|
Ninguém perguntou nada, mas existem aquelas pessoas que durante uma conversa qualquer forçam para dizer: “quando estive na Inglaterra, sabe”...; quando morei nos Estados Unidos..., quando passei as férias no Canadá...
São pessoas ansiosas para dizer que são viajadas, que estiveram na França, na Holanda, Israel, e o sintomático é, como se isso as tornassem especiais, superiores por ter ido a estes lugares, às vezes chegando a disputar:
- Ih, eu?! Esse ano, minha filha, fui para Nova York! E , ó, com tudo pago!
Por falar em Nova York é para lá é que vão alguns deputados com o dinheiro do povo e não é para trabalhar, não! Miami, Paris, Milão?! Ah, já fui umas 20 vezes no mínimo.
- Ai a Torre Eifel... Paris parindo aquelas luzes à noite! Vamos voltar outras vezes, Benhêêêê?!
É verdade... Paris e Milão não enjoam a ninguém. Se cem vezes formos a Paris e Milão, cem vezes seremos surpreendidos. Mas essa coisa de surpresa depende muito do olhar... Muitos olham, mas observam?
Um domingo desses fui a Mesquita. Calma que não é Mesquita lá no mundo árabe. Lá só de passagens aéreas e eu não sou deputado, sou assalariado. Fui a Mesquita mesmo, cidade, bem no Recôncavo do Rio de Janeiro. Em vez de passagens aéreas, paguei passagens de ônibus e do meu próprio bolso...
Quando retornei a São João do Meriti, muito satisfeito, quiseram logo saber o motivo da alegria. Respondi que fui à cachoeira de Mesquita. E recebi olharzinhos bestas, bocas torcidas feito derrame, cabeças balando... Ninguém ficou besta.
Minha surpresa foi aquela mulher de cabelos negros e sobre ela o véu de noiva que vi de pertinho, oi, banhando aquilo tudo de morena... Mas não tinha só aventurazinhas secsuais como querem uns, não... Havia também macacos-pregos, sagüis, gambás... A outrora Fazenda Dona Eugênia, o casarão da D. Eugênia, o Rio Dona Eugênia, ai que essa dona Eugênia deve ter sido muito gostosa, uma eugenia de mulher ou a capitalista da época; que não me mostrem a foto... Basta essa minha imagem de Dona Eugênia. Mas eu parei no rio Eugênia... Para uns, apenas um riozinho besta.
- Ora, Excrelência, entre o Rio Eugênia e o Sena, deputado, vai uma grande distância, mas fica em Mesquita, né? Diz Vossa Excrelência.
Mas muito me impressionou o Casarão da Dona Eugênia a uns 1600m de altura, a construção da laje apoiada em enormes peças de madeiras ainda com cheiro de escravos... 1600m... Sei que Vossa Excrelência só poderá ir a um lugar desses com passagens aéreas. Compreendo. Eu mesmo subi lá com dificuldades porque um dos meus joelhos já perdeu a juventude. Se eu tivesse andando menos e mais passagens aéreas, talvez o meu joelho ainda estivesse jovem. Tenho um amigo deputado, Excrelência, que usa suas passagens aéreas para ir do quarto ao banheiro de aviãozinho. Mas esse tem razão: é paraplégico e ainda precisa levar os acompanhantes para ajudá-lo.
Agora, com o advento da “Gripe Suína”, as pessoas, inclusive as bestas, recebem máscaras quando chegam ao aeroporto. Com medo da gripe nem abrem as bocas. Vai crescer e muito a venda do LIBRAS (Dicionário Brasileiro da Língua de Sinais). Como saber então, entre tantos, quem é o que fica besta por ter vindo da França, Inglaterra...? Neste caso é observar as máscaras. Se for daquelas verdinha ou azulzinhas, do tipo cirúrgicas, tudo bem. Mas se for uma máscara assim rosa choque néon. Eis aí a Marca do Besta.
Se eu tivesse um jornal a manchete seria:
Só Gripe Suína detém farra das passagens aéreas no Brasil
|
