Janelas, luzes e eu ali calado, no terceiro andar vivia o desacreditado. Enrolando uma faixa no dedo machucado, notou que precisava de algo para sair daquele estado. De corpo sentado no sofá empoeirado, naquela tarde cinza estava fadado, uma pedra de gelo havia me aprisionado e sentia os agouros de um corpo congelado. A solitude já se encontrava tanto em meu corpo alastrado, que em minha mente visões haviam se alocado, e como se tivera sido conjurado, um ser transpôs-se ao meu lado.
- Não, recuso-me a crêr em tal acaso!- Eu disse, mas sem querer ter falado.
O ser, era propriamente um arcanjo invocado, que me disse de veras, palavras à bocado. Depois de ouvir o sermão do imaculado, fiquei ali, totalmente abismado.
-Seria Deus que enviou este desbocado? Pensei comigo, ainda mais desmiolado.
-Ou seria obra do tinhoso endiabrado?
Mas nas palavras que tinha me dado, me falava de meu maior pecado, aquele pelo qual tinha sido castigado e por isso à essa friarca eu estava condenado. O pecado não era nenhum assassinato, nem por roubo era acusado, a dívida era de um amor ensanguentado que em minhas dores, deixei abandonado. Então na luz daquele quarto quadrado o ser sumiu sem ser ao menos questionado, se eu viria ser novamente considerado um homem não mais amaldiçoado, e portanto ou nem tanto, amado.
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