Clara e fria cobre as ruas e é difícil
Como rumo ver completa a sua casa
Nua e sem amor capaz de abrir-lhe as portas
Para nada neste mundo frio e outra
Queda brusca entre pedras,
Sua queda
Surge em dobro sobre a terra firme e seca:
Neste estágio, flores vivas batem palmas,
Seguem rindo e o mundo não sossega e a lua,
Mais que a lua mais bonita, vaga sobre
Altas torres cinzas.
Mil cachorros latem
Pela rua fria e bem mais reinos guardam
Cenas, bem mais reinos, não os nossos, dormem
Este sono fundo nestas sombras densas
Entre as pedras e um pouco mais.
Acaso
Pedras, têm profundo inferno? Acaso homens,
Vêm chegando pelo ar? Ou, acaso, perto
Poucos passos, pronta (e louca) a própria Lua:
Quantas vezes há um mundo, há um fato;
Ou murmúrios? Venha o homem preso ao sonho
Ser a sua sorte certa, pura noite
Sobre a lama torpe e escura.
É a prova
Franca e tonta em frente aos olhos: bom seria
Ter cuidado, bom seria ser humano,
Bom seria ter certeza como homem
Firme, preso ao chão depois de tantos passos.
Dois humanos nobres postos lado a lado
Vão e voltam.
E eis que surge mais silêncio,
Frio e frio desde sempre, mesmo quando
Vento leve e vidro e pedras frias sentem
Falta destes homens, tantas vezes mortos,
Tantas vezes, duramente e tudo cala,
Como impróprio quadro: sol bem frio, quando
Crê que ainda hoje o sol é quente.
E quente
Segue sendo o velho mundo a poucos passos,
Tantas aves, juntas, fazem vista sobre
Toda a Terra e movem suas sombras mortas,
Como fossem bem fixadas ante os olhos.
Desde sempre o próprio ser parece menos
Livre além da porta.
Há alguma coisa
Tendo fé em seu lugar.
E sem promessas,
Sem surpresas, sem aviso, traz tristeza.
Traz tristeza e olhos negros, dura e crua
Vida nisso.
Ou um pouco mais que vida,
Muda o rumo, morto e mudo a poucos passos,
Pronta e louca a própria vida, a própria morte,
Hoje, sobre o chão incerto quem prossegue
Sendo um de nós,
Rapaz:
— As aves, onde estão?
— Não sei: Que sentido faz querer morrer e ir para o céu que eu não imaginava?
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