Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
PRIMEIRO TÍTULO E O GOL IMPROVÁVEL
Carlos Augusto de Medeiros Filho

Resumo:
O primeiro título ninguém esquece, especialmente quando conquistado de maneira heroica, emocionante e depois de uma jornada difícil e muito disputada.

PRIMEIRO TÍTULO E O GOL IMPROVÁVEL   - Crônica Pebolística
Primeira Parte: O Regionalismo
O primeiro título ninguém esquece, especialmente quando conquistado de maneira heroica, emocionante e depois de uma jornada difícil e muito disputada. Acompanhei, ainda menino, a gloriosa campanha do América no campeonato potiguar de 1967 e estive presente na sua histórica partida final.
O América após passar o período de 1959 a 1965 afastado da federação, voltou a disputar o campeonato de 1966, com um time montado às pressas e obteve um discreto terceiro lugar. Nesse ano, o ABC foi bi campeão.
A perspectiva para 1967 era de um campeonato muito concorrido. Além do ABC e Alecrim, as principais forças dos anos anteriores, também eram candidatos reais ao título o América, com o time, agora, melhor estruturado e o Riachuelo que conseguiu montar uma equipe forte, a partir do apoio do comando da Marinha de Natal. Então, dos 6 times inscritos, 4 lutavam para ser campeão. Apenas os simpáticos Atlético (o Moleque Travesso) e Ferroviário atuavam como coadjuvantes.
O ABC mantinha a base que conquistara o bicampeonato em 1966. Apresentava uma excelente defesa composta pelo eterno goleiro Erivan, os irmãos mossoroenses Toinho e Nivaldo, o grande capitão Piaba e o lateral Otávio. Na frente, o ABC contava com jogadores como Toinho de Macau, Izulamar e o artilheiro Dunga. O Alecrim tinha uma equipe repleta de grandes jogadores como o goleiro Manuelzinho, o clássico e folclórico zagueiro Jácio, o meio de campo João Paulo e os atacantes Zezé, Galdino e Capiba. O ABC terminou o campeonato de 1967 em terceiro lugar e o Alecrim em quarto.
O Riachuelo montou um excelente time com a defesa formada, normalmente, por Antônio José (o melhor goleiro do campeonato), pelos experientes Miltinho e Miro ("Cara de Jaca”), pelo craque Ivan Matos e com Abraão na lateral esquerda. O meio de campo, também muito bom, era composto por Dos Anjos e Beto e, no ataque destacavam-se o veloz ponta direita Bazinho, além de Ivan Alves, Rômulo Lima e Romão. O treinador era Roberto Level.
Dois grandes craques comandavam a equipe americana: Véscio no meio de campo e Evaldo "Pancinha" no comando do ataque. Eram dois potiguares, Véscio de Macau e Evaldo das Rocas, que estavam, em 1966, fora do RN e foram contratados para o campeonato de 67. Contratações acertadas e decisivas. Véscio com estilo de jogo inteligente de passes rápidos e certeiros era o construtor das principais jogadas americanas. Ele tinha sido campeão cearense, em 66, jogando pelo também América de Fortaleza, time que hoje, modestamente, participa da terceira divisão alencarina. Pancinha era um craque de uma família de craques, já que era irmão de Saquinho e Zé Gobat, também ídolos dos americanos. Evaldo era um terror para qualquer zagueiro por suas geniais jogadas, dribles desconcertantes, além de ser excelente finalizador e cabeceador. No campeonato de 1967, ele foi o artilheiro com 16 gols. Antes de vir para o América, Pancinha estava atuando em times do interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O goleiro titular do América era Dedé e tinha Eliezer como reserva. A defesa era constituída por Biu, Rodrigues, Lolô e Souza. O Dr. Berilo, jogador experiente e clássico, revezava, na lateral esquerda, com o incansável Souza. Biu era proveniente de Recife e recém-saído dos juvenis. Era um lateral já com algumas características modernas, participando com desembaraço do apoio ofensivo. Nessa época, o lateral tinha obrigação quase exclusiva de defensor, indo no máximo até a intermediária adversária para cruzar bolas na área. Alguns laterais começavam a, às vezes, agir como ponta direita. No Rio de Janeiro, Murilo (Flamengo) e Oliveira (Fluminense) eram exemplos dessa vertente na época considerada "moderna" e que despertava, entre os comentaristas esportivos, opiniões díspares. Rodrigues era o capitão da equipe. Zagueiro de estilo clássico e experiente, com passagens por times como o Globo e Alecrim. Lolô era o quarto-zagueiro, forte e de futebol sério e simples. Tinha um chute muito forte e, por isso, era o batedor oficial das faltas de média a longa distância. Quando uma situação dessas ocorria, a torcida americana, de maneira automática, pedia em coro a sua presença. O elenco da defesa alvirrubra era complementado por Paulo Tubarão que era a opção de substituição para lateral direita e zaga central. Paulo tinha esse apelido, porque comumente atravessava o rio Potengi, saindo do Canto do Mangue para a Praia da Redinha, onde residia. Essas travessias ocorriam, inclusive, após jogos ou treinos.
Além de Véscio, o meio de campo do América contava com Arandir, Willame e Hilo. Arandir era o titular. O radialista José Jorge(http://www.eternamentemecao.com/) relata que: "Arandir, era um volante de bom nível técnico que sabia sair para o jogo. Formou uma das mais famosas duplas de meia cancha do clube: Arandir e Véscio, e mais Assis flutuando e fazendo o papel de terceiro homem." Willame ficou, posteriormente, imortalizado por ter sido o autor do primeiro gol no estádio Castelão (depois Machadão), em 1972.
Na ponta direita, o titular era Bagadão e o reserva Magnus. Bagadão é, sem dúvida, um dos jogadores que vestiu com mais em raça e amor a camisa americana. Além da raça, ele era veloz, criativo e com bom chute. Bagadão foi personagem importante de muitas histórias do futebol do América e potiguar e uma dos acontecimentos mais significativos foi seu gol decisivo na conquista do título de 1967, contra o Riachuelo, que será posteriormente comentado.
Assis atuava como ponta de lança e fazia uma sincronizada dupla de ataque com Pancinha. Juntos, eles foram responsáveis por mais de 70 % dos gols americanos no campeonato de 1967. O reserva para o miolo do ataque americano era Rui. Assis era um jogador de grandes qualidades e foi fundamental para a time de 67, porque além de completar as jogadas de ataque, ajudava o meio de campo, especialmente Véscio, na armação e criação de jogadas ofensivas.
Na ponta esquerda, o América dispunha de Valdir que apresentava, como característica principal, um forte chute de esquerda e Nazareno, revelado na seleção de Macaíba.
Oziel foi o treinador do América em praticamente todo o campeonato. Ele tinha aposentado recentemente as chuteiras, depois de marcantes passagens no ABC, Alecrim e no próprio América (1965). Às vésperas da decisão , em melhor de quatro pontos com o Riachuelo, Oziel foi substituído pelo experiente técnico paraibano Edésio Leitão.
Duas características do futebol potiguar, daquela época, podem ser levantadas para discussões. A primeira é a quantidade pequena de jogadores que compunham os times natalenses. Esses "elencos enxutos" podem ser consequência de fatores econômicos e de um calendário de jogos menos intenso do que o de hoje. Um aspecto subordinado, mas que também poderia influenciar é que, no campeonato de 1967, não era permitida a substituição de jogadores (creio que apenas do goleiro, em caso de contusão). Caso houvesse alguma emergência na escalação do time, durante a semana preparatória, os treinadores eram obrigados a utilizar de juvenis, o que, consequentemente, se tornava uma prática saudável de valorização de jovens jogadores.
Outra constatação é que a grande maioria dos jogadores, de todos os seis times que disputavam o campeonato, eram naturais do Rio Grande do Norte ou da região Nordeste. Essa regionalização era decorrente, naturalmente, da dimensão econômica e estrutural do futebol potiguar que dispunha, naquele instante, apenas do velho estádio Juvenal Lamartine com capacidade em torno de 5000 espectadores. Além do campeonato potiguar (e torneio início), a única competição oficial (e nacional) existente era a Taça Brasil que contava com a presença de 1 ou 2 equipes de RN e que, na maioria das vezes, eram eliminadas nas suas primeiras etapas.
A vinda de jogadores do sul do país só se tornou uma prática possível e comum com "Era Castelão" e a participação de equipes potiguares nos Campeonatos Nacionais. Numa primeira fase, essa "importação" vinha para complementar o elenco que ficava, ainda, com uma representativa participação regional. Esse primeiro momento foi, sem dúvida, benéfico pela profissionalização do nosso futebol e, especialmente, pela sua qualificação, com a contribuição de grandes jogadores como Scala, Maranhão, Danilo Menezes, Ivan, Santa Cruz, Jangada, Morais, Gilson Porto, Soares, Otávio etc. Com o tempo esse "estrangeirismo" foi ficando dominante nos elencos dos principais times potiguares, mesmo que a qualidade dos jogadores contratados tenha, em média, caído sensivelmente. Essa filosofia adotada ainda hoje desvaloriza, evidentemente, os jogadores locais, dificultando a revelação dos chamados "pratas de casa".
Outra análise interessante da época do "regionalismo" é que muitos daqueles jogadores potiguares ou nordestinos são sempre escolhidos em qualquer pesquisa sobre os melhores jogadores da história dos nossos times. Na coluna "Apito Final" do jornalista Everaldo Lopes de 9 de janeiro de 2011, é reportada a escalação das seleções do século XX de Alecrim, ABC e América que foram eleitas em 2000 por uma enquete do jornal Tribuna do Norte. Nessas seleções constam diversos jogadores do tempo do campeonato do velho JL. Do Alecrim foram listados Manuelzinho, Miro, Berilo, Anchieta, Valdomiro, Pedrinho, Vasconcelos, Zezé e Icário. Do ABC consta os nomes de Edson, Marinho Chagas, Alberi e Jorginho. Finalmente, do América foram escolhidos na seleção os jogadores Véscio, Evaldo e Saquinho.


Segunda Parte: A Campanha
A conquista do América no campeonato potiguar de 1967 correspondeu a uma trajetória épica, com partidas e lances emocionantes e históricos, pelo menos para os meus olhos e coração de menino. Registro, entretanto, que esse texto está sendo desenvolvido através, principalmente, de um exercício de memória, auxiliado por consultas à amigos (especialmente João Felipe e Carlos Ferreira) e pesquisas simplificadas na internet. Dessa forma, é muito provável que ele contenha involuntários erros históricos.
O primeiro turno do América foi quase perfeito. Ele venceu, de maneira inquestionável, os seus, potencialmente, principais adversários: Alecrim e ABC. Suplantou, também sem dificuldade, os dois times menores, Atlético e Ferroviário. Contra o Ferroviário, o placar foi elástico (6 x 0), em uma tarde em que Evaldo "Pancinha" atuou de maneira extraordinária, fazendo 3 gols, sendo que um deles foi executado após driblar meio time adversário, inclusive o goleiro. Um verdadeiro "gol de placa".
Essa primeira parte do campeonato não foi totalmente primorosa, porque o América sofreu um único revés, correspondendo a uma derrota, por escore mínimo, diante do Riachuelo. Naquele instante, no início da competição, o resultado foi considerado uma "zebra", porque o América vinha embalado e o time naval ainda não era considerado um real concorrente ao título. O gol do Riachuelo foi marcado, ainda no primeiro tempo, por Romão, aproveitando um erro no recuo de bola do zagueiro Paulo "Tubarão" para o goleiro Dedé. Depois desse gol, o Américo dominou a partida, pressionou incessantemente, perdendo inúmeros gols, mas encontrando também uma valorosa defesa, especialmente uma poderosa barreira na figura do goleiro Antônio José, que cumpriu, naquela tarde, uma atuação magistral.
A partida contra o Alecrim, no primeiro turno, foi também memorável. Marcou a estreia do recém-contratado Valdir na ponta esquerda americana. Era o primeiro clássico do América no campeonato e a expectativa, obviamente, era de um jogo muito difícil. Com menos de quinze minutos, entretanto, o estreante extrema esquerda revolucionou o clássico. Ele, nesse pouco tempo, fez um "golaço" de fora da área e desferiu um forte arremesso, também de longa distância, que se chocou com a trave defendida por Manuelzinho. Esses dois lances e petardos aniquilaram o ímpeto e a estrutura esmeraldina. O América, então, dominou toda a partida e obteve uma fácil vitória contra um poderoso adversário. Para a torcida americana, aquela tarde parecia indicar o surgimento de novo ídolo, já classificado como um verdadeiro craque. Valdir, entretanto, não confirmou, nos jogos seguintes, a enorme expectativa gerada na sua estreia. Suas atuações passaram a ser apenas discretas, mesmo que importantes taticamente.
Contra o ABC, no primeiro turno, o América fez uma das suas melhores partidas. Com um show do tripé Véscio, Assis e Pancinha, o time rubro venceu por 2 x 0 com gols da sua dupla principal de atacantes.
O segundo turno marcou a ascensão do Riachuelo e uma queda de produção do América. A equipe alvirrubra venceu, sem problemas, o Atlético e o Ferrim, mas empatou os outros três encontros com o Alecrim, ABC e Riachuelo.
O empate com o ABC, em uma das últimas rodadas, foi uma partida antológica. O ABC necessitava vencer para continuar aspirando o título e o America precisava da vitória para se consolidar no campeonato e na liderança. O jogo disputado em um "JL" lotado, teve seu placar inaugurado, pelo América, ainda no primeiro tempo através de Assis. O jogo prosseguiu com muita emoção e quando parecia que a vitória americana estava consolidada, no final da partida, Dunga, centroavante do ABC, igualou o marcador de forma inusitada. Ele, na trave da Hermes da Fonseca, acertou um chute praticamente sem ângulo, que de tão inesperado foi denominado, pelos comentaristas, de "gol espírita". Esse ponto perdido alijou o ABC da disputa e posicionou o América dividindo a liderança com o Riachuelo, situação essa que se manteve inalterada até o final do segundo turno.
América e Riachuelo terminaram, assim, o campeonato com os mesmos 5 pontos perdidos, dividindo o primeiro lugar. O regulamento indicava que a decisão do campeonato sairia de uma série de jogos até que um dos times obtivesse a soma de quatro pontos. Como, na época, uma vitória significava 2 pontos ganhos e um empate 1 ponto, os quatro pontos poderiam ser conseguidos, por exemplo, com duas vitórias ou uma vitória e dois empates.

Terceira Parte: Os Dias da Decisão

As três partidas finais do campeonato potiguar de 1967 ocorreram nos dias 20 de dezembro, uma quarta feira à noite; no domingo à tarde, na véspera do dia de Natal e em 27 de dezembro, novamente em uma quarta feira à noite.
O que acontecia no Brasil e no mundo nessas duas semanas em que América e Riachuelo lutavam pelo título? Fizemos uma pesquisa, basicamente nas edições do Jornal do Brasil da época, e transcrevemos uma síntese de uma seleção de assuntos relevantes. Evidentemente que a decisão no velho JL era, para mim, muitíssimo mais importante do que qualquer uma dessas matérias.
1 - MUNDO
Transplante de Coração
No dia 21 de dezembro morria L. Washkansky, o primeiro ser humano a viver com coração de outro. Ele tinha recebido um coração de uma mulher em 3 de dezembro a partir de um transplante comandado pelo professor e cardiologista Christian Barnard, na cidade do Cabo.
A princípio, a operação transcorria normalmente, mas no dia 18 de dezembro, Washkansky foi acometido de uma forte pneumonia que o levou a óbito. O professor Bernard revelou, então, que a morte fora consequência de pneumonia, não havendo sinais de rejeição do coração.
Guerra do Vietnam
Continuavam os bombardeios aéreos diários a Hanói, executados pelos americanos, ao mesmo tempo em que se propalava a "disposição" para acordos de paz.
O papa Paulo VI e o presidente americano Lyndon Johnson se reuniram, no dia de Natal, e conversaram sobre a Guerra do Vietnam e os meios de conseguir a Paz. No outro dia, entretanto, as manchetes comunicavam que Hanói e Moscou recusavam a proposta de paz do Presidente americano, afirmando que o fim da guerra do Vietnam só seria discutido depois quando os Estados Unidos suspendessem os ataques aéreos e evacuassem suas tropas do território vietnamita.

2 - BRASIL

Frente Ampla
Carlos Lacerda, um dos principais líderes do golpe de 64, estava no final de 67 em clara oposição ao regime militar e comandava a denominada Frente Ampla, junto com outros líderes como Juscelino Kubitschek e Jango Goulart.
Em um longo discurso aos formandos de direito da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, no dia 17/12, Lacerda defendeu a criação da Frente Ampla e a sua aliança com adversários do passado. Convocou a juventude para a organização contra a ditadura, a corrupção e o subdesenvolvimento, sempre aplicando frases ao seu estilo: "pois nessa terra o ódio dura pouco, o desespero não tem vez e o medo não encontra lugar" ou "A corrupção campeia no Brasil, no governo de minoria militar e da tecnocracia submissa, como paquidermes dóceis aos cornacas de certos grupos americanos de pressão e certos círculos de influência nacional".
Nesse mesmo evento, Lacerda prometia uma reunião dos 3 principais líderes (ele próprio, Goulart e Juscelino) para a primeira quinzena de janeiro de 1968.
O Governo Federal afirmava que, a princípio, não iria adotar nenhuma represália ao principal líder da Frente Ampla, por considerar que seu pronunciamento, em Porto Alegre, caíra no vazio, não conseguindo sensibilizar a opinião pública nem tão pouco as Forças Armadas.
No dia 27 de dezembro, Lacerda voltava a atacar. Em discurso para formandos de Economia do Rio de Janeiro, afirmava que os quatro anos da Revolução passaram como se fossem quarenta. Politicamente o Brasil tinha regredido, os erros foram mantidos e os meios de corrigi-los foram proibidos. Lacerda afirmava ainda que o regime instituído pela facção militar era atrasado, tacanho, mesquinho, destituído de imaginação, de generosidade, de entusiasmo e de fé.

Previsão
O advogado Sobral Pinto afirmava em Belém que "há no Brasil atualmente uma ditadura disfarçada, mas ela não se consolidará, pois isso seria a negação de todo um passado de luta do povo brasileiro". E prosseguia "O atual regime é caracterizado pela hegemonia do poder militar sobre o poder civil e isso é o contrário de todo o desenrolar da história política do país. Como isso vai acabar não sei. Não sou adivinho. Mas que terminará breve não há dúvida”.

Presidente Costa Silva no RN
Em 22 de dezembro, o Presidente Costa Silva estava em Mossoró inaugurando o serviço de abastecimento de água, dois poços com mil metros de profundidade, a rede de transmissão de energia de Paulo Afonso, A Escola Superior de Ciências Econômicas e a Escola de Agronomia.

Copa na TV
Noticiava-se que a primeira estação via satélite da América do Sul, localizada em Itaboraí, Estado do Rio, já estaria funcionando em 1970, permitindo que as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre pudessem acompanhar diretamente, pela televisão, os jogos da Copa do Mundo no México.

Editorial do JB em 27 de dezembro
O Jornal do Brasil, um dos jornais que apoiaram o golpe de 1964, fazia uma análise do ano de 1967 com críticas ao governo militar, expressadas no editorial de 27 de dezembro, intitulado "O Momento da Verdade". Alguns trechos:
O ano de 1967 foi a primeira etapa de mando do Governo Costa e Silva. Chegamos ao fim dessa primeira fase sem muito para creditar ao Governo. As grandes expectativas dos idos de março ainda continuam sendo expectativas.
... Chegamos ao fim do ano com relativos resultados na execução econômico - financeira. O processo inflacionário continua regredindo e os índices do aumento do custo de vida foram sensivelmente inferiores aos do ano passado.
--- A grande falha reside no campo da vida política nacional.
... Embora nos métodos de ação se perceba um estilo de menor severidade do que os três anos que o antecederam, nada se fez de concreto para uma verdadeira abertura de sentido democrático.
... A Revolução não foi feita para entregar o Brasil a uma classe exclusiva. Nada impede que um militar seja escolhido para o mando supremo. Os maiores países do mundo tiveram presidentes militares. Basta lembrar os exemplos recentes de Eisenhower e De Gaulle. Mas o que não se pode fazer é excluir do problema sucessório quem não tem quatro estrelas no ombro. O Brasil é dos brasileiros, do povo brasileiro. E o povo brasileiro inclui civis e militares. Repudiamos a doutrina segundo a qual os civis falharam , cabendo agora aos militares a vez de experimentar a mão no Governo. Nos Governos que falharam, havia tanto civis como militares. Houve civis corruptos e militares corruptos. Civis subversivos e militares subversivos. É falso e injusto atribuir aos civis os erros do passado, para justificar o estabelecimento de uma dinastia fardada e permanente no Brasil.

3 - FUTEBOL
Campeonato Carioca
No dia 18 de dezembro, O Botafogo chegou ao título de Campeão Carioca de 1967 em uma vitória, considerada justa, sobre o Bangu por 2x1, com uma grande atuação de Gerson, secundado por Leônidas, Carlos Roberto e Paulo César.
A classificação final do campeonato carioca ficou sendo a seguinte: 1) Botafogo com 4 pontos perdidos (pp); 2) Bangu com 6 pp; 3) Fluminense com 12 pp; 4) América e Flamengo com 19 pp; 6) Vasco com 20 pp; 7) Olaria e Campo Grande com 21 pp.
Na partida final, o Botafogo atuou com Manga; Paulistinha, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gerson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo Cesar. O Bangu perdeu com Ubirajara, Cabrita, Mario Tito, Luis Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Mário, Del Vecchio e Aladim

Mesa Redonda e Suborno
O campeonato carioca foi repleto de emoções, revelações de novos craques e treinadores, mas também apresentou diversas acusações de fraudes e subornos. O jornalista João Saldanha acusava os dirigentes do Bangu de subornar jogadores e juízes, além de qualificar Castor de Andrade de bicheiro.
Numa mesa redonda na televisão, no domingo após o jogo final, João Saldanha acusou o Sr. Castor de Andrade, dirigente do Bangu, de bicheiro. Castor se dirigiu à televisão para tomar satisfação.
João Saldanha repetiu, diante de Castor, a acusação. Castor respondeu que o jornalista era um bêbado. De imediato, Saldanha disse que Castor era um canalha e este replicou afirmando que canalha era a mãe do jornalista. Nesse momento, o diretor da TV mandou interromper o programa.

Saldanha x Manga
Antes e depois da partida decisiva do campeonato carioca, João Saldanha, botafoguense, opinou que Manga era suspeito de ter sido sondado para facilitar a partida contra o Bangu.
No domingo, após o jogo e com o Botafogo campeão, Manga, demonstrando intensa revolta, negou que tivesse sido subornado para facilitar as coisas para o Bangu e convidou João Saldanha para um encontro, frente a frente, em General Severiano.
Na quarta feira, pouco antes do jantar do Botafogo aos campeões cariocas, na sede do Mourisco, o jornalista João Saldanha atirou, sem ferir, no jogador Manga e, por isso, teve que responder processo, já que o goleiro deu queixa-crime a uma delegacia. Saldanha se defendeu dizendo que agiu em defesa própria e que apenas atirou para o chão para assustar o goleiro botafoguense.

Campeonato Paulista
Em 21 de dezembro. o Santos sagrou-se campeão paulista ao derrotar o São Paulo, em um jogo extra, por 2 x 1, com gols de Edu e Toninho para o Santos e Babá para o São Paulo. O Santos venceu com Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Bougleux; Wilson, Toninho, Pelé e Edu. O São Paulo jogou com Picasso, Renato, Beline, Dias e Edilson; Lourival e Nenê; Valter, Djair, Babá e Paraná.

Decisão Taça Brasil
Náutico e Palmeiras fizeram, em três partidas, uma emocionante decisão da Taça Brasil de 1967.
O Náutico tinha eliminado, anteriormente, América (Ceará), Atlético Mineiro e o Cruzeiro. O Palmeiras só precisou ultrapassar o Grêmio.
No primeiro jogo em Recife: Palmeiras 3 x 1 Náutico, gols de César, Zequinha e Lula para o Palmeiras e de Nino para o Náutico.
No segundo jogo, em São Paulo, ocorreu a surpreendente vitória do Náutico por 2 x 1, com gols, para o Náutico, de Nino e Ladeira. Esses dois belos gols podem ser vistos no site http://www.youtube.com/watch?v=suNWV8_x94Q .
A final, no Maracanã em 29 de dezembro, deu Palmeiras 2 x 0, com gols de César e Ademir da Guia. Os times na final: Palmeiras: Perez, Geraldo Scalera, Baldochi, Minuca e Farrari; Zequinha e Dudu; César, Tupazinho, Ademir da Guia e Lula. Náutico: Válter, Gena, Mauro, Fraga e Clóvis; Rafael e Ivã; Miruca, Ladeira (Paulo Choco), Nino e Lala

Seleção do Ano
Um comentário de Armando Rodrigues, na sua coluna de 27 de dezembro:
Se me pedissem para formar a seleção nacional, eu convocaria o time do Santos, poria Gerson no lugar de Bougleux, a dupla Jurandir - Dias no meio da área e o Paulo Borges na ponta direita.

4 - CULTURA
Censura
Agente do DOPS estiveram, em 21 de dezembro, no IV Salão de Arte Moderna de Brasília, no Teatro Nacional a fim de retirar 3 painéis que retratavam Ernesto Che Guevara e que tinham deixado incomodados alguns setores militares.

Os Filmes do Ano
Os dez melhores filmes do ano de 1967, segundo o JB:
1 - A Guerra Acabou de Alain Resnais
2 - Blown Up de Antonioni
3 - O Anjo Exterminador de Buñuel
4 - O Evangelho Segundo São Mateus de Pasolini
5 - Terra em Transe de Glauber Rocha
6 - A Mulher de Areia de Hiroshi Teshigara
7 - Os Profissionais de Richard Brooks
8 - Fahrenheit 451 de François Truffaut
9 - A Opinião Publica de Arnaldo Jabor
10 - A Invasão da Inglaterra de Brownlow e Mollo
Salienta-se que a censura brasileira cortara a exibição de 4 minutos de Mulher de Areia e que os filmes Blown Up, Terra em Transe e O Anjo Exterminador só foram exibidos no cinema após longa batalha nos jornais contra a tentativa de proibição. Infelizmente, não eram as únicas, nem as principais vítimas da censura em 1967.
Quarta Parte: A Melhor de Quatro Pontos e o Gol Imprevisto
O campeonato potiguar de futebol de 1967 foi decidido, entre América e Riachuelo, em uma "melhor de quatro pontos". Em uma série de partidas, venceria quem fizesse primeiro quatro pontos ganhos, considerando que uma vitória corresponderia a dois pontos e um empate a um ponto positivo. Dessa forma, duas vitórias ou uma vitória e dois empates permitiram alcançar os pontos necessários para a conquista do título.
A primeira partida foi realizada no dia 20 de dezembro, uma quarta feira à noite, graças aos novos refletores do estádio Juvenal Lamartine, inaugurados no segundo semestre de 1967. É interessante lembrar que a maior parte do campeonato, naquele ano, só teve jogos na parte da tarde, pela falta de iluminação no velho JL, o que obrigava, inclusive, que as bolas de couro marrons fossem substituídas por bolas brancas, na metade do segundo tempo, quando o sol começava a se pôr.
O América venceu com certa tranquilidade a primeira partida, consequência de um domínio do meio de campo, que levou a uma cadência de jogo favorável à equipe rubra, fugindo da armadilha do corre-corre, característica e arma principal do Riachuelo. O comando de Véscio na meia cancha, o desempenho sólido da defesa e mais uma brilhante atuação de Pancinha, autor dos dois gols, explicam, conjuntamente, a consistente vitória por 2 x 0. O América seguia, assim, com justificada esperança de decidir, com nova vitória na segunda partida, o título da competição.
Um domingo à tarde, véspera do dia de Natal, com sol muito forte, foi o palco e ambiente da segunda partida decisiva. A torcida americana se deslocou em grande número ao JL, dominando principalmente as arquibancadas cobertas (de madeira) e cerca de 80% da arquibancada descoberta maior. Restava a torcida do Riachuelo, comandada pelo folclórico Senta-Ripa, uma parte menor do "Frasqueirão", mais precisamente no seu extremo que dava para a avenida Hermes da Fonseca.
O início da segunda partida parecia justificar a confiança americana na conquista do título. Até a metade do primeiro tempo, o América já vencia por 2 x 0, com gols de Pacinha e Assis. Depois disso, com contribuição do sol causticante, o América cansou, permitindo que o Riachuelo assumisse, completamente, as rédeas do jogo. Desencadeou-se, então, um bombardeio naval que durou até o apito final, resultando no empate da partida, com gols de Romão e Biu (contra). Devido as circunstâncias de como se desenvolveu, o final da partida trouxe um alívio para a torcida do América. Era consenso geral, de que o Riachuelo merecia vencer e certamente teria conseguido, se a partida durasse mais um pouco.
Esse combate, na véspera do Natal, reforçou uma tendência delineada desde o final do returno. O time americano, com melhores valores individuais, estava, entretanto, desgastado fisicamente e, por isso, em decadência. Já o Riachuelo, bem preparado fisicamente, apresentava uma franca e otimista ascensão. Esse, portanto, era o quadro que antecipava o terceiro confronto. O América tinha que decidir a competição com uma vitória ou um simples empate. A sua torcida sabia e temia, que se o Riachuelo vencesse e, consequentemente, forçasse um quarto jogo, o favoritismo passaria, sem dúvida, para o time naval.
Na quarta feira à noite, 27 de dezembro, foi realizado o terceiro jogo da melhor de quatro pontos. 4.687 pagantes proporcionaram uma renda de Cr$ 6.219.000,00. O horário noturno favorecia de certa forma, o cansado time americano que não sofreria, desse modo, o desgaste físico provocado pelo sol do verão potiguar. O treinador americano, o paraibano Edésio Leitão, consciente das deficiências físicas dos seus comandados, optou em armar um time defensivo, recuando os extremas Bagadão e Valdir para o meio de campo. Dessa forma, Edésio desprezava o tradicional 4-2-4 e implantava um precavido 4-4-2, com apenas Pancinha e Assis no ataque.
O terceiro jogo foi caracterizado, desde o início, por uma América trancado, recuado, procurando conter as investidas do Riachuelo que possuía um total domínio da contenda. A tática defensiva americana impedia a maioria dos ataques do adversário que, em geral, só conseguia atirar com perigo em cobranças de faltas, posicionadas na intermediária e na proximidade da área alvirrubra.
O jogo era tenso e angustiante para as duas torcidas e, na realidade, se resumia em um questionamento: o América resistiria a pressão do Riachuelo até o final, mantendo o necessário 0 x 0? Para complicar as coisas para o lado rubro, Bagadão apresentava sintomas de estar contundido ainda no primeiro tempo, fato este que foi plenamente confirmado no início do segundo tempo. Bagadão, a partir daí, permaneceu em campo apenas fazendo número, se arrastando no meio de campo ou na ponta direita. O América ficava na prática com dez homens, tornando mais difícil a tarefa de conter o ímpeto naval.
Por volta de 35 minutos do segundo tempo, a resistência americana desmoronou. Bazinho avançou rápido pela direita, cruzou para a área e Ivan Alves cabeceou com força, para baixo e venceu, sem chances, o arco defendido por Dedé.
O gol do Riachuelo aniquilava a estratégia do América. Agora, cansado e desfalcado de um homem, o time rubro teria que, no pouco tempo que restava, buscar o imprescindível gol de empate. As tentativas de ataque do América ocorriam de maneira desorganizada e o passar do tempo diminuía a esperança e aumentava o desespero da sua torcida.
Foi nesse clima e após os 40 minutos, que a bola sobrou para o contundido Bagadão entre o meio de campo e a intermediária do Riachuelo. Ele reteve a bola e a conduziu. mancando, por alguns metros a frente. A torcida americana, em peso, gritava para ele passar a bola, imediatamente. Bagadão não atendeu aos reclamos das arquibancadas e, inesperadamente, chutou para o gol. Foi um ato imprevisto que surpreendeu a todos, torcida e jogadores. O chute saiu espantosamente forte, descreveu uma parábola e suplantou o excelente goleiro Antônio José que, sem esperar pelo imprevisto tiro, estava postado adiantado à sua trave. O esforço desesperado do goleiro foi em vão e a bola, desferida por Bagadão, estufou as redes do Riachuelo. A torcida americana, por décimos de segundos, permaneceu calada até perceber a alegre realidade e, só então, explodiu com o brado de gol.
Praticamente não houve mais futebol a partir daí. O Riachuelo abalado não conseguiu tempo suficiente para se refazer. O time do América cozinhava a partida, através de diversos artifícios e a torcida alertava, sem cansar, ao juiz que o jogo já tinha acabado. O apito final "fechou as cortinas" de um espetáculo dramático e deixou um legado de um título obtido por um gol inesperado, sem lógica, nascido pelos pés de um jogador que sempre vestiu com amor e raça a camisa do América.
Uma nota recordativa final que exemplifica bem o estilo de vida de nossa cidade, naquela época. Ao final da partida, antes da festa na sede do América, parte da torcida e alguns jogadores foram a pé até o centro da cidade, na praça Padre João Maria, agradecer, ao Santo de Natal, a vitória conquistada.

Quinta Parte: Entrega de Faixas
A tradicional entrega de faixas para o time do América, campeão de 1967, ocorreu no início de 1968, 11 de fevereiro, em um jogo amistoso com o Fluminense do Rio de Janeiro.
Foi um espetáculo, para mim, duplamente emocionante. Primeiro pela justa comemoração do América e, para complementar, eu tive a oportunidade de ver o meu time carioca de coração e alguns ídolos como Altair, Denílson, Samarone e Amoroso. Na sexta feira, antes do jogo do domingo, o Fluminense fez um treino, de portões abertos, no Juvenal Lamartine. Depois do rápido exercício físico e bate-bola, podemos entrar no campo e ver, de perto, jogadores que víamos, apenas, em videoteipes na televisão, nos rápidos "jornais" que antecediam os filmes nos cinemas e nas páginas da imprensa especializada, especialmente a "Revista dos Esportes".
Antes do tricolor carioca, eu só tinha visto uma equipe do sul do país, o Bonsucesso, que numa excursão por Natal atuou contra os nossos três maiores times, América, Alecrim e ABC. Assisti o jogo contra o América, empate de 1 x 1, com um golaço de Pancinha. O Bonsucesso tinha um bom time, com destaque para Paulo Lumumba e Albérico na defesa; Ivo no meio de campo e o ataque formado por Gilbert, Gibira, Enos e Valdir.
O jogo das entregas de faixas começou bem disputado, com o América dando impressão que poderia fazer bonito diante de um time grande carioca. O Fluminense, entretanto, aos poucos foi, sem forçar, ditando o ritmo da partida e, aproveitando uma tarde insegura do goleiro Dedé, foi assinalando os gols que resultaram no placar de 3 x 0 a seu favor. Apesar da derrota, a atuação de Pancinha foi destacada e que motivou, mais adiante, em um convite para testes nas Laranjeiras.
O Jornal do Brasil de 13 de fevereiro de 1968, numa pequena nota,registrava os seguintes comentários sobre o espetáculo:
"... Cumprindo a sua melhor atuação desde que iniciou a excursão, o Fluminense derrotou o América de Natal por 3 x 0, gols de Oliveira (penalti), Amoroso e Samarone, numa partida que rendeu aproximadamente NCR$ 16 mil e que serviu para os campeões de Natal recebessem as suas faixas dos jogadores cariocas.
O Flu jogou com Márcio, Oliveira, Valtinho, Altair (Valdez) e Bauer (Francisco); Denilson (Suigue) e Cabralzinho (Santana); Wilton, Samarone (Cláudio), Amoroso e Lula (Gilson Nunes).
Seus melhores jogadores na partida foram Altair, Denilson e Cabralzinho, mas Amoroso, embora marcasse um gol, perdeu várias oportunidades de aumentar o marcador

Cacá Medeiros Filho, 2013


Biografia:
Nascido em 1955. Potiguar com experiência profissional principalmente na Amazônia.
Número de vezes que este texto foi lido: 52809


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas ANDANDO EM CÍRCULOS OU A VISITA 2 - Crônica Amazônica Carlos Augusto de Medeiros Filho
Crônicas Baixa a Mão Carlos Augusto de Medeiros Filho
Crônicas JOÃO MARIA: UM NOME POTIGUAR Carlos Augusto de Medeiros Filho
Crônicas PRIMEIRO TÍTULO E O GOL IMPROVÁVEL Carlos Augusto de Medeiros Filho
Crônicas A Visita Carlos Augusto de Medeiros Filho


Publicações de número 1 até 5 de um total de 5.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68973 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57895 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56715 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55793 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55045 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54959 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54840 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54832 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54737 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54712 Visitas

Páginas: Próxima Última