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Noite Fria
Willyans Mendes Alves

Noite fria.
Calçadas vazias.
Eu andava por ali.Sorria.
Algumas almas vazias também estavam por ali.
Pareciam lúcidas.Todos sempre parecem mais lúcidos que eu.
Mas nunca, mais vivos.
Eu me sentia feliz.Um velho feliz.
Um pouco bêbado demais, um pouco sorridente demais.
Olhava de relance alguns daqueles rostos.
Silencio.
As vezes todos parecem inúteis.
As vezes eu estava errado.
Andei mais um pouco.
Comecei a cantar, me sentia bem.
Enxerguei umas luzes fortes, algumas ruas a frente.
Continuei andando.
Música alta.
Uma multidão.
Mulheres sem classe.
Garotos por todos os lados.
Falsos bebados.
Eu odeio o jogo social.
As bajulações.
O cortejo.
Não importa o que digam,não importa o que façam.
Tudo parece um grande desperdício.
Caminhei entre eles.
Ganhei alguns sorrisos.
Devolvi indiferença.
Uma geração jogada no lixo.
Eles estão nas fabricas, nas lojas, no comércio, no governo.
Eles estão ali.
Dançam,sorriem,bebem,amam,odeiam.
Se beijam.
Me afasto.
As luzes ficam para trás.
Eu só quero chegar em casa.
Sigo pela rua, cambaleando, me precipitando.
Ainda cantando.
Chego.
Abro um vinho.
Bebo.
Me sinto sozinho.
Ainda é cedo.
Ainda sinto o medo.
Escrevo…


Biografia:
Escrevo para sentir doer. Para o amor, prefiro viver.
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