Um dia, quem sabe,
um poema invento, ereto,
a te mostrar o fogo que em mim arde:
suntuoso, sabes que será nada discreto...
O mandarei feito avião de papel
pousar diante dos teus pés miúdos,
em seu bojo uma gota do mais doce mel,
em seu coração o amor mais louco, graúdo...
Ao te ver rir de alma aberta e alvos dentes,
a arfar o colo e seduzir o olhar das ondas,
aparecerá a música do cosmos, de repente,
a dançar teu corpo, luz secreta e sombras...
Um homem sabe que a fome que o devora
será desfeita como trama quando encontrar
a mais linda e doce menina e inquieta senhora
a por em sua boca a poesia do querer e do amar...
Então o gomo da laranja será coberto em verde,
o vetusto arbusto se cobrirá de silvestres flores,
as mãos levarão à boca a água para o morrer da sede,
o que conhecemos de mundo será pleno de amores...
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