O PINCEL DE MICHELANGELO |
... |
orivaldo grandizoli |
Resumo: ... |
Enquanto homens derrubam florestas
teço a grama para que te deites e sonhes
enquanto risos e copos quebrados dão o tom da festa
reparo buracos nas nuvens para que ovnis
não se percam e sejam derrubados como bonsais nas janelas:
dou dois passos e paro uma centena
esperar e seguir e seguir e espera vale a pena...
Enquanto jogam xadrez nos presídios e leem Ovídio e Michel Foucault
colo pedras que se apartaram da coalizão
enquanto fazem buracos de minhoca na pele do céu
escuto cânticos e coros gregos por detrás das muralhas
homens saltam como bailarinas que nunca souberam bem dançar
escrevo o alvará de soltura da poesia
e ela sai à rua rindo seus dentes podres
e suas meias furadas já não guardam os pés...
Enquanto teço esta porca sem parafuso
me sinto um tanto quanto confuso
pois não sei se Beethoven era mudo
ou se suas sinfonias surdas
cantavam óperas com sinais
enquanto miro o alvo a milhas de distancia
escuto o barulho do pincel de Michelangelo
a subir e a descer no corpo de seu próximo desenho
e a terra com seus terremotos e seus abalos sísmicos
ainda no meu coração cheio de algo
que alguns chamam de desejo
e eu chamo de amor...
|
Biografia: Se a palavra vem da boca
nasci quando a genealidade marcou touca
e me pôs para cantar em voz rouca...
|
Número de vezes que este texto foi lido: 52814 |
Outros títulos do mesmo autor
Publicações de número 1 até 10 de um total de 2243.
|