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A longa estrada da vida.
Murilo Gonçalves Rodrigues

Vagar nas estradas maciças cortando horizontes com o sibilar dos pneus, esperar em vão o grande momento em que outro veículo pousará em meu retrovisor, mostrando meu passado, adiantando-me um futuro vazio. Não olho a quilometragem, apenas desfruto das paisagens, tais quais não sei como se formaram, apenas sei que elas estão aqui para marcar o meu passado.
     Ainda não me deparei com o real motivo de ter saído de minha terra interiorana, apenas entendi o sentido de ter largado tudo por absolutamente nada. Minh’alma virou pó, o pó virou consequencia do abandono. Acho que estou perdido em algum lugarzinho do mundo, todavia isso não vem ao caso, o que realmente importa é que eu ainda mantenho vivo e peregrinando sem fim para o Norte incansável. Viver já não bacana quanto na semana passada, minha fé é apenas um montinho de areia esperando o vento destilá-la, meu destino ainda é cabível de morte. Sou poeira das estrelas, por isso não estou no universo, faço parte dele; o meu mundo é fechado, sem faróis, sem transito, sem nada além do meu volante e minha estrada.
     Décadas se passaram, e concretizaram a minha ideologia de que o tempo é relativo e sugestivo de acordo com as atitudes tomadas por boçais que consequentemente cruzarei em alguma travessa perdida no mapa. Larguei viadutos; me perdi em vias de mãos dupla; ultrapassei o limite da velocidade em que vivo, para que no fim, o arrependimento não assole meu coração. Meu destino não depende de mim, ele apenas ficou traçado, como uma nova rodovia intransitável, não espere de mim muitas coisas, ando em marcha lenta para deslumbrar a beleza dos faróis que iluminam o espaço. De todos os anos infernais que vivi, de todas as pessoas que vi morrem na estrada; entendi que o mundo não da voltas, ele empaca para ver nosso fracasso se tornar iminente.
     Hoje eu considero minha alma morta, mas meu corpo bastante vivo e mantendo a peregrinação, temo o dia em que meu sonho se realize, pois quando tal acontecimento se tornar memorável eu não terei nenhum objetivo se quer, e isso é o maior temor que um caminhoneiro pode ter, viver sem destino, existir sem estrada para seguir...


Biografia:
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Outros títulos do mesmo autor

Contos Que sibilem as cordas do violino Murilo Gonçalves Rodrigues
Contos A longa estrada da vida. Murilo Gonçalves Rodrigues


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