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posso encontrar na luta
as vidas que já morri.
todas elas,
só resta pra mim, a minha,
que sempre será
o não do agora,
do ontem,
do amanhã,
- que nunca vivi -.
posso caminhar na orla
da linha traçada por ti
e viver sempre na reborba,
no limbo do sol,
da lua,
- o que já sofri -.
posso ser porto de solitários,
- onde a nau do rei
jamais atracará -,
terra deserta ou charco,
que inunda a alma,
e, que o pé nunca pisará.
posso não ser mais,
do filho a mãe
ou mesmo o pai,
ou quem sabe o irmão,
talvez seja o primo,
ou nem esse, talvez...
posso sempre ser contra,
andar de ré,
ao contrário do tempo,
da ampulheta.
posso ser só o sentir
do desejo de outros,
que não sabem para o que vem.
posso ser tudo e não ser nada.
representar a morte,
a mulher errada,
a lua embrumada,
o sol morrendo,
ou então a terra
na lama naufragada,
mas posso também,
e, sei que posso,
voltar no tempo,
na surdez do vento
e buscar no espaço,
minhas cores,
que ali perdi...
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