Toda vez que o amor vai-se embora
vem de mansinho algo que se arrasta
como fosse um relógio de quebradas horas,
ou então, de tanto usadas, tão gastas...
O silêncio, que vivia por detrás da porta,
põe-se, vasto, no centro da sala do coração,
abre-se em suas mil e uma comportas,
derrama sobre o tapete o sumo da solidão...
Quem foi e não voltará atrás
nem imagina que pintura tosca
faz-se com um só barco no cais...
Erguer-se no meio da multidão
de sensações ocas
é o que faz quem à míngua viverá, então...
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