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O PALHAÇO
João Victor

Resumo:
Terror!!

O palhaço. (parte 1)

   Após um tumultuado jantar, aqui estou, no escuro sozinho frente à TV desligada. Meus filhos choram no andar de cima numa birra interminável, com certeza pelo resto da semana vão me odiar; minha esposa, bem, digamos que ela seja protetora demais e também esta irritada comigo, mas isto não é uma novidade, de certo não para mim. Não desejava que fosse assim, mas o mundo não permite escolha à suas imposições, ele decreta e fim, não há palavras, ações ou anseios que modifiquem suas decisões, infelizmente não há.
Todo este problema iniciou-se pelo desejo infantil dos meus filhos de irem ao circo, não que seja um desejo desqualificado, pelo contrário, na teoria julga-se um desejo adequado, aceitável e até belo, mas a teoria às vezes confronta-se com a prática e a experiência que podem ser boas, ruins ou (no meu caso) infinitamente amedrontadoras e inesquecíveis.
   No circo (Na vida) há coisas que não deveriam ser vistas, mas por imposição do mundo, do destino os são, e, para os infelizes que as vivenciam, tornam-se maldições irreparáveis, pesadelos infindos, assim, a cada dia uma loucura vindoura. Contarei a vocês agora o que o mundo me mostrou, e o motivo dos meus pesadelos diários.   
   Tudo ocorreu na pequena cidade onde nasci e cresci chamada Martinópolis, muitos leitores devem conhecê-la, cidade pequena do oeste paulista, muita criação de gado, roça, etc. Era Março de 1952 quando “pequeno” meu melhor amigo me surpreendeu aos gritos no trilho do trem onde, eu, treinava pontaria com meu velho estilingue.
   -Vanderlei, O cir, o cir... O circo chegou na estação.
   Não entendi no inicio, mas após algum tempo “pequeno” conseguiu explicar que o circo acabara de chegar à estação de trem e a cidade inteira estava lá. Não demorou estávamos lá também, eu o “pequeno” e toda a cidade exaltados e apreensivos para ver o circo, na verdade, eu nem imaginava o que fosse um circo, só ouvira comentários escassos do meu pai “ Um bando de gente retardada, que se pinta e faz graça para ganhar dinheiro, e ainda, judiam dos animais”, meu pai poderia ter sido um dos primeiros ativistas ambientais se o mundo lhe houvesse dado alguma oportunidade, tragicamente o “se” modifica vidas.
   Não pude ver quase nada naquele dia, somente os vagões do circo, todos enfeitados com pinturas de animais, cartazes com colorido excessivo e caricaturas gigantescas, com exceção do ultimo vagão, este possuía uma madeira amarelada e velha, as manchas e musgos determinavam as numerosas chuvas qual o vagão já passara, pequenas janelas empoeiradas cerradas por uma cortina de linho vermelho, deterioravam ainda mais o vislumbrar do vagão.
   As portas dos vagões abriram, prontamente, um grito extasiado da população invadiu a estação, os integrantes do circo se apresentaram com pequeno show e comunicaram o tempo de sua permanência ”Há,Há chegamos na segunda. Partimos na segunda, aproveitem” .
   Todos os vagões se apresentaram, com exceção do ultimo vagão, o amarelado vagão de cortinas aveludadas. Às vezes a pequena cortina abria-se, e, entre o empoeirado vidro via-se deformada mente algumas crianças que inexpressivamente observavam a multidão.
    O Circo partiria na segunda, tínhamos portanto seis dias de espetáculo, seis dias para eu e “pequeno” conseguirmos o dinheiro das entradas, não fora fácil, trabalhei dobrado com meu pai na colheita de algodão, assim no domingo possuía, graças à farta colheita, o valor de duas entradas. “Pequeno” já não teve tanta sorte, seu pai estava doente, e toda sua economia fora reivindicada pela família, contudo paguei-lhe a entrada com um empréstimo e domingo no ultimo dia de espetáculo estávamos lá na suja arquibancada do circo.
      Hoje, como desejaria não ter ido.

   


Parte 2

   Observação: Esta é uma trilogia baseada em fatos relatados por parentes próximos. Nomes e referências foram alterados pelo fator privativo.
   A cada 4 dias serão editados os próximos capítulos.

   Exaltados, esta era a definição da cidade no último dia de espetáculo. O circo lotara, todos os ingressos foram vendidos, e muitos a mais foram disponibilizados. Muitos se amontoavam pelo chão, espremiam-se pelas arquibancadas e cadeiras; O prefeito que sentara próximo ao palco cedera seu colo a duas crianças de alguma família, a euforia era generalizada, o barulho entontecedor e ninguém parecia lembrar, muito menos dar importância, ao ocorrido no meio da semana, ninguém recordava do triste advindo com o menino, ou melhor, o futuro bandido da cidade Zinho.    
   Zinho morava na entrada da cidade, sua mãe morrera no parto e seu pai fora preso por roubo de gados aos seu seis anos, era criado por sua avó; uma senhora inválida e surda que por muitos era conhecida como: A velha macumbeira. Garoto rebelde e briguento, Zinho nos seus onze anos era protagonista na cidade dos mais variados tipos de furtos e agressões no meio infantil. Eu sempre fui vitima de suas ações tanto uma, quanto outra, a última o pequeno larápio, além de dar-me uma boa surra, roubara a bela botina bege de couro que meu afortunado tio Afonso de São Paulo me dera em uma de suas visitas. Ele passou a ostentá-la como um troféu, o melhor troféu de roubo que já conseguira.              
   Segundo o relato de Antônio o “sangue suga” irmão mais novo de Zinho, ignorado por todos os responsáveis, talvez por sua idade que era de oito anos ou pelas relevâncias absurdas execráveis pelos adultos tão cheios de si; Não sei ao certo, só sei que as crianças também conversam, e nessas conversas quase sempre não há discriminação quando o locutor expressa verdadeiramente seus sentimentos, sentimentos visíveis, reais e existentes expressos claramente no olhar amedrontado e carente do pobre “sangue suga”.   
   Segundo relato Zinho o convidara a adentrar nos vagões do circo para furtar algum dinheiro ou alguma coisa de valor, “sangue suga” atendeu na hora o pedido, admirava o irmão e também como todos sabíamos tinha uma queda pela delinqüência. Não demorou estavam os dois vasculhando os vagões, sorrateiramente, enquanto os integrantes do circo ensaiavam sob a tenda que fora instalada num pasto um pouco longe da estação.
   Zinho não encontrara nenhum dinheiro, apenas um relógio com a gravura de uma locomotiva, possivelmente era do maquinista.
O som do ensaio cessara, mas ainda faltava um vagão, o último, o vagão de cortinas vermelhas. “Sangue suga” disse a Zinho que o ensaio acabara e era hora de ir, o irmão, porém, ignorou-o com uma frase sua bem conhecida por todas as crianças da cidade “Cala a boca, Cuzão” e dirigiu-se a ultima empreitada. Zinho fora seguido pelo amedrontado irmão até a porta coberta de manchas e musgos do velho vagão.       Quando Zinho colocou a mão na maçaneta, ouviram vindo de dentro, o choramingar e murmurar de algumas crianças, uma aguda voz em seguida tornou o silêncio.
   - Não chorem meus filhos, não vêem que temos visitas, HÁ-HÁ-HÁ ele veio brincar com vocês, Não é Zinho?
    Zinho tentou vagarosamente descer das escadas, torcendo que o nome citado fosse uma mera coincidência com o de alguém no vagão.
   - Ei! Amiguinho, onde vai? Sabia que aqui dentro tem muitos relógios iguais a esse que carrega no bolso? Hum, sabia? HAHAHA, venha aqui ver, tem muito dinheiro também, sabia?
    Zinho viu uma nota de dez passar pelo vão da porta e estacionar sobre sua nova bota bege. Apanhou rapidamente a nota e vagarosamente seguiu em direção a porta, parou quando “Sangue suga” o agarrou pelo braço.
   -Zinho, vamos embora, por favor, eu estou com medo.
   -Medo do que? Cala a boca, não precisa vir seu bosta, fica aí.
   -É seu bosta fica aí! HAHAHA, bosta,HAHAHA. Disse a voz aguda do vagão.
   Zinho sorriu pelo tom da voz e lentamente fez a abertura da porta.
Dentro havia somente dois sofás, um de cada lado, e uma velha cadeira de balanço no meio, os sofás estavam repletos de crianças, algumas choravam, outras olhavam para a porta com olhar vazio e inexpressivo. No centro, desocupada, a cadeira de balanço balançava em movimentos sincrônicos.
   - Olha quanto dinheiro, olha Antonio, olha.
   “Sangue suga” não entendia, pois não vira nada, a não ser dois sofás empoeirados no chão repleto de folhas secas e poças de água, ao centro havia uma velha cadeira quebrada. Por não ver ninguém assustou-se ainda mais, quis correr, ele ouvira a voz, tinha que haver alguém lá, mas não havia, suas pernas tentaram uma fuga, mas, Zinho estava lá e pararam. Olhou para a nota de dez na mão de Zinho, não era mais dinheiro e sim uma folha seca repleta de insetos.
   - Zinho, Zinho o dinheiro, olhe, o dinheiro.
   Este já com os dois pés dentro do vagão, volveu seus olhos que brilhavam de ganância para o dinheiro, foi então que o medo lhe tomou. Não havia nada além de insetos que tornavam sua mão escura como a noite, começou a abanar a mão desesperadamente para que os insetos caíssem, ao mesmo tempo tentou descer, quando uma luva branca o agarrou pelo ombro.
   -Não HAHA amiguinho, entrou tem que ficar HAHA, tem que ficar.
   O choro infantil tornou-se alto e agudo dentro do vagão, agora era mais um grito de murmúrio do que simples choramingar. Zinho tentou fugir, “Sangue suga” agarrou-lhe a mão.
   -O ó o bosta quer vir também HAHA, o que honra SR BOSTA!!
Neste instante “sangue suga” pode ver por de traz do irmão a face que eu jamais esquecerei, com o susto soltou o braço de Zinho, um grande grito se seguiu encobrindo o choro das crianças. Zinho fora puxado para dentro, a porta se fechara juntamente com o murmúrio das crianças.
Com o barulho os integrantes do circo que voltavam do ensaio, correram em direção ao vagão, encontraram encolhido e tremendo o jovem “Sangue Suga”, após algum tempo este contou-lhes sobre seu irmão. Com certa dificuldade os homens conseguiram abrir a porta do vagão e lá estava Zinho, caído de olhos abertos, inexpressivamente fixos no nada.
   O médico, a polícia e os bombeiros foram chamados, “Sangue Suga” contou-lhes o ocorrido, mas não acreditaram, a história perdeu mais seu pouco valor quando encontraram o relógio do maquinista no bolso de Zinho.     
   Zinho fora levado a uma cidade próxima, onde constataram posteriormente, um grande acidente vascular cerebral (derrame). Ele com certeza não poderá mais roubar, nem bater em ninguém, ficou completamente catatônico, direcionado a viver em um hospital psiquiátrico pelo resto da vida.
   A policia fez seu trabalho, interrogou o palhaço e alguns integrantes do circo, estes, afirmavam um belo álibi; o palhaço esteve com eles durante todo o ensaio e ainda sendo muito prestativo no socorro ao jovem Antônio. Contaram que o velho vagão servia para carregar as tralhas não mais utilizáveis, portanto era pouco utilizado. O policial pode ver que o vagão estava lotado de caixas velhas e roupas inutilizadas, estava lotado, quase não se podia andar dentro dele.
Realmente o palhaço fora muito prestativo com “Sangue suga”, foi o primeiro a dirigir-se ao garoto, pediu água com açúcar, fez-lhe carinho nos cabelos, e em um momento de distração do pessoal do circo com a chegada da polícia, sussurrou-lhe no ouvido.
   -Não quer entrar agora? Hã? Amiguinho bosta.
   “Sangue suga” desmaiou.   




O palhaço – Final.
   
   É estranho como a agitação, o tumulto a euforia insensibiliza o meio. São poucas as pessoas que conseguem manter-se sã diante da unificação destas atitudes, uma névoa relapsa possui o contexto de forma a destinar total credito às insignificâncias e nenhuma importância ao credível e útil.
   A cidade estava tomada, fora invadida por um batalhão de lazer e novidades, tudo que possuía relevância fora colocado de lado para ser visto somente após segunda (Partida do circo). Toda cidade parecia absorta num egoísmo próprio; o da diversão e o negligenciar temporário da realidade e compromissos.
   Uma névoa de insensibilidade, de egoísmo e negligência chamava agora: Martinópolis.
   No início do espetáculo, a névoa pairou sobre o publico. Os gritos eram medonhos, crianças choravam a procura dos pais, estes insensibilizados por um egoísmo latente digeriam o lazer sem se preocupar, ou ao menos pensar naqueles que deveriam defender. Tudo era confuso e a observá-la um medo medonho dos homens latejou-me no peito.
   Tudo poderia acontecer ali nobre leitor, mas acreditem, poucos veriam.
   Eu, sentado no alto da arquibancada observava atônito as atitudes, a simplicidade do povo tornara-se uma arma para o prazer, uma libertação da dura vida, amantes se acolhiam, homens gritavam, brigavam, muitas mulheres batiam em suas crianças, forçando-as o cessar do choro que as incomodava.
   As crianças (inclusive eu) choravam, era um choro de tristeza imotivada, algo completamente irresistível. Tal sentimento parecia atingir muito mais as crianças menores, inclusive as de colo. Mas lhes digo em verdade, por maior que fosse a tristeza, não queríamos sair, aquilo era como disse: irresistível.
   O prefeito derrubara com volúpia as duas crianças de seu colo, para poder beijar e acariciar três mulheres ao mesmo tempo. O médico dançava e gritava observando o espetáculo. O padre cuspia no crucifixo enquanto apalpava o quadril de uma adolescente que chorava infindamente. Homens se socavam aos risos. Mulheres se acariciavam com carinho e luxuria, mas todos, sem exceção, mantinham-se ligados ao espetáculo.
   Tentei conversar com “Pequeno” que já tinha toda a camiseta molhada pelas lágrimas, mas ele não respondia, ou eu não falava, paralisados, inviabilizados pela névoa. Desisti de tentar, porque alias não poderia deixar de olhar o espetáculo; como era lindo.      
Não sei se poderei explicar ao certo o que vi no espetáculo, tentarei com muitas falhas expressar minha confusão cognitiva gerada na grande névoa em somente um número.
   Um narrador oculto anunciava os números, no primeiro, algumas dançarinas semi-nuas pareciam voar, mas como vou dizer, bem, voavam sem sair do lugar, elas se esticavam, sem acrescer altura, como se elas movimentassem-se muito rápido, seus rostos estavam tampados com vestes que brilhavam, ora como ouro, ora como a mais amedrontadora escuridão, por mais bizarro que possa parecer, a névoa tornava lindo.
   Os outros números por tão medonhos e execráveis, tão quanto inexpressivos, opto por não descreve-los, com exceção do grande final, que torna-se o motivo desta comunicação.
   Com os olhos transbordando, ouvi o anuncio do último número, som este que parecia surgir de dentro da minha cabeça, como um pensamento, um pensamento estrondoso.   
   “E agora, nobre infortunados, senhores da alegria e do prazer, trago a vocês o senhor do espetáculo, que fará você rir e gemer, o mestre apalhaçado: REDNÊR.”
    Acredito que, qualquer pessoa que desejasse pronunciar uma palavra, não conseguiria. O circo ficou em silêncio, estático a visualizar o palco.   
   Uma grande bicicleta de sete lugares adentrou por entre as cortinas, vagarosamente dirigiu-se ao centro do palco, ninguém a pilotava, os pedais giravam ritmicamente lentos, lindo, como eu disse; irresistível.
   Ao chegar ao centro do palco, um estalo, seguido de um grande Grito:
   - REDNER
   A bicicleta agora estava ocupada, no centro, vestido de dourado, um grande palhaço com os braços levantados, nos outros acentos varias crianças de cabeça baixa com os braços abertos.
   O circo encheu-se novamente de euforia, a névoa liberara as vozes.
   O palhaço utilizava as crianças para fazer-nos rir, e como riamos, como era lindo, majestoso e sublime. Entre as crianças havia uma que utilizava uma grande e colorida máscara medieval, ela somente chamou-me a atenção pelo fato de utilizar um belo par de botas beges, botas únicas que meu tio fizera pessoalmente para mim, com certeza eram as minhas botas. Indescritivelmente naquele momento eu não fazia mais parte da névoa. E, sim, aquele garoto certamente só poderia ser o Zinho.
   Eu era somente medo naquele momento, tentei pedir socorro, eu gritava por dentro, mas não tinha voz, era horrível. Tentei levantar-me, não consegui, persisti no intuito e com muito pesar consegui. Com toda a força que eu poderia exibir tentei dar algum passo, quando estava conseguindo, lembrei-me de “pequeno”.
   Virei-me para meu amigo na intenção de puxá-lo, mas antes que eu pegasse seu braço REDNER e Zinho estavam ao meu lado, assustei-me como nunca, olhei por reflexo para o picadeiro, e lá estavam REDNER e Zinho dançando, automaticamente tentei fugir uma voz aguda travou-me os movimentos.
   -Hum HAHA olhem lá, hum, não gosta de circo, hum? Quer sair HAHAHA, olhe Zinho meu NOVO FILHO ele quer sair HAHAHA, HUM!
Zinho permanecia de cabeça baixa, agora estava sem a máscara. O palhaço aproximou-se próximo ao meu rosto, seus olhos eram grandes e sujos, sua boca maquiada era gigantesca e sua pele pálida como uma vela, aproximou-se ainda mais, pude sentir seu hálito podre quando disse:
   - Quer sair não é? HAHAHA Não,não,NÃO. -Entrou tem que ficar, HAHA, tem que ficar.
    Seus olhos se contorceram, aquela coisa expressou seu ódio e mostrou-me sua verdadeira face. Seus dentes viraram presas, seus olhos agora eram de lobos, seu rosto arredondou-se e esticou-se, acreditem um verdadeiro demônio ficou a dois centímetros da minha face.
   Com a visão, cai sentado em meu lugar, atônito, perdido. Por estar sentado pude ver o rosto de Zinho que continuava com a cabeça baixa.   Não havia olhos, somente duas cavidades escuras, por onde escorriam lagrimas de sangue.
   Numa última tentativa, avancei para “pequeno” no ímpeto de conduzi-lo para fora daquele lugar, o palhaço barrou-me.
   -Ta boMMM, pode ir HAHA, pode ir, pode ir,HAHAHA, hum? -Quer ir? Pode ir, não vou impediririr, não, não HAHAHA.
   - HAHAHA. - Mas ele fica, entrou tem que ficar.
   O monstro agarrou o braço de “pequeno”. Zinho com seus olhos de sangue começou a gritar de forma estrondosa. “Pequeno” suspirou. O palhaço sumira e no palco ele gritava com meu amigo em seu colo.
   -Fim do show. -Lembrem-se HAHAHA entrou tem que ficar.
   O palhaço e as crianças desapareceram atrás das gigantescas cortinas.
   O publico gritou extasiado.
   Tudo desaparecera, o povo voltara ao normal, com exceção de “Pequeno” que ao meu lado olhava profundamente para o nada, imóvel e incapaz.


   Obs.: Enquanto eu e alguns curiosos tentávamos ajudar “pequeno” pude ouvir um diálogo entre pai e filho que se retirava do circo.

   - Gostou do espetáculo, filho?
   - Sim, sim, mas não consigo me lembrar de tudo, só não esqueço o palhaço.
   -É. O pai parou, coçou a cabeça. - Estranho, eu também, hum... Que belo palhaço.

             Como eu desejo, todos os dias, não lembrar também.

Fim.



    
            
      


Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Contos O TOQUE DA BRUXA João Victor
Contos O PALHAÇO João Victor


Publicações de número 1 até 2 de um total de 2.


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