Deslizo meu espírito
para as profundezas
das águas escuras
do tempo de hoje.
E lá, permaneço
contemplando o horizonte
que se apresenta.
Aparentemente sem possibilidades,
devido ao silêncio
de três séculos do alvorecer
de um novo dia.
Ficar aqui na escuridão
destas águas,
na espera constante
de que a luz do sol
alcance estas profundezas
e ilumine minha alma,
deixa-me sonolenta de vida
e prostra-me ao chão
extenuada.
Extenuada da espera
pela aurora esplendorosa,
e de lutar diariamente
contra a força avassaladora
dos próprios sentimentos
que tomam conta da alma,
do espírito, e jogam o corpo
num fogaréu inapagável.
Onde buscar alívio e alento
senão na espera
que já me consome a alma
sem dó, nem piedade?
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