“20 Chamou Adão à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.
21 E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu.
22 Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente.
23 O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado.
24 E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.” (Gên 3.20-24)
O jardim do Éden simbolizava o céu na terra; e assim, em razão do pecado, o homem não poderia permanecer no Éden, porque ninguém pode permanecer em pecado no céu.
Isto é claramente ensinado aqui, em figura. Então o homem foi expulso do Éden, e querubins, que são guardiões da santidade de Deus foram colocados à entrada do jardim, para que o homem soubesse que ele não pode estar no local da habitação de Deus, enquanto estiver sob o pecado.
Mas a redenção, que é segundo a fé, e com base na misericórdia e graça de Deus, pode dar ao homem caído a oportunidade de ser restaurado, e habilitado a retornar ao paraíso, isto é, ao local da habitação do homem, que é também a morada de Deus. E o modo de se ter isto, está ensinado de forma compactada em Gên 3.20,21.
Jesus prometeu ao ladrão na cruz, que havia se arrependido, que o conduziria ao paraíso.
E aqui nesta passagem de Gênesis é provável e quase certo que nós tenhamos a primeira revelação da promessa do evangelho em ação, salvando pela fé a Adão, que recebeu, depois deste posicionamento de fé, uma cobertura adequada para a sua nudez física, preparada não por ele e nem por Eva, mas pelo próprio Deus, que fez túnicas de peles para ambos, que exigiu o sacrifício de animais, e consequentemente derramamento de sangue.
Um ato de fé em Deus fez com que fossem cobertos com a justiça de Cristo, que seria a única vestimenta apropriada para cobrir de justiça a todos os que nele creem, desde que o pecado entrou no mundo.
E nós temos no versículo 20, anterior ao que fala da cobertura com as túnicas de peles (v.21), uma possível evidência do porque ter Deus preparado uma tal vestimenta que, diga-se de passagem foi aceita por Adão e por Eva, pois, se estivessem do lado da serpente, lhe dando crédito na mentira que havia proferido, eles se apresentariam em rebelião contra Deus.
Eles estavam debaixo do pecado, sentindo as consequências e influências do pecado, como qualquer pessoa depois deles, mas haviam provavelmente se reconciliado com Deus, pela fé, como se dá com todos os que nEle creem.
Como dissemos, há uma forte evidência para a conversão de Adão, logo posteriormente à queda, uma vez que ele deve ter presenciado e ouvido a maldição contra a serpente, a qual conforme já estudamos antes, afirma que haveria inimizade entre a mulher e a serpente, e entre a descendência da mulher e a da serpente, e que o descendente da mulher lhe esmagaria a cabeça.
Ora, isto, trouxe provavelmente a Adão a fé que salva.
Ele demonstrou ter crido nesta promessa de Deus, e por conseguinte, no próprio Deus, uma vez, que, ato contínuo, deu, o próprio Adão, o nome de Eva à sua mulher.
Até aquele momento ela não tinha um nome próprio específico.
E Adão se sentiu inspirado a lhe dar o nome naquela hora, que é para nós uma forte e provável evidência da sua fé, pois este nome, no hebraico, como está no original, significa “vida”.
Ele creu que haveria vida, porque Deus, apesar de terem sido amaldiçoados, manteve a ordem de que ele e sua esposa fossem fecundos e se multiplicassem; e o melhor de tudo, haveria uma grande oportunidade para eles, de serem inimigos da serpente, e gerar Aquele que viria depois deles, como descendente de Eva, para esmagar a cabeça da serpente.
Isto é maravilhoso, não é verdade?
Adão que tinha amizade com Deus no Éden, antes da queda, não tinha, no entanto, fé em Deus, tanto que não deu crédito a Deus e confiou nas palavras da serpente.
Mas, agora, apesar de pecador, tendo quebrado aquela perfeição de comunhão, por causa do pecado, ele expressa fé em Deus, e naquilo que ainda não era visível e concretizado.
Ele creu na promessa de Deus, e colocou o nome de “Vida” em sua esposa.
Ele não era pai de ninguém, e nem Eva era mãe de ninguém, até aquele momento, e Adão creu em Deus e na Sua palavra.
E a fé é por isso, o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem (Hb 11.1), e quanto à importância da fé, Jesus disse diante da incredulidade de Tomé que felizes são os que não viram e creram.
Por isso sem fé é impossível agradar a Deus.
É também por isso que se declara que é por meio da fé que vive o justo.
A vida eterna é por fé, porque é somente por ela que podemos expressar a nossa confiança em Deus.
Confiança plena no Seu caráter, naquilo que Ele é.
Plena certeza na Sua fidelidade, especialmente para cumprir Suas promessas.
Neste texto de Gênesis 3.20-24 estão resumidos os componentes necessários para a salvação. Aqui é apresentada a teologia da redenção, tanto pelo lado do homem, quanto pelo lado de Deus.
Do lado do homem, são apresentados fé e arrependimento.
E do lado de Deus é apresentada substituição.
O homem crê com um coração penitente, e Deus provê substituição para o pecador crer na eternidade.
A salvação dos pecadores, a libertação deles do pecado, sempre foi por fé e arrependimento; e por substituição e pelo poder de Deus para nos justificar e nos afiançar a vida eterna.
A substituição aqui referida é a de que Deus provê um substituto para cobrir o nosso pecado.
Os animais que foram sacrificados para cobrir a nudez de Adão e Eva, tipificavam o sacrifício de Jesus que foi sacrificado para cobrir o nosso pecado.
Assim, a salvação do lado do homem requer fé. Mas do lado de Deus, requer substituição para satisfação da Sua justiça e santidade.
O versículo 21 diz que Deus fez túnicas de peles para Adão e Eva e os vestiu com elas. Antes de qualquer outro comentário queremos deixar destacado o fato de que a Bíblia diz que foi Deus mesmo quem os vestiu.
Ele não somente fez as túnicas como também os vestiu.
O que eles fizeram foi somente aceitar aquilo que Deus tinha preparado para eles.
Deus já preparou para nós uma vestimenta de justiça apropriada para cobrir o nosso pecado: a justificação que é por meio da fé em Jesus.
Adão e Eva não tiveram que pagar pela veste que Deus fez para cobri-los.
De igual modo a justiça de Jesus para todo pecador que nEle creia é também pela graça de Deus.
O pecador não tem nada que fazer senão somente aceitar a justiça que lhe está sendo oferecida gratuitamente por Deus.
E será o próprio Deus, pelo Seu poder, que justificará e salvará o pecador. Este, tão somente deve aceitar aquilo que Deus já preparou para ele.
E aqui nós temos então novamente a iniciativa soberana de Deus, dantes buscando o homem perdido no jardim, e agora preparando uma vestimenta de peles para Adão e Eva, e os vestindo.
Eles não haviam pedido isto, e nem sequer sabiam que era possível fazer uma vestimenta mais apropriada com peles de animais do que com folhas de figueira.
Eles não participaram disto.
Deus fez tudo sozinho. Assim são os meios de salvação.
Jesus consumou a Sua obra sozinho, sem qualquer participação do homem, quanto aos meios que são necessários para livrá-lo do pecado e torná-lo um filho de Deus. Ele agiu em graça para com o pecador. Por detrás da substituição que redime o homem da escravidão do pecado, está a graça. E por isso ninguém pode ter a salvação a não ser exclusivamente pela graça de Deus.
Não falei no início, no texto sobre Como o Mal Entrou no Mundo, que não é história da carochinha, mas a nossa própria história contada? Porque afinal herdamos daquele primeiro casal tudo o que somos em relação ao pecado, assim como em Jesus temos herdado tudo o que se refere à santidade e à obediência.
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