Vim a entender das coisas que não fazem sentido
Fui a transcrever a dificuldade robusta em livro
No chamado encostado e no atraso implícito
Sou mais um passante, viajante, que venha léguas

Atravessam-me quando atrevem-se dardos de alvo repetido
Pelos radiantes brincos de quem amei me encontro
no reflexo raso da minha face inserida
Em tua pupila de rainha meus medos se afloram

No testamento manuscrito da frequência dos risos
Pares triplos e solitários múltiplos se definem
Aqui no terraço pego botões da árvore que se estica
Sei que dentro de seu tronco vivem milhares de vidas

Aprender a ouvir os pássaros levara décadas
Deixar de querer laçar as estrelas uma era
Entender as coisas que não compreendo
De dez a quinze segundos já pode ser o suficiente

Entre o que quero e o que tenho alguém me espera
Vejo sua sombra esticada quando tento dormir
Entoo o suspense replantado de minha presente juventude
Florestas recicláveis e almas reutilizadas hão de me suprir

Não conheço ninguém que não careça da carência
Não conheço ninguém que entende de tudo que diz
Quanto mais tempo comigo mesmo menos me defino
Preciso dos outros para que em abraços concisos me refine

Se estraguei e machuquei estacionando conhecimento
Replicarei truques antigos a uma plateia reincidente
Quem sabe poder mudar de discurso diante do tédio nas bocas
Prefiro preferir o pretérito indefinido as ondas de ontem

Minha pele histamínica acumula marcas ignoráveis
Visíveis a todos os olhos e vergonhoso perante o espelho
Em minhas entranhas residi aberrações indestrutíveis
As escondo até que as faíscas da intimidade me encontrem

O que há de nobre em rápidas respostas afirmativas?
O calçado que o pé veste no andar que se repete caleja
No entanto o que há de rico nas impensadas investidas?
Quem saberá comprovar a existência das coisas sem sentido?

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