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Os bairros de cunho residencial integrados às classes pobres conforme vão se adequando ao novo ciclo de desenvolvimento, presenciam uma progressiva especulação imobiliária que gradativamente vai retirando o habitante primário para as localidades mais distantes de Mossoró deixando o ciclo livre para que as classes mais elevadas ocuparem território. Se o núcleo de Mossoró, os bairros centrais, tivessem sido excluídos desse ciclo de desenvolvimento, conforme muitas cidades brasileiras quando chegam em um limite, certamente teriam presenciado um despejamento demográfico nas últimas décadas indo em discrepância com o crescimento mundial. O centro histórico de Mossoró e dos locais adjacentes entrariam em decomposição urbana. Mas na Cidade de Mossoró isso não se concretiza. Segundo Padilha:
[...] este espaço acolhe calorosamente a racionalização do capital, tornando-se hoje o mais capitalista centro de consumo onde os desejos, os projetos, as paixões e as realizações sociais materializam-se em objetos – e seus signos – a serem consumidos. (PADILHA, 2006, p.127).
Nos anos 2000, a ação da iniciativa privada e os planos políticos do Estado reestruturam o setor primário da cidade de Mossoró e sua zona rural com um reflexo direto no território urbano quando abrem espaço para as salas administrativas dos empreendimentos fruticultoras; setores de projeto, e administração na agroindústria; transportadoras e comércios de suplemento agrícola em geral.
De início essa base estrutural apoiando ao exercício irrigado teve sede nos bairros Centro e Alto de São Miguel que depois passou a se localizar na BR-304 estrategicamente para os postos de combustíveis. Pois eles proporcionavam a acomodação, a refeição, trabalhos de borracharia e oficina para os comerciantes e motoristas de caminhão que levavam produtos tanto de Mossoró como de todo o Pólo.
O crescimento urbano de Mossoró não segue seu ritmo ao clássico desenvolvimento pois ele apresenta um novo ciclo. O objetivo das políticas públicas é diminuir o status de pobreza de grande parte da população, como a supressão das favelas que teriam o domínio do crescimento territorial. Para Filho:
Na maioria das cidades latino-americanas a oferta de empregos urbanos não se faz ao mesmo ritmo que a chegada de migrantes, gerando os bairros de extrema miséria. Conhecidos por barriadas, favelas, mocambos, cortiços e palafitas (FILHO, 1992).
O crescimento não aconteceu, mas alguns lugares tiveram uma estruturação que se pôde reutilizar alguns locais que eram críticos sob uma ótica política. Segundo Michel:
A noção de cidade média repousa, primeiramente, e não importa o que se diga, em um critério: o efetivo da população. Desde logo, a discussão trata frequentemente dos limites extremos que devem ser dados a esta classe de cidades. De acordo com os autores, a categoria cidades médias começa a partir de 20.000, 30.000, ou 50.000 habitantes. Ela acaba a 100.000 ou 200.000 habitantes (FRANÇA, 1997).
Desde a fase de desconcentração industrial iniciada no país há algumas décadas, passaram a ocorrer mudanças no sistema urbano brasileiro. No contexto atual, constata-se que as cidades médias assumem importância crescente, constituindo-se como alguns dos principais centros de destino de capitais, investimentos, recursos e empregos. Conforme Lajugie:
Ao critério estatístico e funcional há que acrescentar critérios qualitativos relacionados ao estilo de vida. É bem evidente que o volume de população é um elemento importante na definição da cidade média. Há um valor mínimo abaixo do qual um centro urbano não pode desempenhar o papel de uma cidade média, mas constitui uma pequena cidade, uma grande vila, e tem como tal um papel a desempenhar no sistema urbano regional. Com efeito, ao critério quantitativo convém juntar critérios qualitativos (1974, p. 115).
O crescimento econômico e demográfico verificado nos centros intermediários do país, induzem a reestruturação do espaço dessas cidades na perspectiva de adequá-las às novas demandas e necessidades suscitadas pelos interesses dominantes. Para o alcance de tal fim, a modernização do urbano torna-se prioridade, provocando como consequência o surgimento de novos equipamentos e serviços que contribuem para a intensificação da rede de fluxos que passam a atuar fortemente na transformação da realidade local.
Em Mossoró, nas últimas décadas, a instalação de equipamentos como um shopping center, a ampliação da rede de supermercados e de serviços médico-hospitalares, a melhoria da rede viária, a criação de novas áreas de lazer e o surgimento de novos condomínios de médio e alto padrões, traduz o crescimento significativo da sua economia e seus desdobramentos na vida urbana local.
Entre os objetos modernos instalados em espaços urbanos como Mossoró evidenciam-se os shoppings centers por sua capacidade de provocar transformações nas áreas em seus entornos e influenciar na dinâmica urbana local, especialmente, nas atividades de consumo e lazer de alguns segmentos sociais dessas cidades.
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