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Falando o que sente
Maria

Enfim, vou dizer, vou dizer, o que é que me atormenta, me machuca e que não quer calar dentro de mim.
As palavras. As palavras que ferem, que queimam, que cravam flechas de morte em nosso coração.
E alguém já me disse, as palavras tem muito poder. Elas podem destruir, construir. Podem ferir e trazer a tristeza, como podem também transbordar o nosso dia de alegria.
E são elas, as palavras que não saem de minha mente. Estão aí, borbulhando, atrapalhando, dilacerando o coração. Por mais que queira, por mais que lute, as palavras, as benditas, malditas palavras, vem como avalanche e derrubam a segurança, a confiança, enchem de medo e tristeza.
Você acha que tudo o que falou foi dito para outra pessoa e tudo o que ouviu de alguém, também veio de outra pessoa.
Como se você conversasse com alguém e essa pessoa te dissesse:
- Espera, já volto.
E então fosse no muro do vizinho e dissesse a ele o que você disse e trouxesse a resposta de volta.
Essa sensação de não ser dois, mas três, quatro, uma multidão. Você já sentiu isso?
E ouvir alguém dizer que você mentiu, que você vai descobrir a verdade tarde e que perdeu seu valioso tempo é muito, muito dolorido.
E é isso o que mais machuca. Isso é o que mais dói.
E todo esse tempo, tento passar por cima, tento esquecer e luto para viver, mas não consigo, fecho os olhos e lá vem elas, como lâmina, como adaga, como arma que fere de morte.
O veneno das palavras mata a alma já tão cansada, exaurida de sofrer. Essas palavras, junto com o silêncio, com o apagar da história, calaram fundo em meu coração e não consigo esquecer, não consigo vencer, não consigo suportar...
É isso que me magoa, me feriu demais e que não consigo suportar.
E por isso pensei em desistir de TUDO, TUDO...

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