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O amor de Marianna
Katia Krzesik

Resumo:
Trata-se de uma história verdadeira, com personagens fictícios, relata a vida de uma mulher, mãe e guerreira pela própria natureza.

Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.
1 Coríntios 13:13

Justamente sobre o maior deles é que vamos conversar.

Há imensuráveis anos os homens falam em amor, tentam explicar o que é amor, como é amar, tentando definir um sentimento que atualmente pode estar sendo confundido e/ou banalizado.

É comum, vermos nas redes sociais as pessoas “trocando de amor”, como se fosse tão fácil e rápido amar o outro. Até dentro de nossas famílias, vemos se reproduzir o famoso: “Eu te amo“, mas quando o “bicho” pega, descobrimos quem de fato nos ama e faria tudo por nós.

Amor é um exercício diário de paciência, dedicação e coragem. Não muito raro, as pessoas passam por situações onde esse sentimento é posto em prova.

Para melhor compreender como isso funciona na prática, vamos utilizar personagens hipotéticos e pensar na seguinte situação: Marianna e Mattaus, após oito anos de namoro, marcado por idas e vindas, a vida já dava sinais os quais Marianna não queria ver ou acreditar. Tendo engravidado os dois anteciparam um pequeno noivado, correram os proclamas e se casaram meses depois numa cerimônia religiosa simples e com uma pequena lista de convidados.

O tempo passou e a pequena Josefine nasceu, deixando a mãe de primeira viagem emocionada e muito feliz. Ao olhar aqueles olhinhos azuis, um rostinho redondo, aquela pele lisinha com cheirinho de bebê, não teria sido amor à primeira vista, pois ela já amava Josefine desde a descoberta do inesperado acontecido. Com o nascimento da primogênita, o sonho de ter uma família diferente e feliz aumentava e fazia o sonho se aproximar mais da realidade.

Contudo, como nem sempre a vida é justa, a pequena Josefine teve alguns probleminhas de saúde. Marianna quase não dormia, passou os dois primeiros anos de sua pequena filha, dormindo em média umas duas horas por dia. Quando a pequena dormia durante o dia, Marianna aproveitava para deixar a casa e as coisas da menina em ordem, pois sabia que ao acordar, a dedicação seria exclusiva para ela. Viveu anos, sem ter tempo para si, sem se cuidar, cuidando apenas de sua casa, filha e marido. Fazia isso pelo amor que sentia por esta família que havia sido constituída.

Os frutos de seu trabalho eram direcionados todos para a família, tendo investido sua juventude, trabalho e saúde também no relacionamento. Relacionamento este, que foi se desgastando com os problemas, dando sinais de que não era amor, porque na verdade, quando a inutilidade de Marianna apareceu o “amor” que Mattaus lhe jurara, sumiu. Ela não desistiu, ouvia conselhos dos mais velhos e mais próximos, que a aconselhavam a não desistir nunca. E assim, ela seguia, ainda que triste e sem vontade de prosseguir.

Seis anos após, teve um aborto espontâneo, que a deixou muito abalada e a fez parar de trabalhar, se dedicando exclusivamente à família.

No meio do tratamento da depressão, ela engravidou de seu segundo filho Vicente, tendo cuidado da gestação de forma anormal, pelo medo de ter uma segunda perda. Tinha pesadelos que seu filho teria seis dedos nas mãos e nos pés, fazia ecografias semanalmente até ter certeza que seu filho estava bem.

No dia do nascimento, na hora do parto, em silêncio, entregou seu filho à Deus, dizendo: “Eis aqui meu filho, toma conta dele segundo Vossa vontade” e o menino que chorava, dormiu. Quando Vicente tinha dois meses, sua mãe adoeceu, fruto de todas as pressões psicológicas que vinha sofrendo em silêncio, as agressões verbais que quase se tornavam físicas, a deixavam cada dia mais triste, abatida e sem vontade de continuar o relacionamento. Ainda assim, ela ouvia os mais velhos, os amigos próximos, que se sempre diziam que ela continuasse, pois era o melhor a fazer numa situação como a dela.

Tendo sido hospitalizada para uma cirurgia de emergência, ficou dias na UTI com pequenas chances de ter uma vida normal, mas com muitas chances de inúmeras sequelas. Dias após, já com alta médica, ela foi para casa. Seu pequeno filho chorava, queria o contato com a mãe, que não tinha forças nem para com ela. Afinal, teria emagrecido quase onze quilos. Estava visivelmente debilitada e sensível. Nesta época, teve ajuda de sua sogra, que largou sua casa, seu marido, suas coisas, para cuidar dos netos Josefine e Vicente, auxiliando ainda, sua nora que estava muito debilitada. Foi a sogra, que tinha nome de flor, mas que parecia mais um lindo anjo de olhos azuis, que ajudou Marianna nos momentos mais difíceis.

Com muito esforço pessoal, vontade de viver e cuidar de sua família, essa mulher ergueu a cabeça, seguindo os exemplos da maioria das mulheres de sua família antepassada, as quais, eram verdadeiras guerreiras e talvez, isso explique o fato dela nunca ter desistido de sua família, de seus filhos e daquilo que ela dizia fazer por amor.

Ela amou sem medidas, sua família, seus filhos e honrou seu lar. Mesmo tendo sido traída várias vezes, ela apostava na mudança e que o amor venceria tudo isso. Passados um ano e meio teria uma nova gravidez, inesperada e até proibida do ponto de vista médico. No meio de seu tratamento, ela parou de tomar todos os medicamentos que a mantinham teoricamente em pé, dedicando-se exclusivamente para o bem daquele bebezinho que agora gerava.

Nasceu Frida trazendo para ela a saúde perdida, um ânimo novo e nova vontade de viver e lutar, havia obtido a cura da doença e restabelecido o ânimo. Era como se Frida tivesse vindo ao mundo para salvá-la de si mesma.

Mas, a vida não foi justa com ela mais uma vez, o que antes eram agressões psicológicas e verbais, passaram a ser físicas, não só para ela, como para seus filhos, quando então, Marianna se agigantou diante das perversidades, como se batendo no peito dissesse: “Sou maior que isso e ninguém mexe com filho meu”, ainda que sozinha, vou conseguir lutar por minha família e por meus filhos.

Foi então, que numa manhã, inesperadamente ela colocou seus três filhos no carro, carregando consigo alguns objetos pessoais e as roupas e foram para uma pequena casa alugada no subúrbio, deixando para trás a vida numa mansão de 500m² com jardim imenso e bonito, seus cachorros que corriam felizes pelo quintal e a vida aparentemente farta. Repetindo, de forma diferente a história da imigração de sua trisavó que saiu da Polônia, carregando seus três filhos.

Na travessia, a trisavó enfrentou o mar, o desconhecido, a língua diferente e outros tantos perigos, com Marianna a travessia era da vida velha para uma nova, mas que também, enfrentaria o medo, o desconhecido, os perigos de ser e estar sozinha na educação dos filhos. Mas o principal, foi ter deixado seu sequestrador e algoz, que durante anos a manteve em cárcere privado de vida, saúde, energia e amor próprio.
Iriam recomeçar, agora não poderiam mais errar.

A atitude dela, sem dúvidas, foi um misto de desespero e coragem. Daí por diante, ela trabalharia sábados, domingos, feriados e faria horas extras. Agora a vida ficaria ainda mais difícil. Mas ela não se intimidou, entrou numa universidade, cursou o que sempre sonhou. Mudou sua forma de pensar e suas crenças. Conheceu novas pessoas, algumas a amavam, outras a odiavam pela forma direta e sincera com que dizia o que pensava.

Ela queria mais, até porque, havia deixado no passado sua juventude, sua vitalidade e energia, não teria tempo a perder, ao contrário, teria que recuperar o perdido. Contudo isso, entendeu que nos piores momentos da vida ela esteve acompanhada apenas de seus três filhos e de sua coragem.

Com muito sacrifício, ela concluiu a graduação, encerrando os cinco anos com elogios de seus mestres e homenagens de alguns colegas de classe. Mas o melhor de tudo isso, era ver seus filhos, ali sentados, na primeira fila, assistindo sua defesa de monografia, ainda que sem entender do assunto, mas todos eles sabiam que era um marco divisório do antes e do depois, haviam conseguido de certa forma, vencer. Explicou através de exemplos a diferença de ter fé, esperança e amor.

É como diz a canção: “hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe. Só levo a certeza de que muito pouco sei ou nada sei... É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir”

O que talvez Marianna nunca tenha ensinado à seus filhos é a definição de amor, porque ela sabia, que cada um deles teria que vivenciar essa experiência, entendendo que amar é um dever de casa, no qual devemos começar amando os que estão próximos, apoiando-os nas suas inutilidades, pois o verdadeiro amor é o que ampara, cuida, luta e passa por cima de tudo e todos em defesa disso. Esse foi o amor que ela deu ou tinha para dar.

A lição que você irá tirar disso eu desconheço, mas a lição que eu tirei foi de ter sido um pouco Marianna.

Assim, desejo que você amigo leitor, se não tiver coragem de ser um pouco como ela, possa ao menos, vivenciar o que é amor na inutilidade de alguém próximo à você. Isso lhe dará a real definição de amor e saberá como foi o amor de Marianna. Sem mais explicações!
Obrigada!    


Biografia:
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