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CIDADÃ-BRASILEIRA E MALTRAPILHA
Pedro Luiz Meirelles

CIDADÃ-BRASILEIRA E MALTRAPILHA

Hoje vi maltrapilha e alquebrada
De cócoras sobre a calçada
Uma cidadã-brasileira fazendo suas
Necessidades fisiológicas!
Não era uma defecação ideológica
Tampouco se mostrava de calças arriadas
Por exibicionismo narcisista ou por ser desinibida.

Nada disso cidadãos brasileiros!
Na Avenida Visconde de Guarapuava
Com General Carneiro
Ela prostrava-se tristemente
Uma cidadã-brasileira indigente
Sobrevivendo pelas ruas de Curitiba.

Era um bicho-mulher
Um pássaro de asas quebradas
Parecia parir todos os infames políticos
E avarentos de todas as classes (de alma) – paralíticos,
E riam-se com lascívia os impudicos
As moralistas apiedavam-se e outras ainda
Atropelavam-na com palavrões.

Uma cidadã-brasileira e maltrapilha
Fazendo suas necessidades fisiológicas!
Pensei por instantes: - “Se sua defecação não era ideológica
Por que estou eu a adoçar palavras mal acabadas?”“
Se a realidade é dura como as calçadas
Que por certo ela dorme e se conforma com sua sorte
Convivendo dia após dia com sua diária morte
Maltratando os olhares transeuntes com sua
Dolorosa cagada!

Essa mulher...
Um cão sarnento seria? Um magro gato?
Um boi, um sapo, um asqueroso rato?
Não! Era uma mulher
E não um bicho qualquer.
Era uma cidadã-brasileira e maltrapilha,
Filha desse pérfido sistema político senil.
Essa mulher... Morrendo febril.
Minha mãe, sua mãe, nossa mãe?
Quem sabe a puta que nos pariu?
Sim! Somos todos os filhos da puta!
Há quinhentos anos depredamos
E copulamos com o nobre pau... Brasil!

Ouviram do Ipiranga as margens...

(Do Livro "NO PAÍS DAS SARJETAS" - poesia crítica)

www.pedroluizmeirelles.com.br





Biografia:
Técnico agrícola, poeta e contista. Livros editados: "NO PAÍS DAS SARJETAS" (poesia crítica) e "A MESSE" (Ed.Scorteci-SP)
Número de vezes que este texto foi lido: 59517


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Publicações de número 1 até 3 de um total de 3.


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