Um vídeo não é mais apenas um vídeo. Ele é um pontapé inicial rumo a novas ideias, informações, até mesmo novos vídeos. Em outras palavras: um vídeo - segundo a proposta da Mostra Bug, encerrada no último dia 9 no Oi Futuro do Flamengo - é um comichão digital, capaz de fazer seus interlocutores desenvolverem novas estéticas e intenções.
E isso, muito mais do que a necessidade de usar óculos especiais em alguns momentos, é o grande barato da exposição. Digo mais: talvez exposição não seja a palavra exata para explicar o que foi a mostra. Pois ela pede, a todo momento, interação, envolvimento, ação, da parte do público.
Ou seja: não há mais espaço - assim como também não há nas escolas públicas e privadas - para meros ouvintes e espectadores. A todo momento em que estive dentro do centro cultural me senti invadido em minha privacidade, sendo quase coagido a falar, manifestar-me, propor uma resposta, um debate.
Vivemos numa era tecnológica acirrada e infelizmente não faço parte da geração que já nasceu carregando a tiracolo um iphone (na verdade, minha relação com celulares é péssima desde que eles começaram a ganhar espaço na mídia e na vida da humanidade). Por isso, um aviso aos marinheiros de primeira viagem que adentrarem andar a andar a Mostra Bug: quanto menos informação tecnológica você tiver, mais se sentirá pressionado, meio peixe fora d'água, meio aluno que entra na metade do curso tentando correr atrás do prejuízo o mais rápido possível.
Uma coisa que mexeu com minha cabeça a todo momento é o quanto o fato do espaço Oi Futuro brincar com o conceito de escuridão caiu aqui como uma luva. O negro, muitas vezes rotineiro nas exposições do espaço, funciona aqui como um hiato, uma série de reticências, um momento de reflexão. Temos a sensação de estarmos imersos numa realidade alternativa, fora da ordem dos fatos.
E apesar dos inúmeros projetos inovadores, propondo denúncias, teses, defendendo causas ambientais e culturais, fiquei com a sensação de que ainda poderia ter sido maior, devido ao fato de estarmos tão plugados, conectados, nos últimos anos. Ou será que eu estou mais internético e digital do que a média no país? Provavelmente. Ainda mais se tratando o Brasil de um país de analfabetos funcionais em demasia.
Saio da porta perguntando aos realizadores quando será a próxima edição. Isso mesmo! E eles adoraram saber do meu interesse pela continuidade do projeto. Quando moleque assisti na tv Tron: uma odisseia eletrônica, de Steven Lisberger, e me peguei perguntando se tudo aquilo seria um dia, de fato, realidade ou nunca passaria de mera ficção cinematográfica. Não, meus caros amigos e leitores, o até então sonho, delírio, virou realidade sim.
E está bem aqui, diante de nossos olhos, da maneira mais portátil e simples que vocês puderem imaginar.
Estão esperando o quê para ficarem por dentro do assunto?
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