minha infância
não foi em meio
à multidão
de homens
com gravatas,
visitando
galerias virtuais,
piscinas azuis,
seguindo as
tendências da moda,
da arte contemporânea.
e apesar de sofrer
algumas vivências
em discórdias por
causa de bebedeiras,
brigas, mágoas,
ressentimentos, raivas,
minha vida foi
tão doce igual
à um pão-de-ló
e posso cantá-la
em verso e prosa,
para relembrar
o dia de ontem.
minha infância iluminada,
nasceu de um
ventre da roça,
perto da casa
do meu avô,
entre animais,
charretes, carroças,
abóboras
e batata-doce.
foi ali que surgi,
do nada,
morando num
casebre sem fundo
à beira
da sombra do sol
e de braços dados
com a lua.
sou simples,
igual a caroço
de pêssego,
e cresci vendo
os pais fainando,
penando.
pobres,
- decerto -,
mas ouvindo
a língua romana,
o latim
dos padres
e missionários.
tomando a ceia
no cálice dos eleitos
nos finais de semana,
em dias de festa,
- considerados bentos -,
e nos feriados
do tempo,
que já se foi alado
lá pro outro lado
do passado.
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