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Nas últimas semanas nossa pobre educação tem sido o assunto principal de um feroz bate-boca ideológico. Nesse bate-boca a educação foi relegada a um segundo plano. Só o fato de se misturar educação com a palavra “partido” é assustador. Cada novo governo tenta transformar a educação numa lavagem cerebral. Outra está prestes a começar.
Além do bate-boca ideológico, nossa pobre educação ganhou outro sinal de interrogação. O futuro presidente foi pressionado a trocar o nome do futuro ministro da pasta pela ala política evangélica. Por apoio político, nossa pobre educação foi vendida por um saco não cheio de moedas, mas de votos na forma de versículos.
O futuro ministro quer nossa educação novamente com os valores conservadores da família brasileira. Até fez questão de posar para a mídia apresentando sua “linda família”. Os erros de todos os governos anteriores se repetirão agora, e nossa pobre educação continuará fracassando.
Podemos até traçar um pequeno paralelo entre nossa pobre educação e “Deus, um Delírio” de Richard Dawkins. Dawkins afirma que não devemos dizer: “Essa criança é católica ou muçulmana”. O correto é dizer: “Essa criança tem pais católicos ou muçulmanos”. A educação escolar não pode ser poluída por qualquer outra ideia, que não seja conhecimento.
Com certeza absoluta a guinada para o fracasso da nossa educação começou na ditadura com os militares. Já escrevi sobre isto faz muito tempo. Não sei de você que faz parte da minha geração, mas me senti sendo usado como cobaia. De repente, fomos transformados em simples “conceitos”. Éramos ótimos, bons, regulares ou péssimos.
No fim do ano, aqueles que foram regulares ou péssimos durante todos os bimestres faziam uma recuperação de duas semanas, e eram sumariamente “empurrados” para a série seguinte. Sem se esquecer que a cereja do bolo desse “assassinato educacional” tinha o nome de “Educação Moral e Cívica”. Misturou-se civismo com analfabetismo. O resultado estamos vivenciando atualmente.
Os militares se foram e deixaram uma herança nefasta para a educação. Cada novo governo democrático eleito resolveu ajustar a educação com seus princípios ideológicos. Este é o grande câncer da educação brasileira. Que nos faz aparecer sempre na rabeira quando comparados com outros países. Mesmo os de Terceiro Mundo.
É preciso desvincular nossa pobre educação de ideologias e focar no conhecimento. Não pensem ser fácil. É preciso um recomeço da formação dos educadores. Começando agora, os primeiros resultados só aparecerão, talvez, daqui cinco décadas.
Não serão os conservadores a dar esta guinada. Novamente por ideologia confundirão conhecimento com valores morais. Será um novo fracasso desses que nem Deus perdoa.
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