Quero beijar o amor,
como beijo sempre
dentro de nós seus efeitos,
e lá fora ao sol sentir
o repouso da luz sobre a pedra pacífica,
essa pedra que nunca pede nada em troca
pelos seus feitos dentro dos peitos
dos homens que curvam as frontes,
sujeitam-se,
ser quase alguém que não querem ser.
Quero beijar as faces da paz,
como no Monte Santo certa vez
uma gota clara,
carregando por dentro
um microcosmo de experiência humana
os lábios puros dos homens
livres de orgulho e altivez tocou.
E sem que seja possível ir mais longe,
em retribuição ao imensurável
e imperscrutável milagre de existir,
quero por um toque divino,
para dentro da nascente onde
verdadeiramente
brotam águas que depuram a criatura inteira
simplesmente, lentamente, deslizar,
e lá permanecer imersa,
experimentando o sublime,
assim como a luz,
e nela acreditar.
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