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O jardineiro das flores mortas
Quem veio primeiro, jardim ou o jardineiro?
Francisco Canindé Sousa Soares

Resumo:
“Seja como as flores que desabrocham, sem ter medo de murchar. O amor é como uma planta que temos sempre que regar, mais nem toda flor que murcha é porque envelheceu, e sim por que deixaram de cuidar.”
O jardineiro das flores mortas

O jardineiro das flores mortas
Por Francisco Canindé Sousa Soares

Henry Beecher disse uma vez, “as flores são as mais doces coisas que Deus já fez, e se esqueceu de colocar alma dentro”.
As flores são com certeza uma das maravilhas da criação. As flores têm uma vida muito curta, mas sem dúvida muito significativa.





2016

“O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo os sonhos estão cheios de jardins. O que faz um jardim são os sonhos do jardineiro.”

“Seja como as flores que desabrocham, sem ter medo de murchar. O amor é como uma planta que temos sempre que regar, mais nem toda flor que murcha é porque envelheceu, e sim por que deixaram de cuidar.”
O jardineiro das flores mortas

Ela me olhou nos olhos e sorriu. Aquele sorriso não era como os outros, radiantes, expressivos e contagiantes, esse é diferente e ambos sabíamos que seria o ultimo, sua boca já não podia conter o sangue que anunciava sua partida e então mentiu friamente, "vai ficar tudo bem meu amor."
Quanto mais pensava na vida, mais tinha certeza da morte. E não conseguia achar as respostas para as perguntas que tiravam o sono. Será que o sonho acabou? Será que é só isso? Será que o que somos se foi? Sei que a tempestade dará seu lugar a um dia de sol. Mas, afinal o que é a morte? Pensei por alguns instantes... o fim de tudo? Uma transição? Não sei... O que é a vida? Também não sei, afinal por apenas um curto período tive uma.
É um inicio bem confuso e traumatizante eu admito, até entendo que devem ter muitas perguntas, mas eu não sou do tipo que se apresenta logo de cara e responde suas perguntas. Querem ouvir minha história? Venham comigo, eu lhes contarei ao longo da estrada. Por enquanto devem ficar satisfeitos em saber meu primeiro nome, Jhon, e se tiverem paciência, talvez aos poucos descubram quem eu sou.
A cafeteria Puro sabor está como sempre, calma como um navio ancorado no porto, aquela moça ali no caixa se chama Elen, sei o nome de todos os funcionários, já venho aqui a um bom tempo e principalmente porque está escrito em seus crachás, ela é uma daquelas que não larga do celular, imagino que o mundo lá dentro seja melhor que o aqui de fora, e lá está o Martin com aquele chapeuzinho ridículo e um sorriso estampado no rosto, cumprindo bem o seu papel, sempre com as cordiais boas vindas e em seguida entrega o cardápio, ele é um cara legal, já sabe o que os clientes querem, afinal de contas, os clientes são quase sempre os mesmos, eu, por exemplo, nem se fala o Martin nem me traz mais o cardápio, só pergunta: O de sempre Sr Jhon? É que eu sempre peço um café expresso. Enquanto saboreio meu café entro de cabeça nos livros ou apenas lembrando-se de como esse lugar foi importante quando tive uma vida significativa e às vezes simplesmente fico ali parado observando as pessoas, o que dizem, seus gestos, sorrisos, lagrimas, encontros e partidas. Me vejo diferente dessas pessoas, não gosto de conversar com ninguém, não sorrio e muito menos marco encontros, marcar encontros... Há... Essa foi boa. Partir? Uma vez pensei em fugir de casa, sumir pra ninguém me achar, dai me lembrei que moro sozinho. O lado bom é que não tem ninguém pra reclamar dos pratos sujos, ninguém pra falar da minha bagunça, ninguém pra abrir as janelas e deixar o dia entrar, ninguém pra... Pra ser alguém pra mim.

O caminho pra casa é um pouco escuro, algumas lâmpadas estão queimadas, e isso é bom, gosto do escuro assim os vizinhos enxeridos não me vêem chegando, o Marcos que mora de frente e a Maria da casa ao lado, eles sempre vem querendo puxar assunto comigo, e ai Jhon, beleza cara. Ou oi Jhon fiz um bolo de cenoura, você aceita? Haaaaar... Bolo de cenoura... Odeio cenoura. Moro logo ali, onde um dia fui feliz, meu endereço não interessa, afinal odeio visitas. As únicas pessoas que batem na minha porta são pra falar de Deus, e isso me faz pensar, se ele cuida de todos os humanos, eu devo ter sido catalogado em outra espécie.
Em casa a tristeza às vezes é tão forte, que o melhor é fingir que não houve morte, mas... Mas ainda está tudo lá, as suas roupas bem passadas e ainda no guarda-roupa parecem esperar que ela volte de surpresa. Já faz um ano e eu ainda coloco dois pratos na mesa na hora do jantar. Fica difícil esquecer. Minha história não tem final feliz. Talvez um dia algum escritor medíocre e desconhecido aceite escrevê-la, eu só espero que me dê um titulo legal, tipo "A vida miserável de Jhon" ou talvez, "Vida e morte em um jardim sem flores". Ou talvez eu não deva dizer isso sobre minha vida já que não é vida como está e sim as coisas como são. A vida é frágil e viver só é lindo quando se sabe amar. Aprendi a ser forte, não como uma flor qualquer que murcha quando lhe falta água, mas como uma mirabilis que passa um tempo considerável sem água, e mesmo assim exibe sua exuberante existência.
Quando as rosas estiverem mortas, quando já não houver nenhuma flor, nem mesmo jardim, eu ainda estarei lá, pois havendo um jardineiro mais cedo ou mais tarde surgirá um jardim.
Quando as sementes não brotarem, quando até mesmo a terra disser isso não importa, eu ainda estarei lá como um jardineiro das flores mortas.
O inicio
Tudo começou a uns dois anos atrás, no café Puro sabor, um lugar de requinte e pessoas ricas, Martin era só um garçom iniciante, que deixava o café transbordar na xícara, e sempre nervoso e tremulo ao atender os clientes, e lá estava eu, observando como sempre. Mas não sentado lá como os outros clientes, olhem direitinho lá pra fora, sentado na calçada do outro lado da rua, sim, esse sou eu, observando e pensando se um dia eu seria alguém na vida, se poderia me sentar ali e saborear um bom café expresso. Claro que eu tinha dinheiro, nunca passei fome. Ou passei? Não lembro, foram dias difíceis, por isso não me dava ao luxo de gastar em lugares como aquele. Mas lá no fundo eu queria estar ali. Eu era só um amante da lua, um pobre coitado que morava no subúrbio e ganhava apenas o suficiente para não passar fome. Mas a minha vida era como uma flor murchando, a cor estava se esvaindo e as pétalas caindo.

Trabalhava de jardineiro, o que era muito gratificante e prazeroso, mas eu não era um profissional do ramo, por isso nem sempre havia trabalho pra mim, e tinha que ter sempre o dinheiro pras contas, eu acho que essa parte vocês me entendem bem, eu vivia entre dias ruins e dias piores. Andava por toda a cidade trabalhando e procurando novos clientes, algumas vezes a pé, assim economizava as passagens de ônibus. Jardins pequenos, jardins grandes e algumas vezes apenas aparar a grama. Olha só, sexta feira, e adivinha... Todas as sextas eu passava por perto do café Puro sabor, e sempre, sempre tive vontade de me sentar a uma mesa ali e apreciar um bom café enquanto ouço uma boa musica. Espera ai. Já chega disso. Eu trabalho duro e mereço isso, mas não assim do jeito que estou hoje, todo sujo de terra. É mas... Ser jardineiro é assim mesmo, afinal eu estava trabalhando. Então vou lá assim mesmo.
Aqui estou eu, e dessa vez sentado onde eu tanto queria e novamente observando e aprendendo elevados padrões de comportamento, afinal quem sabe um dia eu seja um grande jardineiro e passe a freqüentar lugares como esse sempre, eu vou ter que aprender a ser alguém na vida, a ter bons padrões de comportamento, mas na verdade ainda estou pensando se o que me trouxe aqui foi coragem ou medo de nunca vir, talvez nenhum dos dois, espera ai... Será? Aquela moça parece estar olhando pra mim, e se eu não estiver enganado parece a mesma que falou comigo semana passada enquanto eu estava sentado na calçada. Eu lembro bem, já que dificilmente alguém diz boa noite para uma pessoa suja que está sentada em uma calçada. Ela é linda como uma pluméria e vibrante como um jardim de tulipas. Mas deve estar pensando o que um coitado como aquele está fazendo aqui. Acho melhor eu ir embora mesmo, afinal já bebi meu café, e ainda por cima moro longe, então não tenho motivos pra ficar.
O fim de semana é sempre igual, eu e os filmes juntinhos, lá fora a criançada correndo e se divertindo. Moro no subúrbio, aqui o aluguel é mais barato, mas também não poderia ser diferente já que não temos iluminação publica e nem asfalto. Mas as pessoas em sua maioria são felizes, plantam seus legumes no quintal e quando chega o entardecer todos se sentam na frente de casa como se não existisse TV. Na frente de casa acima da porta uma inscrição dizendo que é um lar. Enfim é aqui que eu moro. Quando o aluguel atrasa o senhor Mario já vem com as ameaças de sempre, “vou por suas coisas pra fora rapazinho.” Como ele é bobinho, se fosse esperto saberia que eu não tenho nada para por pra fora. E na segunda feira de volta ao trabalho, e lá vou eu ver como está o jardim da Dona Elza, uma senhora simpática e bem humorada, nem parece que tem 70 anos.
- bom dia Dona Elza como a senhora está?
- Do jeito que você está vendo meu filho.
Eu disse que ela é bem humorada.
- Como está o jardim Dona Elza?
- As formigas estão atacando de novo.
Um jardim que venho cuidando há algum tempo, e que está sempre impecável.
Ao fim do trabalho Dona Elza me informou que há um grande jardim que precisa de cuidados na casa de uma conhecida. Rua 23 casa 37 umas três ou quatro quadras abaixo do café Puro sabor. Ao que parece já tenho trabalho para sexta feira.
Sexta e aqui estou eu no endereço certo. Um jardim e tanto para cuidar, está um pouco abandonado, mas não deveria, já que é a primeira coisa que os visitantes olham. vamos ver se tem alguém em casa.
Mas quando a porta se abriu eu tive uma surpresa, que me fez perder as palavras.
- Olá... Você é o jardineiro?
Ai caramba! É a moça que estava me olhando sexta passada na cafeteria. Ela é mais linda que uma rosa vermelha. A voz suave, como um vento que começa a soprar. estou na porta do amor, meu coração acelerado parece saltitar.
- Prazer eu sou Jhon Roberto o jardineiro.
- Que ótimo, eu me chamo Alice, a Dona Elza falou que você é um jardineiro muito bom, fique a vontade para fazer o seu trabalho.
Lírios, jasmins e rosas, a moça tem bom gosto, quando eu terminar, essa grama vai ficar impecável. Sei que não sou o melhor no que faço, mas faço o melhor que posso. O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. É assim que vivo, eu simplesmente persigo minha visão de excelência em tudo que faço, deixando para os outros a decisão de saber se estou trabalhando ou me divertindo. Mas pra mim estou sempre fazendo as duas coisas simultaneamente. A felicidade cresce no nosso jardim de idéias. Dê uma olhada no seu jardim. Que pensamentos você plantou? Que sementes trouxe da vida? Veja seu estoque de idéias. São novas? Você tem uma boa variedade? Eu sempre deixo um estoque de beleza suficiente para os olhos não se entregarem a monotonia.
Enquanto trabalho livremente, não posso deixar de perceber os lampejos de curiosidade entre uma janela e outra. Parece que a dona da casa está gostando de como o seu jardim toma forma. Ao fim do dia, o trabalho ainda não está em sua plena forma, mas com alguns dias para as novas mudinhas de plantas crescerem, garanto que não vai haver jardim mais lindo. Mas por hoje eu acabei o trabalho e adivinha pra onde eu vou? isso mesmo, vou pro café Puro sabor.
Normalmente uma pessoa vai pra um barzinho na sexta depois do trabalho, mas eu gosto de ir pra um lugar onde eu posso sentar e apreciar um bom café expresso, ficar ali refletindo enquanto observo tudo em volta, os detalhes e as pessoas. Ciências humanas? Antropologia? seria bom... Mas por enquanto vou ficando aqui mesmo com o café. E acabo de lembrar que no ultimo jardim que cuidei a moça me deu uma grana a mais pelo bom trabalho que fiz. Ela disse que o jardim nunca ficou tão bonito assim antes, e as flores bem destacadas. Vou usar esse dinheiro a mais que consegui para comprar umas roupas melhores. O mais interessante é que aqui ninguém liga se eu sou rico ou pobre, branco ou negro, as pessoas simplesmente passam por mim e me desejam boa noite, isso nunca aconteceu enquanto eu estava ali do outro lado da rua sentado na calçada. Espera ai, já teve uma ocasião sim, aquela mesma moça bonita e educada da qual cuidei do jardim hoje, ela sim já me cumprimentou quando eu estava ali na calçada sentado. Ela é realmente especial.
Minha mente viajou por alguns instantes para longe, e não puder perceber que há alguém acenando para mim da mesa lá dentro da cafeteria. Olhei para trás e percebi que só podia ser comigo, pois não havia mais ninguém perto de mim, espera ai... É ela. Como é mesmo nome dela? Aline? Sim, Aline. Eu devo ser mesmo um cara de sorte. E agora o que eu faço? Eu não posso ir lá dentro assim todo sujo de terra e cheirando a adubo orgânico. Melhor eu acenar e ir embora antes que ela venha aqui. De repente...
- Jhon Roberto espera.
Agora ferrou, ela lembrou meu nome e está vindo pra cá, e eu não faço a mínima idéia do que dizer. Já sei digo que estava esperando alguém, mas a pessoa não veio. Há, eu penso rápido mesmo.
- Oi Srta Aline que coincidência hein.
- É eu tenho vindo bastante aqui, sou apaixonada por um café expresso.
- Éeee deve ser bom mesmo hein. Éeee quer dizer, eu também gosto hehe. Eu só tava aqui esperando alguém, eu...
- Serio? que estranho, eu te vejo indo embora sozinho todas as sextas feiras.
- Hum?... Toda sexta? deve ser outra pessoa por que...
- Não! É você mesmo Jhon Roberto, eu tenho observado muito bem você sentado ai sozinho e às vezes sentado lá na calçada. E como eu sempre venho aqui sozinha também, pensei em sentarmos juntos pra conversar hoje, o que você acha?
- De jeito nenhum. Talvez outro dia, quando eu estiver com roupas melhores pra ficar perto de uma moça bonita como a Srta. (como se eu tivesse alguma roupa melhor)
- humm eu entendo, próxima sexta então? O que você acha?
- Combinado, a gente se vê então, agora tenho que ir. Tenho um compromisso muito importante. (fugir como um animal arisco e depois correr e gritar de felicidade)
Lembro-me que no caminho pra casa eu só pensava uma coisa. Será? Será que ela é tão legal assim? Ou está só fazendo um pouco de caridade com um pobre coitado que viu jogado num canto escuro? Talvez eu não deva aparecer por lá novamente. Mas logo eu que tanto gosto de ficar por ali, agora me dá arrepios só de pensar em ir lá com aquela moça. Espera! Porque eu estou tão nervoso assim? Eu conheço o lugar, gosto das pessoas que freqüentam ali, e ainda por cima vou ter uma ótima companhia. Então estou decidido, eu vou aceitar o convite da Srta Alice.
A semana nunca antes tinha passado tão depressa, e a tão aguardada sexta chegou. Eu gastei até o dinheiro do aluguel com roupas e perfume, mas não me arrependo, eu estava finalmente vestido a altura de um encontro com uma linda garota em lugar chique. Ao me olhar no espelho quase não me reconheci, acho que nunca estive tão bonito assim, talvez seja porque quase nunca ia ao cabeleireiro.
Café Puro sabor, aqui estou eu, e dessa vez esperando uma garota. Quem diria. Olha o garçom, ele nem faz idéia de quem sou eu, e que eu já o conheço e que estou sempre por aqui às sextas, o nome dele é Martin, e... Depois eu falo com vocês, agora ela está vindo.
- Oi Srta Alice, tudo bem?
- Oi Jhon Roberto, que bom que você veio. E como você está elegante heim.
- Obrigado Srta.
- Então vamos apreciar um bom café e uma boa conversa Jhon, como vai o trabalho? De fato você é um ótimo jardineiro. Sabe aquelas mudinhas que você plantou já estão crescendo, e eu estou ansiosa para ver como vão ficar quando estiverem florindo.
- Sim, mas eu ainda não sou um jardineiro muito conhecido.
- Como descobriu esse amor pelos jardins?
- Não sei! Apenas gosto, ou melhor, amo as flores, a grama, os arbustos, enfim, está tudo lá, as borboletas, os pássaros, a vida. Por isso quis ser um jardineiro. Afinal tudo começou em um lindo jardim chamado Édem, e o que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? muitos dizem que foi o jardim porque quando o homem foi feito já existia o Édem, mas alguém antes, teve que cultivar o jardim em que o homem foi colocado. Portanto quem veio primeiro foi o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo os sonhos estão cheios de jardins. O que constrói um jardim são os sonhos do jardineiro.
- Você realmente ama a natureza heim, a Dona Elza me falou bem de você, e disse que você é uma pessoa boa de coração e que iria cuidar bem das flores do meu jardim. Ela estava certa.
- Dona Elza é realmente um amor. Ela é um pouco solitária, mas bastante amorosa, eu percebo isso vendo como ela cuida bem do jardim dela, eu quase não tenho trabalho quando vou lá. Pra ser sincero ela só me paga para dar um jeito nas pragas que atacam o jardim. Eu já sou o jardineiro dela há algum tempo, e já pude perceber que apesar do jeito de durona, ela é bem amorosa.
- É verdade. A gente poderia convidá-la para vir aqui ou simplesmente sair de casa um pouco. A Dona Elza quase nunca sai de casa, não tem muitos amigos e me parece bem carente. E que tal se eu, você e a Dona Elza almoçarmos juntos amanhã?
Eu não poderia perder isso por nada nesse mundo.
- Puxa seria ótimo.
- Então ta combinado eu ligo pra ela e a gente se encontra na minha casa amanhã pro almoço.
E lá estava eu, o mais próximo que já estive da felicidade. Eu já estava apaixonado antes de conhecê-la, imagina agora que tinha sido convidado pra almoçar na casa dela. Eu devo estar louco, mas a minha mente estava lúcida e com os dois pés no chão. Posso até nunca ter tido alguém, mas sei que quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela. Melhor é o arrependimento de não ter feito do que o de ter feito algo irreversível e sem volta.
Temos que nos bastar... Nos bastar sempre, e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. E... Afinal por que eu estou falando sobre isso com vocês? Vai ser só um almoço e nada mais. Vamos voltar para a realidade.
A noite foi longa, não consegui dormir, que tipo de assunto eu vou conversar com elas? Devo levar um presente? Não tenho grana pra presente. Espera, já sei, flores. Flores! As mulheres amam flores.
E lá estava eu indo para um segundo encontro com a felicidade.
Da primeira vez que toquei essa campainha eu não fazia idéia de quem iria abrir a porta, mas agora sei bem que é a mulher mais linda e gentil que já conheci na vida.
E quando a porta se abriu...
- Oi meu filho, entre a Alice está na cozinha.
- Olá Dona Elza, como a senhora está?
- Estou do jeitinho que você está vendo.
Eu retiro o que disse sobre a mulher que iria abrir a porta.
- Alice eu lhe trouxe um presente, é uma muda de Calla (jarro branco) para o seu jardim ficar ainda mais bonito. Quando essa planta crescer ela vai ser a mais linda de todas, com folhas grandes e uma flor branca que tem um significado que me lembra seus olhos. Significa Inocência, pureza e paz.

- Jhon eu amei o presente. Muito obrigada, e prometo que irei cuidar dela todos os dias com muito carinho.
- Fico feliz que tenha gostado. Eu trouxe um vaso com uma muda, pois gosto das flores vivas e se cortamos uma flor, ela está morta.
Como alguém oferece como presente à um ser vivo algo que em minutos irá começar a se deteriorar?
As flores cortadas são para os defuntos, por isto exalam odor característico que nos lembra velório.
Acho que as pessoas oferecem o que elas gostam e nem sabem do gosto do outro.
Pensam que estão agradando, sendo cavalheiros, homens raros...
Mas não somos o que os outros vêem, somos o que está em nossos corações.
Espero que as pessoas plantem um jardim e cuidem dele, apreciem. Curtam a natureza viva.
Buquês que sejam para quando falecer.
Para aqueles que gostam de presentear com flores, a dica é dar flores vivas. Ao invés de dar um buquê que vai morrer daqui a 4 ou 5 dias, compre uma orquídea em flor. Plantada, viva e bonita. Begônias, bromélias, gérberas, girassóis, rosas, hortênsias, margaridas... Todas essas podem ser criadas em muda. Acredito que dar uma flor em um vaso tenha um significado muito maior do que dá-la em um buquê, sem raiz, cortada, fadada à morte. Como se o amor estivesse igualmente fadado ao fim?
O almoço foi ótimo e a companhia melhor ainda. E os encontros foram ficando cada vez mais constantes enquanto eu ficava cada vez mais apaixonado. O amor bateu em minha porta e eu abri e o convidei para ficar.
Com o tempo, aprendi que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, entender que a felicidade não está em um lugar ou em alguém, mas ela vem de dentro pra fora. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
E em um de nossos encontros, enquanto alternava entre um gole de café e um pedaço de chocolate amargo, ela me abriu seu pequeno grande coração. E para cada palavra que dizia uma lagrima caia, e eu me via diante de um espelho.
Com um sorriso tão triste, o olhar tão profundo de quem muito já sofreu.
Suas mãos tão pequenas e frias, sua voz tropeçava também.
Me falava da infância de lágrimas, nunca teve ninguém.
Nunca teve amor, não sentiu o calor de alguém.
Nem sequer ouviu a palavra carinho, seu ninho não resistiu.
Quando olha no espelho percebe que até seu rosto sumiu.
Sinceramente, eu chorei de tristeza ao ouvir tanta coisa que a vida oferece e a gente padece, sem querer.
Depois de tudo que ouvi de nenhuma palavra consegui esquecer.
Eu me vi diante de um espelho. Ela me ajudou a ver como somos iguais mesmo ela tendo tudo e eu não tendo nada. Desse dia em diante jurei que estaríamos sempre juntos e não deixaria nada nos separar. Ela também estava perdida e por isso se agarrava a mim também e eu me agarrava a ela, eu não tinha mais ninguém.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!
Acho que ainda não descobri se ela me achou ou se eu à achei. Eu era apenas um ninguém, mas ela me tratava como um rei.
E então finalmente eu me senti em paz comigo mesmo e com o mundo em minha volta, as flores tinham mais flagrância, mais cor e vida e os jardins pareciam mais completos. Acho que o nome disso é felicidade.
A vontade de se ver era tanta que eu ia sempre dormir mais cedo só para chegar logo o dia seguinte. E então...
- Jhon você falou ontem que tinha uma surpresa pra mim, lembra.
- Sim. Lembra que eu tinha falado que estava economizando bastante ultimamente? Pois é, eu comprei alianças pra gente. Você quer se casar comigo Alice?
- É claro que sim.
- Acho que o pedido não poderia ser em outro lugar, já que foi aqui no Puro sabor que a gente se conheceu.
- Sim eu concordo esse lugar já se parece com a gente.
O dia do casamento foi inesquecível, as testemunhas do casamento não poderiam ser outras, Dona Elza é claro e os nossos novos amigos Martin e Elen. Lembram deles não é? O garçom e a moça do caixa da cafeteria acabaram se tornando grandes amigos. Marcos e Maria também estavam lá, eles são vizinhos da Alice. Quando a noiva chegou, eu pensei ter visto uma aurora boreal de cores vibrantes e ar soberano.
A mais linda beleza onde não há engano.
Como uma linda flor a desabrochar.
Algo que poucos olhos podem contemplar.
Viajamos na mesma noite e não precisei olhar pro céu para ver que a lua era de mel.
Pode passar mil anos e eu ainda me lembrarei como se fosse agora.
O maravilhoso agora
Foi como se eu tivesse levado um coice de mula. O olhar tectônico, a intensidade sísmica reverberando artérias em meu ser, me impulsionando a ter tantas emoções que o peito não pode conter. O aveludado toque, envolvido no vórtice harmônico presente em tua pele, a eternidade que tua voz consegue compor com suas mil notas musicais.
As barreiras se rompem e o amor flui repentino, como um soldado emergindo das trincheiras. Fez-me esperar tua presença só mais um pouco, tempo que anuncia fulminante luta entre amor e agonia, segundos que idealizei minha vida inteira. Teu eterno breve instante eterniza meu instantâneo sonhar.
Um tanto meu querer em ti pensar. Até voar, como que nuvens repousassem obedientemente em minhas mãos. Partículas de sua personalidade condensando sonhos em realidade térmica. O amor emite pontos luminosos, o sinfônico ressoar do seu brilho dançando cronometradamente em minha pele. Como se a lua minguante buscasse luz em meus braços.
E assim, velozmente rimada, suavemente contemplada, a freqüência do teu timbre preenche os espaços entre as estrelas do meu céu. Tempera-me sono e sonhos, e me reside eternamente adoçando meu respirar.

De volta para casa, a minha mudança foi fácil, uma mochila de roupas e algumas ferramentas de jardim, pronto! Eu me mudei e agora tenho até amigos. Às vezes no fim de semana a Maria convida a gente pra irmos a casa dela, ela faz um bolo de cenoura maravilhoso, principalmente quando tem cobertura de chocolate, eu amo bolo de cenoura com cobertura.
Meu trabalho está cada vez melhor, os clientes não param de ligar, deve ser a tal propaganda que a Alice fez no jornal ou será os cartões de jardineiro que ela espalhou na cidade? Não sei, só sei que alguma coisa mudou minha rotina de trabalho e mudou pra melhor.
- Alice que tal irmos visitar a Dona Elza hoje? Eu estou sabendo que ela está um pouco doente.
- Ótimo Jhon, vamos logo, ela deve mesmo estar precisando de alguém pra conversar.
No caminho até a casa da Dona Elza nós decidimos que iríamos trazê-la para morar conosco, afinal de contas ela sempre foi uma boa amiga e quando adoece não aparece ninguém para ajudar dela.
- Bom dia Dona Elza como a senhora está?
- Do jeito que você está vendo meu filho. Doente. Entrem eu cabei de fazer uns biscoitos.
Uma amiga doente e precisando de ajuda, e só nós podíamos ajudá-la, já que somos os únicos amigos que ela tem. Sei bem o que é não ter amigos.
- Dona Elza nós estávamos pensando em levar a senhora para morar com a gente em nossa casa, afinal somos amigos e amigos devem se ajudar, o que a senhora acha?
- Sentem-se crianças eu vou lhes contar uma história... Que também pode servir como uma lição de vida se vocês entenderem bem a moral da história.
A flor da amizade

Era uma vez uma pequena flor que nasceu no meio das pedras, e lutou muito para sobreviver.
Ela conseguiu crescer e ser um sinal de vida no meio de tanta tristeza.
Passou uma jovem e ficou admirada com a flor. Logo pensou em Deus.
Cortou a pequena flor e a levou para a igreja.
Mas, após uma semana a pequena flor tinha morrido.
Outra flor nasceu novamente no meio das pedras.
Passou um homem, viu a flor, e também pensou em Deus, agradeceu por sua beleza e a deixou ali, não quis cortá-la para não matá-la.
Mas, dias depois, veio uma tempestade e a flor morreu.
Mas novamente outra flor nasceu no meio daquelas pedras.
Lutou arduamente e sobreviveu ali naquele lugar pedregoso.
Passou uma criança e achou que aquela flor era parecida com ela: bonita, mas sozinha.
Decidiu voltar todos os dias.
Um dia regou, outro dia trouxe terra, outro dia podou, depois fez um canteiro, colocou adubo…
Um mês depois, lá onde tinha só pedras e uma pequena flor, havia um jardim!

- Eu entendo a preocupação de vocês, mas não estarão ajudando se me levarem daqui, podem simplesmente vir me visitar sempre que puderem e isso vai ser de grande ajudar para mim, e é assim que se cultiva uma boa amizade.
- A senhora está certa. Nós fomos um pouco egoístas e não pensamos no que a senhora iria querer. E a senhora pode ter certeza e que nós estaremos sempre por perto quando a senhora precisar.
- É isso mesmo Dona Elza nós gostamos muito da senhora e estaremos sempre por perto.
- Agora eu vou dar uma olhada no jardim pra ver se nenhuma formiga andou cortando as plantas da senhora de novo.
A vida é completa quando se tem um verdadeiro amor e sabemos reconhecer o valor de uma amizade sincera e sem interesses egoístas.
Eu não aprendi isso com a Alice e nem ela aprendeu comigo, certas coisas nós aprendemos juntos. Aprendemos os segredos da vida, fomos a lugares onde ninguém foi, falamos o que não devia nunca ser dito por ninguém.
Ela fazia muitos planos e eu só queria estar ali, sempre ao lado dela. Juntos aprendemos o significado e a importância da palavra juntos.
Nosso aprendizado foi como o das flores que não sabiam que juntas eram mais bonitas.

A flor mais bela
Quando o verão terminou, todas as flores queriam saber qual delas tinha sido a mais bonita: As rosas disseram, Nós somos as melhores porque fomos às primeiras flores a desabrochar na primavera.
As margaridas disseram: Oh não, nós somos as melhores porque mostramos flores lindas durante todo o verão.
As grandes flores amarelas do crisântemo disseram: Não sejam tolas, nós somos as melhores porque fomos as últimas a desabrochar no outono.
Cada flor se declarava a melhor de todas. Mas quando as pessoas vinham comprar mudas, elas paravam as discussões. Todas ficavam quietas e se exibiam orgulhosas, para que o público dissesse quais delas eram as melhores.
Um dia, um jardineiro veio comprar mudas para o seu jardim. As rosas afofavam suas pétalas para parecerem as melhores. As margaridas permaneciam eretas para parecerem as melhores. As flores do crisântemo se voltavam para o sol para parecerem as melhores. Cada uma estava certa de que o jardineiro a escolheria como a melhor. Mas o jardineiro apenas sorriu e disse: Olhem todas essas lindas flores.
O jardineiro então pegou um vaso e aí colocou uma muda de rosas. As rosas se acharam especiais por serem escolhidas.
A seguir o jardineiro colocou as margaridas no vasinho.
E finalmente o jardineiro pegou uma muda do crisântemo. E todas voltaram a discutir - quem era a melhor.
Quando o jardineiro voltou para casa, começou a plantar todas as mudas com aquelas belas flores em seu jardim. Primeiro colocou as rosas, se lembrando que elas foram as primeiras a desabrochar na primavera.
Em seguida colocou as margaridas e pensou como será maravilhoso vê-las todos os dias quando passar pelo jardim.
E por fim colocou no jardim as flores do crisântemo. Ele estava ansioso para ver as flores do outono. Tinha esperado todo o verão para vê-las.
E no final de todo o trabalho o jardineiro olhou e disse: "Eu tenho o mais bonito jardim de flores. Cada uma delas é linda, mas juntas se tornam perfeitas!".
E então as flores se deram conta de que todo o tempo, cada uma delas era o melhor que podia ser. Mas somente quando o jardineiro juntou todas, elas se deram conta do quanto são especiais. E finalmente, todas ficaram muito felizes.
Essa lição serve para todos nós.
A Alice me ensinou a viver ao invés de sobreviver, a amar ao invés de só apreciar, a agir ao invés de só imaginar. Parei de só pensar e comecei a sentir.
Essa pequena parte da minha vida eu chamo de felicidade.
A única coisa ruim na felicidade é que ela sempre, sempre acaba, e a minha durou pouco.
A morte bateu em minha porta e eu abri. Acho que nunca estive cara a cara com a pior verdade.
Era uma sexta feira qualquer e nós estávamos no café Puro sabor, Martin já tinha nos trazido o de sempre, um bom e velho café expresso e alguns petiscos para beliscarmos enquanto conversamos. Não era algo comum, mas, acabamos discutindo sobre coisas banais, eu disse coisas que não devia ter dito, chamei a Alice de insensata, teimosa e cabeça dura. Na minha insensatez e arrogância me levantei e saí, e ao atravessar a rua ouvi minha amada esposa dizer: Desculpe-me amor, eu não queria te deixar magoado.
Eu apenas dei as costas e continuei andando. Foi quando ouvi o cantar dos pneus e um som de corpo ao chão seguido de um silencio agonizante, eu juro que não me lembro se corri logo ou se fiquei parado até ter certeza de era a Alice quem estava caída no chão.
- A culpa foi minha Alice. A culpa é minha.
- Não Jhon eu que não olhei se vinha algum carro. A culpa não é sua.
Aquele momento foi o pior da minha vida
Ela me olhou nos olhos e sorriu. Eu pude ver o sangue entre seus dentes tão perfeitos. Aquele sorriso não era como os outros, radiantes, expressivos e contagiantes, esse é diferente e ambos sabíamos que seria o ultimo, sua boca já não podia conter o sangue que anunciava sua partida e então ela mentiu friamente, "vai ficar tudo bem meu amor."
Essas foram suas ultimas palavras, ela nunca esteve tão enganada... Tão errada.
Nada mais é como antes e eu nunca mais fiquei bem e nem vou ficar.
Hoje eu não cultivo mais jardins floridos, eu corto os ramos das flores e faço buquês que parecem lindos, mas estão todas mortas e fadadas ao cinza da morte.
Essa parte da minha vida eu chamo de cotidiano.

A lua está cheia e eu estou aqui em meio ao nada e ao meu lado só minha sombra ou coisa assim.
O vento toma conta da minha mente e do meu corpo. Estou quase morrendo, sufocado pelo medo e pelo vazio.
Eu já não creio mais em nada do que falam. Já não acredito mais em nada do que vejo. Sou um homem quebrado.
E nessa vida que eu não vivo, apenas sobrevivo, nada mais me importa se só vejo flores mortas.
Flores mortas é só o que vejo. Neste mundo construído pelo medo.
Nesse jardim real que guarda meus desejos.
Eu já não posso mais viver assim, eu já não creio nem mais em mim. O que eu faço com essas flores?
Agora o que me resta é sobreviver nesse jardim de flores mortas.
Flores mortas são só o que vejo.

No lugar onde antes, eu brincava e sonhava.
Hoje tudo é feio e triste, nada existe prá sonhar.
Por quê? Porque minha pequena flor se foi.

No lugar daquela arvore onde escrevi seu nome, quando olho e vejo apenas uma avenida onde você se foi.
Por quê?
Por que, o amor se esconde?
Entre a fumaça e ninguém vê.
E pouco a pouco as flores deixam de nascer.

É de asfalto e de concreto,
Que eles plantam o seu jardim.
E o jardim que eu plantei hoje não brota flores mais em mim.

Lembro-me de uma bela musica que ouvi outro dia, a letra dizia:
Os nossos momentos, as nossas idéias presentes em todas as canções
O que nós sentimos, os nossos desejos seguirão em nossos corações
Você foi tão cedo, a vida é um mistério e eu não sei por que.
Mas sei que tua semente está presente e vai florescer
Tenho certeza que vou te encontrar
Não sei o dia e nem à hora, mas sei o lugar
Sei que você está bem. Mesmo assim, isso não me impede de chorar.




O jardineiro das flores mortas

Quando vejo em meu jardim uma flor caída no chão
Aquela que tanto cuidei com carinho e atenção
Agora me causa lagrimas de dor e a mais triste desolação
Durante tanto tempo fostes tão bela
Possuías o perfume do mais puro amor
Porque deixastes que o vento do mundo
Tirasse você do mais puro esplendor

Eu sempre fui teu fiel jardineiro
Com sua beleza sempre a contemplar
Agora meus olhos só querem chorar
Ao ver minha flor caída e morta
No chão sem forças pra se levantar

Um bom jardineiro cultiva a terra
Planta em amor um jardim com as mãos
Mas a dor que sente é a flor que caiu
O trabalho todo parece em vão
Pois em um instante a mais bela sumiu

O bom jardineiro espera ainda
A flor que caiu novamente brotar
Mas flores mortas não voltam
Nem mesmo o melhor dos jardineiros
Pode fazê-la novamente respirar

E em uma profunda escuridão
Uma promessa que todos puderam escutar
Esse jardineiro por toda a vida
Apenas flores mortas vai cultivar.


Biografia:
Finjo tão bem sentir uma dor que chego a sentir a dor que deveras finjo.
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