Há uma profissão muito especial dentro do quadro das relações de produção e da divisão técnica do trabalho, uma profissão que, por um lado, representa os trabalhadores e luta pela efetivação dos direitos sociais da população, através da formulação, execução e avaliação de políticas públicas, porque acredita na democracia e na cidadania. E por outro, muitas vezes, ainda tem que atuar numa postura mais conservadora porque também se trata de uma classe trabalhadora, portanto subordinada ao capital. Em meio a tal contradição, o Serviço Social Brasileiro, ao comemorar os seus 74 anos de atuação no país, chama a sociedade brasileira para (re)conhecê-lo melhor e conceder-lhe o lugar que é seu por direito: uma das profissões que mais se presta ao estudo científico e ao debate político dos problemas sociais e econômicos deste país.
Em seu início na América Latina, ainda no princípio do século XX, o Serviço Social experimentou um período no qual foi apenas um exercício de filantropia e caridade religiosa, coordenado pela Igreja Católica . Em seguida, ao se disseminar pelo continente através de escolas e faculdades – como um saber complementar principalmente vinculado à saúde e ao trabalho – incorporou um estatuto teórico mais sólido, técnico, de acordo com as necessidades da época. Anos depois, sobretudo no período pós-Segunda Guerra Mundial, sob influências norte-americanas, tornou-se uma profissão diretamente vinculada às correntes científicas, mas ainda distante da realidade material das pessoas. E apenas nas décadas de 1960 e 1970, o Serviço Social Brasileiro fez a sua reforma profissional e a sua ruptura ideológica com todos aqueles ideais das classes dominantes, para abraçar a compreensão de que o destino da humanidade é resultado do modelo econômico e da estrutura material da sociedade, onde são necessárias políticas públicas democráticas para tornar as relações entre os diferentes segmentos sociais mais equitativas. Esta foi a chave explicativa usada pelo Serviço Social para entender e transformar a realidade e é a perspectiva metodológica e ideológica que o orienta.
Os desafios que esta profissão enfrenta não são poucos, assim como é largo o avanço que vem empreendendo na histórica política do Brasil. A partir dos anos 1970 e de seu movimento de reconceituação, como também da promulgação da Constituição Federal de 1988, na qual participou integralmente das lutas populares que a consolidaram, o Serviço Social mudou bastante para agregar cada vez mais segmentos sociais e para se ampliar como um conhecimento técnico que realmente contribui para a nação porque discute com esta, a todo momento, as expressões de seus problemas e de suas demandas. Portanto, a categoria “Assistente Social” é um dos patrimônios brasileiros que deve ser valorizado por toda a sociedade e requisitado a atuar em várias áreas, como: na Assistência Social; na Saúde; na Previdência; na Educação, nas Universidades; nas questões da Criança e do Adolescente, da Juventude, da Mulher, dos Homossexuais, dos Portadores de Necessidades Especiais e dos Idosos; na Geração de Renda; na Habitação; na Indústria e Comércio; na área Rural; na Segurança Pública; na área Militar; na área Jurídica; nos Movimentos Sociais; nas ONGs e Terceiro Setor, enfim, em todos os espaços públicos. Então, brindemos à profissão de Assistente Social! Parabéns!
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