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Flora Fernweh

Nunca entendi a insistência humana em intitular tudo aquilo que existe no plano das ideias, no mundo dos seres e dos objetos, no alvorecer das sensações. Se fossem livres, tantas almas que costumeiramente restringimos a objetos de prazer e desprazer, jamais se limitariam a enforcar suas vastas essências em um conjunto organizado e resumido de palavras. Sentimos falta do significado que um dias os nomes arrancaram de todas as coisas, sei que não é tarefa fácil encontrar um terreno etimológico em que se possa reconstruir aquilo que demolimos pelo cansaço em preservar um motivo que nos orgulharia. A confusão abstrata nunca foi a mais linear e certeira do que aquela que é neste exato momento, nas entrelinhas da existência mergulhamos em um mundo livre de definições e de banalidades conceituais. Nesses breves refúgios que a vida proporciona, somos livres para sentir aquilo que se transformaria em outra coisa caso um nome lhe fosse dado, a raiva que sinto não é a mesma que você sente, o sentimento não pode ser o mesmo em universos tão diferentes com tantas peculiaridades e agonias. A raiva que guardas em seu peito seria encarada por um outro alguém por aquilo que ele chama de paixão e em um instante inundaria um peito de amor com a cólera de outrora. Nomear, rotular e classificar nos apequena diante da abundância da imensidão inalcançável que existe, a beleza reside no claustro do silêncio, onde a perfeição não pode ser dita, apenas vislumbrada. É imprescindível ter títulos para intitular? Quem nomeia é somente aquele que tem autoridade perante o mundo? Mas qual mundo se submeteria a uma avaliação meticulosa de um ente imaginativo que é só mais um elemento entre tantos outros? Toda espécie de revelação me desencanta, gosto de sentir o dócil sopro do mistério em meu ouvido, ler; ouvir; sentir. tocar o mais completo desconhecido, como um ser que de repente ganha vida, como uma confissão inesperada. Apesar de tudo, ainda temos uma pequena sorte errante… o coração não se vende às palavras, ele apalpa os gestos e bate em ritmo de desvendo, sedento por um sentido maior do que aquele atribuído pelo homem que o tem, e compassado com seu ânimo inato de ainda não saber o nome daquilo que o apunhala.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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