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02 - Ouvindo com muita atenção
Cezar Andrade Marques de Azevedo

Resumo:
Refazendo a jornada da vida

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.” (Mt 7:13,14)

O sábio ainda cruzou pelo simples, agora, cada um em direção oposta. O sábio foi atrás da outra voz, enquanto que o simples se deixou atrair pela sedução do homem sedutor.

O simples aproximou-se do homem sedutor, ao que ouviu: – É assim que Deus disse: Não podereis fazer coisas alguma? Então o simples respondeu – Fazer a gente até pode, mas precisamos anunciar o reino de Deus. Se a gente não anunciar, vamos morrer. – De modo algum, disse o sedutor – comida é que não lhe faltará. Você será o meu ministro, nada lhe faltará, nenhum sofrimento lhe acometerá, um caminho de prosperidade se lhe apresentará. O simples não percebera, mas estava fisgado pelo comando que recebera, pois ele não sabia que Deus a ninguém tenta e nem pode ser tentado pelo mal (Tg 1:13).

A tentação procede de três fontes básicas: o diabo, adversário de Deus, inimigo de nossas almas; o mundo constituído por um sistema moldado contrário ao propósito de Deus, fortemente baseado em concepções humanistas, ateístas, espiritualistas, materialistas e secularistas; e a carne, que é o princípio natural da vida centrado no eu, totalmente egocêntrico e subserviente.

Uma coisa precisa ser dita: o comando em si não é culpado pela tentação, antes ele só propicia a oportunidade. Deus fez o primeiro casal perfeito e sem pecado e o colocou no jardim perfeito. Foi neste cenário idílico que a serpente surgiu, como intrusa e ladra denotando que o comando da tentação procede sempre de fora. Ainda que seja a própria carne a induzir ao pecado, todavia ela não é o âmago do ser, a essência do indivíduo. Não que sua essência seja boa por natureza, isto porque, como disse o apóstolo Paulo, em nossa carne não habita bem algum (Rm 7:18), todavia quando Jesus Cristo se torna Senhor e Salvador do indivíduo e este se deixa guiar pelo Espírito Santo, então a carne, o mundo e Satanás perdem o seu poder (Gl 5:16).

Qualquer que seja a fonte destes comandos, há um elemento comum entre eles, São totalmente centrados nas coisas terrenas (Fl 3:19), porquanto Satanás não entende as coisas de Deus, senão as dos homens (Mt 16:23). É neste ponto que há um grande contraditório, sabe por quê? Satanás tem por obsessão matar, roubar e destruir, assim, toda proposta maligna teria que ter necessariamente estes componentes. Então porque este aspecto não seria perceptível? Simples, o diabo, acima de tudo, é mentiroso e pai da mentira, assim quando ele fala a mentira, fala do que lhe é próprio (Jo 8:44). Assim é o fundamento de sua proposta para o homem, sobretudo porque precisa perpetuar a vida do indivíduo na terra, portanto o diabo nega qualquer possibilidade da morte. Foi este o argumento utilizado para convencer a mulher a pecar contra Deus – “Certamente não morrereis” (Gn 3:4). Os inimigos da cruz de Cristo (Fl 4:18) tem esta característica, uma obsessão de evitar todo sofrimento, toda dor. Para estes a vida tem de ser marcada pela prosperidade material e saúde perfeita, qualquer coisa diferente disso não pertence a Deus, falsa suposição de quem só entende das coisas dos homens.

Quando o sábio estava cruzando pelo homem sofrido e desprezado, ouviu uma voz firme, terna e cheia de autoridade por detrás dele, dizendo – Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? (Is 53:1). Foi quando ele parou para refletir no significado daquelas palavras. – Qual seria o teor desta mensagem? Inquiria consigo enquanto se voltava para a direção daquela voz, que lhe parecia tão familiar. Ao que ouviu - Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado (Mt 26:2). Estas palavras quase nocautearam o sábio que se perguntava – Com poderia uma morte tão terrível e ignóbil, desprezível e abjeta trazer algum consolo à sua alma?

Procurando conhecer o significado daquela mensagem, seus olhos voltaram para um outro homem, vestido de pêlos de camelo, tendo um cinto de couro em torno de seus lombos (Mc 1:6). Depois soubera que este homem era um profeta que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Este dizia, como recitando um texto antigo - Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? porque a sua vida é tirada da terra. (At 8:32,33).

Realmente era complicado entender esta história, mas alguma luz começava a penetrar na mente do sábio. Pensou consigo – Vamos entender isso: primeiro a mensagem é absurda, visto ninguém dar crédito a ela, também não é para menos, na festa mais importante dos judeus este homem vai morrer crucificado! – Espere, pensou consigo – o profeta havia dito que ele seguia para o matadouro como uma ovelha. Sim, foi isso mesmo que eu ouvi, como uma ovelha, um cordeiro mudo diante dos seus tosquiadores. Agora a mensagem parecia fazer-lhe mais sentido, principalmente quando se lembrou que a páscoa dos judeus nada tem a ver com coelhinhos mas com o sacrifício de um cordeiro.

Sua mente voltava para a mais estranha, absurda e, ao mesmo tempo redentora noite dos judeus, quando estes saíram libertos da escravidão do Egito. Naquela noite fatídica um cordeiro foi imolado, seu sangue aspergido nas portas das casas dos judeus e, quando o anjo da morte cruzou por toda aquela terra, deixou incólume os que eram marcados pelo sangue. Naquela noite nenhum judeu morreu por causa do sangue do cordeiro. Nesta hora ouviu a voz do profeta, que dizia em alto e bom som – Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1:29).

A mensagem começara a ficar claro como o dia, a luz raiava em seu coração, algo diferente o sábio começara a sentir. Naquele instante ouviu do homem ferido e desprezado – Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11:25). O sábio entendia agora, somente pela fé o sangue do Cordeiro poderia salvá-lo. Lembrou-se que fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem (Hb 11:1), o primeiro degrau citado pelo apóstolo Pedro (I Pd 1:5).

O exercício da fé em Cristo é humilhante para o ser humano porque ele precisa crer que o Cordeiro de Deus foi morto, o sangue derramado e, todo aquele que aplicar este sangue em seu coração é salvo do anjo da morte, ainda que nada tenha feito por merecer esta salvação. Isto porque somente por meio do derramamento do sangue de uma vítima inocente, pura e sem pecado é possível o homem ser remido (Hb 9:22). Deus, por meio de Jesus Cristo, estava reconciliando o mundo consigo mesmo (II Co 5:19) e agora cabe a cada um tomar sua própria decisão de deixar-se reconciliar com Deus pela fé no sacrifício todo suficiente de Cristo Jesus (II Co 5:20).

O sábio saboreava cada uma daquelas palavras quando avistou o simples andando apressada e resolutamente. Ele apressou seus passos para ver se o alcançava, não sabendo ao certo se era para falar de suas descobertas ou saber o que motivava o simples a correr daquele modo.


Biografia:
O autor é casado com Karin, professora mestre em Língua Portuguesa e tem dois filhos: Adan e André. Sua formação é em Administração de Empresas, Teologia e Ciências Contábeis, com mestrado em Administração de Empresas pela PUC.PR. Atualmente é Secretario Municipal de Finanças de Campo Novo do Parecis.MT. Seu site pessoal é www.cezar.azevedo.nom.br
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Contos 02 - Ouvindo com muita atenção Cezar Andrade Marques de Azevedo
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