Se Deus me fez para sentir amor,
quem foi que inventou a dor
de perder o coração por aí,
de sangrar e chorar sem rir?
Se aprendi o valor do sentimento
quem o fez valer nada, quase vento,
moeda de troca num balcão de penhores,
repleto de bijuterias, falsos valores?
Se um dia foi tão bom que não esqueci,
quem foi que roubou o jeito dele rir,
meu coração que acreditou na eternidade
e agora sabe que tudo passa, debalde?
Se amar for ganhar e perder
e perder e ganhar e de novo não ter
o direito de ficar amando para sempre,
me diga agora, não me negue a resposta:
será que é assim com o coração de toda a gente,
mesmo que se goste de gostar de quem não gosta?
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