serem testadas entre eles que era inevitável não ficar em êxtase.
Mas como ele havia dito: “Elas não vão entender, talvez, por nunca terem vivido isso...”. Então ela concordou em adiar o encontro, mesmo não aceitando.
E agora, ali no meio dos seus amigos, ela questionava se essa decisão de não se apresentarem em público “ainda”, havia sido a melhor escolha. Pois, para ela era estranho ter que esperar o momento certo para isso acontecer. Porque ela só queria falar dele. Ela queria explicar para as pessoas o momento mágico que estava vivendo. E apesar de saber que elas não fariam ideia do que estava falando, ainda assim era disso que queria falar.
Por que ele havia recepcionado a sua intensidade de uma maneira que aquelas pessoas não conseguiam. Para ele, ela podia falar a verdadeira natureza dos seus sentimentos sem se envergonhar. Ele permitiu que ela se expusesse de uma forma que ela havia gostado e queria poder expandir isso para o mundo sem se sentir rejeitada, inapropriada ou inconveniente.
E não era justo que, naquele momento de comemoração, ela não pudesse dividir sua felicidade com ele. Não era certo ele não estar presente ali.
Seria muito egoísmo desejar que fosse diferente?
Talvez a vida a estivesse protegendo. Talvez, depois de muita frustração, o amadurecimento traria a sua melhor versão.
Porém, naquele momento, o seu único desejo era encontrá-lo e dar um forte e longo abraço, dizendo baixinho no seu ouvido: “Obrigada! Obrigada por me emprestar o seu olhar, que tem ressignificado quase tudo a minha volta e, principalmente, dentro de mim!”.
Por Luciana Gritti
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