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É estranho que tenhamos tantas certezas, é estranho que existam tantas afirmações em nossos discursos, parece até que sabemos o que vai acontecer com o casal de vizinhos na próxima semana.
Será mesmo possível, saber tanto a respeito do outro, sem calçar seu sapato, nem se quer por um dia? Será possível conhecer-lhe a ponto de dar um conselho do tipo: ‘’você vai fazer isso pois eu lhe conheço”. Será mesmo que podemos afirmar conhecer o outro, quando nos surpreendemos todos os dias conosco mesmos? Eu me surpreendo com minhas atitudes e vivi em minha pele a vida toda!
Mais de 26 anos, eu conheço meus ciclos, eu sei os meus medos, eu sei de cor cada cicatriz, as internas e as externas. Sei que não gosto dos julgamentos alheios. Me sinto desrespeitada! Me sinto invadida. Quem é que está falando assim com tanta propriedade a meu respeito, parece até que me roubou de mim, e eu como boa possessiva que sou, não posso admitir isso.
Se tem um lugar onde tenho liberdade, esse lugar é dentro de mim. Sei coisas realmente terríveis a meu respeito, que se quer contei a melhor amiga, que jamais contarei, que vou levar para o túmulo. Contudo, se tu não sabes dessas experiências, só tem as tuas verdades ao meu respeito, tem de mim, o que dei, e isso não é suficiente para discutir comigo sobre o que sinto. Falta a você a teoria toda, tens meias verdades, e ninguém maquia tão bem quanto alguém que quer encantar e apaixonar o outro.
E convenhamos, sou vendedora, eu sei vender meu peixe!
É por isso eu te peço, me respeita! Me ouça quando digo, que é uma fase, que vai passar, e que eu sei o que eu preciso fazer para sair dela. Me ouça, não toque aí, é ferida exposta, eu posso chutar de dor, e isso vai doer em você também.
Quando eu disser que está tudo bem, não é porque eu quero que venha correndo e pensando aí meu Deus o que eu fiz. É porque eu quero espaço, me deixe, logo passa, e se não passar, vamos resolver de outra maneira, mas vai por mim, você não quer me contrariar nessa hora.
Como eu disse, foram 26 anos acompanhando minhas atitudes, e quando acurralada... Não foram boas. Eu gosto de ser reconhecida, não muito estudada, eu gosto que me contem o que eu tenho de bom, isso ajuda com minha auto cobrança, eu não gosto que digam de maneira pejorativa “ela é assim” ela é “assado” eu não sou receita pronta! Pode falar do meu lado bom. E se quiser reclamar do que tem de ruim, senta na minha frente e vamos resolver, mas não me venha questionar o que eu tenho, só para responder por mim com teus julgamentos inequívocos de meias verdades.
Se tu não consegues perceber que estou chateada, então não tens propriedade para dizer se estou ou não certa a meu respeito. Eu me conheço desde que nasci!
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