Adentro aquele salão iluminado
Nada havia de luzes incandescentes
Apenas velas no candelabro, tochas fumegantes
Eis que surge um som semitonado
E como um balsamo penetrante
Invade da flamenca guitarra um dedilhado
Não sabendo se é sonho ou se é miragem
Pensamentos vão tomando vida
Pareço estar bailando em Andaluzia
Apaixono-me deixo-me levar pela viagem
Embriagado em meus braços a prometida
A cigana bailarina cuja face reluzia
O sangue ferve, aflora em mim o meu gene Espanha
E nesse lúdico delírio, vou mergulhando
Ouvindo palmas da Catalunha, rítmicas e cadenciadas
Uma rosa rubra minha mão apanha
Que século estarei navegando?
Intruso ou não, faço parte dessa madrugada
Hipnotizado dentro do olhar da espanhola
Pareceu-me que fosse me tragar do futuro
Seduzido, como homem e a sereia poderosa
Resisto. Vagarosamente volto a mim, obscuro
E da fração de segundo em que dançou as horas
Veio um rastro de batom e também a rosa
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