Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Cultura do Cancelamento
Rafael da Silva Claro


A cultura do Cancelamento é muito antiga. Parece, mas isso não é novidade, só é mais fácil disseminar e obter maior alcance. Se não é, aqui no Brasil, o caso mais famoso, é um dos mais: Wilson Simonal. O cantor Lobão criou, ou apenas usa, o termo “simonalizar”. Lobão sofreu uma tentativa de cancelamento ou, como ele disse simonalização. Mas, também como ele diz, ele é “insimonalizável”. Cancelamento é sinônimo do neologismo “simonalização.

Wilson Simonal foi cancelado, quando esse conceito nem sequer existia. A história dele foi muito bem contada em excelentes livro e documentário. Dono de um talento sem fronteiras, Simonal foi relegado à condição de pária entre os artistas ou apenas não-pessoa. Um artista badalado foi transformado numa alma penada.

Resumindo sua história, ele deu uma “prensa” num contador que o teria “passado pra trás”. Para isso, contou com os “serviços” de policiais amigos e nada cordiais. Esse foi o estopim para Simonal ser tachado de informante (colaborador) da polícia. Tudo isso em pleno governo militar. Conclusão, ele foi proscrito no auge da popularidade, e um talento raro foi apagado para sempre.

Esse caso, que prova que a “cultura do cancelamento” não é uma novidade digital, embora traga muitas semelhanças (no método) com o que ocorre hoje. Para quem achava que a polarização política já tinha ido longe demais, com vírus de esquerda e remédio de direita, esse é mais um instrumento.

Retratado no livro 1984 (George Orwell), o “cancelamento” era um método de Estado. Consistia em apagar qualquer vestígio da existência do indivíduo que interessasse às autoridades. Hoje, a cultura do cancelamento -que não é apenas uma modinha inofensiva da internet- isola determinada pessoa, mantendo-a afastada de contratos publicitários, lugares e pessoas. Eis, novamente, alguém transformado em pária ou não-pessoa.

Essa nova (antiga) cultura é a atualização da lista negra e do enforcamento. A agonia em praça pública é o destino de quem ousou avançar os limites impostos pela ditadura vigilante e alcagueta do politicamente correto. Se fizer ou falar algo que desagrade patotas organizadas, antes você era cancelado na vida, agora você pode ser bloqueado nas redes sociais.


Biografia:
Ensino secundário completo. Trabalhei em várias empresas, fora da literatura. Tenho um blog, onde publico meus textos: “Gazeta Explosiva” Blogger
Número de vezes que este texto foi lido: 52943


Outros títulos do mesmo autor

Ensaios 🔴 Arquivos X Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Está todo mundo preso Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Show do bilhão Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Prenda-nos se for capaz Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Telespectador na linha Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Só se vive uma vez Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 O capitão e o sindicalista Rafael da Silva Claro
Crônicas 🔵 Uma noite em Las Vegas Rafael da Silva Claro
Resenhas 🔴 Euforia e exaustão Rafael da Silva Claro
Ensaios 🔴 Chuchu beleza Rafael da Silva Claro

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 409.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68968 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57889 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56706 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55781 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55019 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54894 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54828 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54793 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54706 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54692 Visitas

Páginas: Próxima Última