Será que o homem que faz guerra ama
ou veio ao mundo para acender o pavio
da discórdia e depois assoprar a chama?

Será que o homem que lavra a terra
ama em meio ao cavoucado jardim
ou depois da meia-noite espera
a amada deitado no capim?

Será que o homem dentro do escritório
sente o bater do seu coração compassado
ou simplesmente devora o tempo peremptório
que lhe gasta a vida de um modo documentado?

Será que o homem que se diz celibatário
não tem olhos ao gorjeio de pernas que encantam
ou dentro de si um sentimento procura o diário
que diz que duas mãos uma doce flor plantam?

Será que o homem comum pode amar como um deus
visitando o Olimpo da Paixão e experimentado a glória
de momentaneamente apertar a mão do poderoso Zeus
ou será sempre passagem num desbotado livro de história?

Será que o poeta pode mais que um devasso Don Juan
por provocar versos visitando a cada desta senhora que envia
seus versos a pobres humanos que pensam ter a alma sã
e o corpo perfeito para o amor que canta cada doce poesia?

Será que o homem algum dia descreverá a perfeita forma do amor
que o excita e o faz entrar em desvario como se num comichão
ou perfeitamente será possível que se torne um ser em esplendor
a andar como faísca celeste ou raio de luz por essa imensidão?

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