Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Procuram-se amoladores XLIX
Pandora Agabo

— Professor, posso ir ao banheiro?

— Já terminou seu exercício?

— To terminando.

— Lúcia...

— É sério, to quase terminando. Faltam só três itens. Deixa eu ir lá, rapidão.

— Ta. Mas bem rapidão mesmo, que eu só vou dar o visto hoje!

— Beleza.

Perfeito.

— Professor, posso ir ao banheiro?

— Todo mundo que ir ao banheiro agora?... Terminou seu exercício?

— Terminei. Ta na minha mesa.

— Trás o caderno aqui, oras.

— É que... Eu to com uns probleminhas "femininos". Deixa eu ir agora, professor? Por favor!

__ Ai... Ta bom, ta bom... Ei! Sem correr!

Sinto muito, professor, mas eu tenho que correr. Ou eu corro ou eu perco a minha oportunidade.

                     ***

— Agora é assim? Você que vai ficar me seguindo?

— Sim Lúcia, agora é assim. - com a necessaire sobre a pia vai ficar mais fácil.

— Fale por você, porque eu já ta cansada disso...

— Jura?

— Por que a porta ta trancada? Foi você que...? Como você fez isso?

— Impressão minha ou isso é medo na sua voz?

— Medo de você, Bárbara? Por favor! Agora abre a droga dessa porta ou eu vou gritar.

— Não gaste sua voz irritante à toa. Se for pra gritar, grite com motivo.

Agora.

— B-Bárb-Bar... Bárbara...! O que... O que você quer...? Abaixa essa faca, eu não...

— Ah, pelo visto você tem trauma de faca né? Olha só como é a vida!

— B-Bárbara, não...

— Mas será que isso é trauma mesmo? Ou é plena consciência do mal que essa coisinha pode fazer?

— D-do... D-do que você ta...?

— Falando? Bom, eu tenho uma teoria e eu quero muito que você me diga se eu estou certa.

— Que teoria? Do que você ta falando? Bárbara, por favor, abaixa isso!

— Foi você que matou o Alexandre, não foi?

— ...

— E fez todo mundo acreditar que ele tinha se suicidado pela culpa de ter machucado a gente. Num foi?

— Bárbara, não faça nenhuma bobagem, eu...

Droga, quem é que ta tentando abrir à porta?

— Ta congestionado, vai no do andar de cima! - é realmente prazeroso ter a Lúcia em minhas mãos desse jeito. É muito, muito bom ver o medo nos olhos dela.

— Bárbara, por favor, não cometa nenhuma loucura! As coisas não foram assim...

— Ah não? E quem me garante? Você não mentiu da outra vez? Por que não mentiria agora?... E faz tanto o seu tipo fazer uns cortes inofensivos no rosto e nos braços depois de ter esfaqueado o Alexandre...

— Bárbara...

— Vamos recapitular comigo: depois de você ter me causado um traumatismo craniano com aquela cadeira, o Alexandre entrou no quarto pra ver o que tava acontecendo...

— Você sabe o que aconteceu. Te contaram tudo depois que você acordou, não se lembra? Para com isso, Bárbara!

— Mas essa parte não tem em lugar nenhum. Até porque, o que me contaram é que foi o Alexandre que me deixou inconsciente. E isso não é verdade. Nós duas sabemos!

— ...

— Isso. Nós duas sabemos. O que eu não entendo é o porquê de ele ter se matado, sendo que os ferimentos que ele te causou foram tão superficiais.

— Ele não se matou por minha causa...

— Cala essa sua boca, sua desgraçada! Olha só como você é baixa e capaz de dizer qualquer coisa pra se safar! Não seria a primeira vez, a propósito. E qual foi a sua versão, hein? Que ele te esfaqueou, se deu conta do que fez e se esfaqueou em seguida? Você fingiu que tava morta, esperou que ele morresse e, por sorte, ele fez tudo isso com a porta aberta, daí você pôde, finalmente, correr atrás de socorro? Você acha mesmo que eu sou idiota a ponto de não ser capaz de juntar os fatos?

— Bárbara, eu juro...

— Não jure. Eu sei muito bem o que você fez. Eu sei! E eu sei o que você ta fazendo agora. E não se preocupe, porque eu também vou deixar você sabendo o que eu fiz.

                      ***

— Abra essa porta! Abra! Vamos, abra!

Eu não preciso me esconder. Fiz o que fiz e foi com muito orgulho.

— Bárbara, o que você ta fazendo com essa...?

— Chamem a ambulância se querem que ela sobreviva. Ela ta perdendo sangue.


Este texto é administrado por: Sabrina Queiroz
Número de vezes que este texto foi lido: 61671


Outros títulos do mesmo autor

Romance Procuram-se amoladores XLVIII Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLVII Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLVI Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLV Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLIV Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLIII Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLII Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XLI Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XL Pandora Agabo
Romance Procuram-se amoladores XXXIX Pandora Agabo

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 83.


escrita@komedi.com.br © 2025
 
  Textos mais lidos
Resumo - Direito da Criança e do Adolescente - Isadora Welzel 62782 Visitas
A SEMIOSE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE - ELVAIR GROSSI 62757 Visitas
O pseudodemocrático prêmio literário Portugal Telecom - R.Roldan-Roldan 62725 Visitas
A Aia - Eça de Queiroz 62706 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 62698 Visitas
O Senhor dos Sonhos - Sérgio Vale 62626 Visitas
Minha Amiga Ana - J. Miguel 62610 Visitas
Mistério - Flávio Villa-Lobos 62598 Visitas
Legibilidade (Configurando) - Luiz Paulo Santana 62591 Visitas
Hoje - Waly Salomão (in memorian) 62583 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última